quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

COMO LIDAR COM AS DIFICULDADES DA VIDA


Ao longo da vida somos obrigados a engolir alguns sapos, e depois da conversão a manada de sapos parece aumentar. Quando olhamos para trás vemos que Deus nos queria ali naquele momento e situação, não apenas por causa de nos e de nosso aprendizado, mas talvez principalmente por causa das outras pessoas.

Lembre-se de que ao crer em Jesus nos ficamos numa situação parecida com a dos israelitas depois que cruzaram o Mar Vermelho: caíram em um deserto onde o único alimento com que podiam contar vinha do céu (maná) e a única água era a que saía da Rocha (figura de Cristo).

A insegurança nas coisas deste mundo (profissão, família, estudos etc.) pode até aumentar, mas é importante lembrar sempre que o cristão tem um destino eterno assegurado, e o mundo não. Quando cremos na nossa inclusão na morte e ressurreição juntamente com Cristo e que fomos perdoados de todos os nossos pecados e feitos aptos a estar na glória com Cristo. Não há posição mais privilegiada do que essa.

A maioria das pessoas com quem interagimos em nosso dia a dia ainda está em trevas, lutando para sobreviver neste mundo porque é tudo o que elas têm. Não há qualquer lampejo de esperança ou livramento para elas e a vida é como uma contagem regressiva para o desconhecido. O medo da morte e do além as assola o tempo todo e procuram encobrir isso com ações de coragem, auto-estima, inflando o ego, apegando-se às coisas materiais ou então partindo para religiões baseadas em sacrifícios e boas obras, que possam lhes dar qualquer sensação de que suas vidas não estão sendo em vão.

Olhe ao seu redor. Quantas pessoas você acha que compartilham da mesma certeza de vida eterna que você? Quantas podem dizer com certeza que se partirem deste mundo estarão imediatamente com Cristo na eternidade? Isto nos dá uma intrepidez que vai muito além da intrepidez que nos falta para lidarmos com as dificuldades de nossa vida aqui. O incrédulo precisa se agarrar com unhas e dentes ao trabalho e às suas metas passageiras como carreira, dinheiro, sucesso etc. Ele precisa de auto afirmação para se agarrar em algo, já que não tem a Cristo. Nós já temos a promessa de vitória em Cristo e um lar reservado no céu.

Enquanto isso, Deus nos deixa aqui tanto para aprendermos mais do quanto precisamos dEle e do Seu cuidado, como também para servirmos de testemunho para as pessoas que nos cercam (nem sempre pessoas agradáveis).

Quando sentir-se inseguro, vacilante e com medo, olhe para Cristo, não para si mesmo. Se olhar para si mesmo irá desanimar. Se olhar para os outros irá decepcionar. Se olhar para a circunstancia irá se angustiar. Se olhar para Cristo estará olhando para a ROCHA inabalável. É nEle que encontramos segurança, paz e esperança.

Apesar de suas dificuldades, incertezas, fraquezas etc. certamente você não passou pelo que passou Jó. Seria interessante ler o livro de Jó, tendo em mente que ele passou por tudo aquilo sem ter lido os capítulos 1 e 2 de sua história, aqueles que se passam no céu e mostram a origem de seus sofrimentos. Jó só descobriu o que se passou no céu quando chegou lá, não antes.
Lembre-se de que, assim como Jó, vemos apenas parte de um processo. Além de não saber da conversa entre Deus e Satanás, que precedeu seu período de tribulação, Jó não era capaz de enxergar o que Deus tinha preparado para ele no final. Por isso desanimamos também, por não sabermos dos planos eternos de Deus, das razões das coisas etc. e por ficarmos concentrados em um ou dois ingredientes de nosso sofrimento.

Farinha de trigo, óleo, sal e fermento são intragáveis ao paladar, mas quando colocados juntos, batidos, amassados e colocados no fogo, dão um delicioso pão. Assim é com os "ingredientes" de nossa vida aqui. São intragáveis quando engolidos separados, mas no final encontraremos o verdadeiro sabor que Deus tinha reservado para nós.

