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quinta-feira, 17 de setembro de 2015
É HORA DE CALAR A BOCA
Uma das virtudes mais raras é o silêncio adequado. Há um velho ditado latino que diz: Ore clauso non dicit ineptias, boca fechada não diz bobagem. Mas, calar quando se deve falar é tão prejudicial quanto falar quando se deve calar. Por isso, o silêncio bem posto pode ser o discurso mais preciso e poderoso que alguém pode pronunciar.
Jesus se calou quando Pilatos o indagou sobre o que era a verdade. Ele ficou silente e Seu silêncio expressava a Sua encarnação do Verbo. Era um silêncio Verbal.
O silêncio pode ser uma grande mensagem. Não dizer nada geralmente revela um bom domínio da língua e, muitas vezes, uma excelente comunicação. Falar, só é bom, quando o silêncio não for o melhor. Uma pausa na partitura ou na fala revela um instante harmônico no concerto que conserta a cacofonia dos pensamentos estridentes.
O provérbio chinês expõe: a palavra é de prata, o silêncio é de ouro. Assim, há duas ciências que as pessoas devem aprender: a ciência das palavras e, a mais difícil, a ciência do silêncio. Eu devo confessar que tenho tido dificuldades com as duas. Muitas e muitas vezes eu falo quando deveria me calar e outras tantas calo, quando deveria falar.
Mas há, ainda, uma variedade de silêncios indigestos. O sábio Thomás Watson salientava: pode-se cometer uma injustiça contra outra pessoa tanto por meio do silêncio quanto da calúnia. A omissão covarde ou a acusação falsa são agressões ferinas.
Certa ocasião, ouvi um silêncio ruidoso que traduzia a covardia do interlocutor. Na hora que deveria falar, calou-se como um poste, postando-se, dali pra frente, com uma pose de palhaço despedido do circo. Que graça tem um palhaço sem a plateia? O silêncio do fóbico indeciso fuzila as entranhas de quem carece de apoio.
O que me preocupa, dizia Martin Luther King, não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética… O que me preocupa é o silêncio dos bons. Eles até podem ser “bons”, mas são covardes. Então, neste caso, são maus e não têm parte no reino de Deus, como diz o livro de Apocalipse.
O silêncio dos omissos não merece comentários. Não devemos salientar esse comportamento mesquinho, mas ressaltar o silêncio corajoso de não responder o insulto, de não tentar se defender quando estiver resguardado sob a justiça de Cristo e de calar-se diante do trono, para ouvir a voz do Altíssimo, silenciosamente.
O espírito da cruz, segundo o escritor inglês C. H. Spurgeon, a beleza serena e silenciosa de uma vida santa é a influência mais poderosa do mundo, depois do poder do Espírito de Deus. O silêncio da alma é o poder que grita sem se esbravejar e sem zoada.
Mendigos, observem: somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa; dele vem a minha salvação. Salmos 62:1. Silencioso!
Do velho mendigo do vale estreito,
Glenio Fonseca Paranaguá.
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