Rom 8:31 Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
Rom 8:32 Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?
Rom 8:33 Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.
Rom 8:34 Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós.
Rom 8:35 Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?
Rom 8:36 Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro.
Rom 8:37 Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.
Rom 8:38 Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir,
Rom 8:39 Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.
Heb 12:1 Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta,
Heb 12:2 Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.
Heb 12:3 Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos.
1Pe 1:6 ... ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações,
1Pe 1:7 Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo;
1Pe 1:8 Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso;
1Pe 1:9 Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

HOMEM: A MORADA DE DEUS

No profundo interior de cada homem há um lugar sagrado e privado onde habita a misteriosa essência de seu ser. Este profundo lugar é, na realidade, uma parte no homem sem referência a qualquer outra parte da complexa natureza do homem. Ela é o "Eu Sou" do homem, um dom do EU SOU que o criou.

O EU SOU que é Deus não é derivado de ninguém e é auto-existente; o "Eu Sou" que é homem é derivado de Deus e dependente cada momento de Seu criativo fiat para continuação de sua existência. Um é o Criador, Altíssimo sobre todos, ancião de dias, habitando na inacessível luz. O outro é uma criatura e apesar de ser mais privilegiado do que outras, ainda é apenas uma criatura, um pensionista da generosidade de Deus e um suplicante diante de Seu trono.

O profundo na entidade humana do qual falamos é chamado nas Escrituras de o espírito do homem. "Pois, qual dos homens entende as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está? assim também as coisas de Deus, ninguém as compreendeu, senão o Espírito de Deus" (1 Coríntios 2:11). Como o autoconhecimento de Deus repousa no eterno Espírito, assim também o autoconhecimento do homem é por seu próprio espírito, e seu conhecimento de Deus é pela direta impressão do Espírito de Deus sobre o espírito do homem.

A importância de tudo isto não pode ser superestimada à medida que pensamos, estudamos e oramos. Ela revela a essencial espiritualidade da humanidade. Ela nega que o homem é uma criatura que possui um espírito e declara que ele é um espírito que tem um corpo. O que o faz ser um ser humano não é seu corpo, mas seu espírito, no qual a imagem de Deus originalmente repousa.

Uma das declarações mais libertadoras no Novo Testamento é esta: "Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade". (João 4:23, 24) . Aqui a natureza da adoração é mostrada sendo completamente espiritual. A verdadeira religião é despojada de dieta e dias, de vestuários e cerimônias, e posta onde ela começa - na união do espírito do homem com o Espírito de Deus,

Do ponto de vista do homem a perca mais trágica na Queda foi a desocupação deste santuário interno pelo Espírito de Deus. No remoto - no oculto centro do ser do homem há uma sarça adaptada para ser a morada do Deus Triuno. Ali Deus planejou descansar e arder com fogo espiritual e moral. O homem por seu pecado perdeu este indescritível privilégio e deve agora habitar sozinho ali. Tão intimamente privado é o lugar que nenhuma criatura pode penetrar; ninguém pode entrar, exceto Cristo; e Ele entrará somente por um convite da fé. "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo" (Apocalipse 3:20).

Pela operação misteriosa do Espírito no novo nascimento, o que é chamado por Pedro de "natureza divina" entra no profundo - no centro do coração do crente e estabelece morada ali. "Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele", porque "o Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus" (Romanos 8:9,16). Tal é um verdadeiro Cristão, e somente tal é. Batismo, confirmação, o recebimento dos sacramentos, membresia de igrejas - estes não significam nada, a menos que o supremo ato de Deus na regeneração também ocorra. As exterioridades religiosas podem ter um significado para a alma habitada por Deus; para quaisquer outros elas não são somente inúteis, mas podem realmente se tornar armadilhas, ludibriando-os a um falso e perigoso senso de segurança.

"Guarda com toda a diligência o teu coração" é mais do que um sábio provérbio; ele é uma solene ordenação posta sobre nós por Aquele que mais se importa conosco. Para isto nós devemos dar a mais diligente atenção a fim de que não tropecemos a qualquer hora. A.W Tozer

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A SUBSTITUIÇÃO DA VIDA

Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida. 1 João 5:12.

Todos nós nascemos com uma vida contaminada pelo pecado e imprópria para a santificação, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, Romanos 3:23.
O pecado é antes de tudo a incredulidade diante da pessoa de Cristo Jesus. Somos uma raça incrédula por natureza. O principal trabalho do Espírito Santo no mundo é nos convencer do pecado. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; João 16:8-9.
Pecado é a descrença que nos separa da glória de Deus e nos faz apagados à nossa própria glória. O pecador é um aventureiro investindo com garra em sua glorificação pessoal através de sua ascensão em busca dos píncaros da fama e celebridade.
A vida do pós-Éden encontra-se impossibilitada de fazer parte nas relações dos membros efetivos da família de Aba, em razão desta necessidade de grandeza e reconhe-cimento. O ego acha-se inflamado e obeso. É gordo e dorido. Magoa-se por qualquer coisa em que é contrariado e gosta de exibir o seu desempenho como troféu de conquista e aceitação. A vida egoísta é contrária à vida de santidade espiritual.
Há muita gente que tem uma vida justa perante a lei, mas é descrente em relação à pessoa de Cristo. Tem uma vida honesta e digna de admiração humana, embora cética e sem valor espiritual diante de Deus. É a vida de Adão poluída pelo pecado que não será admitida no Reino de Deus, sem que seja substituída pela vida da ressurreição.
A vida adâmica não tem concerto. Ela é egoísta até a medula. O homem natural só pensa em si, mesmo quando está fazendo o bem para os outros. A bondade humana é interesseira, exigindo reconhecimento na linha de frente, até nas entrelinhas. Por traz das realizações filantrópicas residem os desejos de consideração, prestígio e notabilidade.
O egoísmo é a marca registrada da vida do velho Adão. Inclusive a sua espirituali-dade vem sempre configurada em egolatria por todos os seus estilos santificados em vitri-ne alumiada e demonstrados em passarela fantasiosa. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. Lucas 18:11-12.
O ego com o seu egoísmo são imprestáveis para o Reino de Deus. A vida egoísta é uma existência sem futuro e deve ser substituída pela Vida eterna do próprio Deus. O novo nascimento envolve a troca da vida egoísta de Adão pela vida ressurreta de Cristo.
Esta vida não tem direitos humanos. Não faz parte de sindicato. Não se ensober-bece com seu crescimento em santidade, nem se sente ferida com o ostracismo e o desca-so que lhe são impostos. É vida de liberdade e de libertação.
O homem velho tem que morrer. Não há remédio que cure, nem ensino que e-duque esta natureza rebelde do pecado. Cristo se encarnou no Jesus histórico para poder crucificar a vida de Adão que nós herdamos como raça, a fim de nos dar, em seguida, a nova vida da ressurreição, a vida eterna, mediante a fé na sua pessoa e obra.
Sem a substituição da vida de Adão pela Vida de Cristo não há salvação. É verda-de que a velha criatura pode fingir ser uma nova criatura. Uma das características do ve-lho homem é a mentira, o engano, a trapaça. Sendo assim, a hipocrisia é a túnica colo-rida que a casta adâmica usa, tentando se travestir de nova criatura.
Segundo Jesus, a religião dos descendentes de Adão só se preocupa com a aparên-cia. É uma existência de casca ou fachada. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, por-que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interi-ormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Mateus 23:27.
Ser um religioso adâmico é fantasiar-se de santinho do pau oco, usando uma más-cara insuspeita de requintada idealização, para tentar ser aceito. Com este mito de que a realidade se encontra no brilho do verniz, a pseudo-santidade é praticada no muque e a sofisticação desta alegoria, bagunça a celebração e o contentamento no íntimo. O des-crente fantasiado de crente é uma burla cruel e uma esquizofrenia alucinante.
A vida criada, mas contaminada pelo pecado, tornou-se inadequada para a com-posição da família de Deus. Por mais educados ou por mais religiosos que sejamos fica impossível ter uma existência de filhos de Aba transportando a vida psicológica de Adão. A alma egoísta tem que morrer. A alma que pecar, essa morrerá. Ezequiel 18:20 a.
A vida da alma descendente de Adão foi criada, é humana e encontra-se contami-nada pelo pecado da incredulidade ou egoísmo. Não há salvação para o ego e seu egoís-mo. Esta vida do egoísmo tem que morrer, pois é imprestável para a condição essencial de filhos de Deus. A vida da alma tem que ser, necessariamente, substituída pela Vida ressurreta, espiritual e eterna do Filho de Deus. Caso contrário, está tudo perdido.
Aba só tratou com dois homens aqui na terra. O primeiro Adão e o último Adão. O primeiro, no Éden, e o último, no Calvário. Do primeiro, herdamos, naturalmente, a vida da alma infectada pelo pecado. Somos interesseiros. Do último, herdamos, pela fé, a Vida espiritual do Seu Filho trazida da sepultura, para nos tornar filhos de Deus. Esta é a vida que nos salva eternamente. Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante. 1 Coríntios 15:45.
Cristo teve que se encarnar na raça de Adão, a fim de morrer como o último A-dão, isto é, como o derradeiro da raça adâmica e ressuscitar como o segundo homem, cabeça da nova criação, para nos levar a morrer e ressuscitar juntamente com ele, e, deste modo, substituir a vida da alma adâmica pela sua Vida eterna. Ego morto, ego deposto.
Sem a troca da vida da alma pela Vida que vivifica o espírito, não há regeneração. Ninguém pode se tornar filho de Deus trazendo a vida de Adão. A vida egoísta é inconci-liável com a realidade espiritual da família de Deus.
Entre o primeiro Adão e o último Adão tem a morte da cruz compartilhada como o marco que sinaliza o término da vida psique da raça adâmica. Entre o último Adão e o segundo homem há a ressurreição de Cristo como a garantia da substituição da vida psi-que pela Vida zoe que nos torna novas criaturas. Isto não significa ser membro de igreja.
A vida psicológica descendente de Adão não tem evolução espiritual. Ela pode se tornar uma existência educada, treinada pela religião, rica em conhecimentos teológicos, mas nunca será uma realidade espiritual decorrente da Vida de Cristo. Pode crescer no saber religioso, jamais na santificação. Um indivíduo instruído na igreja, mas sem novo nascimento, pode se tornar um teólogo, nunca um filho de Aba.
A morte do ego em seu egoísmo é requerida pela fé na Palavra de Deus. Para que exista a Vida do cristianismo é preciso que se morra com Cristo para o ego. Cristão é al-guém que morreu com Cristo, a fim de Cristo viver a Sua vida através dele. Salvação sig-nifica: não mais em Adão, mas em Jesus Cristo. "Não eu, mas Cristo" é o resultado final da obra salvadora realizada pelo nosso Senhor Jesus Cristo.
Paulo entendeu isto muito bem. Falando do seu ministério apostólico, ele disse ter trabalhado muito mais do que todos os outros apóstolos. Isto parece pura arrogância. Parece, mas não é. A vida de Paulo espelhava e espalhava a suficiência de Cristo do seu interior para todos os recantos por onde andava. Paulo era um morto na cruz, vivificado pela vida de Cristo. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo. 1 Coríntios 15:10.
Antes de qualquer coisa a vida cristã é a substituição da vida natural do egoísmo pela vida sobrenatural de Cristo. Se formos dirigidos pelo nosso ego, de modo natural, então não poderemos ser governados pela Vida de Cristo na pessoa do Espírito Santo, do modo sobrenatural. A vida do ego é conflitante com a Vida do Espírito e, além disso, não há santificação de ego. Para que eu possa viver no espírito, pelo poder do Espírito Santo, é preciso que eu morra para o meu ego e seja renascido com a Vida de Cristo.
Graças a Deus por que eu já morri na cruz com Cristo. Eu não tenho que me ma-tar. Se o egoísmo é a causa dos meus problemas, agora ele já foi crucificado com Cristo. "Não mais eu, mas Cristo" é a única realidade que transforma o velho Adão em nova criatura. Aleluia, pois esta obra já foi consumada totalmente na pessoa de Cristo. Amém.
Que o Espírito Santo nos revele este fato. Glenio Fonseca Paranaguá

A VISÃO CELESTIAL

"Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial". Atos 26:19.
O apóstolo Paulo, em sua defesa perante o rei Agripa, faz alusão à visão celestial que o marcou definitivamente em toda a sua jornada terrena. Ele foi um homem demarcado, no caminho de Damasco, pela revelação de Jesus Cristo crucificado e ressurreto.
Saulo era um fariseu convencido, convincente e fanático. Foi um perseguidor implacável da Igreja, até o momento desta súbita visão. Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Atos 9:3-4.
Esse judeu apaixonado viajava com outros correligionários exaltados na busca dos cristãos dispersos, para persegui-los e exterminá-los. De repente, uma aparição imprevista. Jesus resolveu dar as caras no caminho e mudar a agenda deste maníaco religioso.
A visita era bem reservada, ainda que ele estivesse andando na companhia de um contingente de sectários, também odientos como ele, porém só Saulo teve aquela visão. Isto aponta para a exclusividade desta revelação. Os seus companheiros de viagem pararam emudecidos, ouvindo a voz, não vendo, contudo, ninguém. Atos 9:7.
O Senhor queria ter uma prosa em particular com Saulo e, para isto, revelou-se apenas a ele. Os “cúmplices”, bem ali, ficaram de fora da reunião, embora ouvissem a voz, não tinham ideia do que ocorria. A revelação de Abba é sempre subjetiva. Ele trata com cada filho individualmente. O Pai não fala com bandos, mas com cada um de per si.
Neste encontro temos uma apresentação exclusiva para um homem escolhido. A visão especial tem como objetivo especificar a seleta eleição de Saulo e a sua missão como mensageiro do evangelho aos gentios. Era uma reunião acordada nas eras eternas.
A visão da pessoa de Cristo mudou, por completo, o caráter de Saulo. O “vidente” físico ficou, evidentemente, como um cego, enquanto o “ceguinho” tornou-se um profeta, vendo o que pouca gente vê no reino de Deus. Depois da visão celestial caíram as escamas dos seus olhos e, em seguida, Paulo passou a enxergar a suficiência do evangelho da graça.
Paulo avistou a singularidade do evangelho como ninguém, garantindo que vira a Cristo ressuscitado, ao enumerar várias testemunhas deste fato: e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo. 1 Coríntios 15:8.
A visão celestial mudou a sua visão terrena. Saulo era um cego espiritual, ainda que fosse um vidente religioso; enquanto Paulo acabou se tornando em um novo homem de visão, esclarecido pela revelação celestial. Quando viu que as pessoas que ele vinha perseguindo eram autênticas encarnações do Cristo ressurreto, tudo mudou em sua vida.
Por meio desta visão, o religioso Saulo foi convertido no apóstolo Paulo. O perseguidor da Igreja foi transformado num perseguido pelo judaísmo. A religião perdeu um dos seus promotores mais importantes e o evangelho ganhou o seu principal propagador.
A falta da visão celestial bem clara leva o povo a perecer aqui na terra. Aquele que não sabe para onde vai, ou está totalmente perdido, ou, já chegou, e mesmo assim, não sabe onde está. Sem um objetivo definido, ninguém sabe qual é o seu destino. A questão básica de qualquer viagem é o alvo a ser alcançado. O nosso alvo é: Cristo crucificado.
A visão desta igreja é: “conhecer a Cristo crucificado e fazê-lo conhecido em todo o lugar, por meio da graça”. Aqui temos uma visão celestial que precisamos enfocar com a maior diligência e realidade espiritual possíveis. Não há nenhum outro alvo maior do que este, para tratar, neste mundo, com os egos inflados e inchados.
A vida cristã se baseia, acima de tudo e de todos, em conhecer, pessoal e intimamente, a Cristo Jesus crucificado e ressurreto, através da graça plena: antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno. 2 Pedro 3:18. Esta ordem e, nesta ordem, é fundamental para o desenvolvimento saudável e maduro da verdadeira vida espiritual.
Sem o crescimento na graça, não há o adequado crescimento em Cristo. Aliás, fora da graça não há a menor noção, nem crescimento em Cristo. Disse George Herbert, “o conhecimento não passa de estultícia, a não ser que seja orientado pela graça”. Justiça e direito são o fundamento do teu trono; graça e verdade te precedem. Salmos 89:14.
Quando Cristo se encarnou como o Verbo de Deus, ele veio pleno de graça e verdade, suprindo a deficiência de nossa condição humana. Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. João 1:17.
Pela graça, nós cremos na pessoa e obra de Cristo crucificado. Pela graça, nós somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem. Pela graça, nós desenvolvemos a nossa salvação, uma vez que, ela mesma financia e patrocina, tanto o nosso querer como o efetuar, segundo a boa vontade de nosso amado Abba.
Conhecer a Cristo crucificado é um assunto pessoal, ensinado de modo particular pela Escola permanente do Espírito Santo, favorecido e subvencionado somente pela graça suficiente do Cordeiro de Deus. Não se trata de uma educação preliminar, ou como querem alguns, simplesmente, um jardim da infância da fé cristã.
Se alguém disser que o novo nascimento é o inicio da vida cristã, esta pessoa encontra-se totalmente equivocada. Tudo começa em Deus, na eternidade passada, e culmina em Deus, na eternidade futura. Sendo assim, a nossa eleição, vocação, justificação e vivificação precedem à fé, ao arrependimento, ou seja, à conversão e à regeneração.
O nosso teste na história é antecipado por fatos espirituais eternos. A redenção das almas, pelo sangue do Cordeiro de Deus, foi notória antes da fundação do mundo, (1Pe 1:17-21), embora, o Cordeiro tenha sido imolado apenas nos alicerces do crônos. Mas, deste sacrifício, não tomam parte aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Apocalipse 13:8.
A visão celestial tem a ver com a realidade espiritual em sua dimensão eterna. Conhecer a Cristo crucificado é uma avaliação que parte antes do Alfa e vai até depois do Omega, ou seja, é um assunto de eternidade a eternidade, de modo contínuo e constante.
O conhecer a Cristo crucificado, além de ser eterno, é, também, compartilhado. Não basta eu conhecê-lo. É preciso que Cristo seja conhecido, deste modo, pelo maior número de pessoas. Quem foi beneficiado pelos favores do evangelho da cruz, torna-se um evangelista. Não é cabível ao salvo não se interessar pela salvação dos ensimesmados.
Não basta conhecer a Cristo crucificado e ressurreto, como o nosso estilo de vida cristã. Agora, é imperioso, na prática, fazê-lo conhecido a todos e em todo o lugar, por meio da graça, isto é, rigorosamente, pela graça. “Tudo é pela graça na vida cristã, do início ao fim”, já dizia D. Martyn Lloyd-Jones, mas é bom relembrar, pois muitos objetam.
A vida eterna é definida por Jesus, como o conhecimento íntimo e relacional dele mesmo e do seu Pai, o Deus absoluto e singular. E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. João 17:3.
Ninguém poderá conhecer o Pai, senão pelo Filho. Ninguém poderá conhecer o Filho, a não ser através da sua expiação na cruz com o Filho, isto é, com Cristo. Conhecer a Cristo crucificado é o auge da realidade espiritual na Bíblia, destinada à fé cristã.
Para o apóstolo Paulo, o fundamento do evangelho encontra-se na loucura da cruz de Cristo. Ele não avistava outra realidade mais significativa do que a extravagância da cruz, por isso, colocou a ênfase de sua visão celestial, nestas palavras imorredouras. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. 1 Coríntios 2:2.
Tanto o seu saber teológico como a sua ética pessoal se baseiam na excelência da pessoa e obra de Cristo crucificado. Para ele, a sua própria glória reside nesta ocorrência: Mas longe esteja de mim, gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo. Gálatas 6:14.
Se alguém supõe que existe alguma sabedoria maior do que em Cristo crucificado, então eu gostaria de sublinhar este texto, dentro do seu contexto, como a grande visão celestial que norteou a vida do apóstolo Paulo: Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não, porém, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada; mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória; sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória; mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. 1 Coríntios 2:6-9. Glória ao Pai por tão grande visão celestial. Glenio Fonseca Paranaguá