terça-feira, 31 de dezembro de 2013

CAMINHANDO A CAMINHADA

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Não existe fim de ano. Há mudança nas estações combinada com os ardis de imperadores espertos. Antigamente o ano só tinha dez meses. O inverno não se contava; era muito frio. Janeiro e fevereiro, os tempos escuros, viviam cobertos de gelo. O ano começava em março e terminava em dezembro.
Com as mexidas no calendário houve uma série de maracutais e o ano vira no dia 31do 12° mês que deveria ser chamado, pelo menos, de dozembro. Mas, tudo faz parte do jogo do poder e de como ponderar o imponderável.
Nunca indague dos outros: quantos anos tem? Talvez: como usa seu tempo? Gosto deste pensamento: “A vida é curta demais para que façamos tudo o que queremos, mas é longa o bastante para que façamos tudo o que Deus quer que façamos.” Isso vai depender do que é prioritário em nossa vida.
Você diz que o tempo passa? Não! o tempo fica, nós é que passamos!” O tempo move nossa história aqui na terra, por isso, temos que saber como usá-lo, senão morreremos sem tempo para viver o tempo de verdade. É lamentável que vivamos movidos por exigências e não a relacionamentos.
E como usá-lo? Gosto desta proposta de Richard Baxter: “Não gaste seu tempo em nada de que venha a se arrepender mais tarde; em nada acerca de que não possa orar pedindo a bênção de Deus; em nada que você não consiga recordar com uma consciência tranquila em seu leito de morte; em nada em que você não possa ser encontrado a fazer, com toda segurança e propriedade, se a morte o surpreender no ato”. Vale a pena experimentar!
Sim, 2013 já se foi; agora é 2014. Tudo bem. O que mudou? Nada! Só estou mais velho e mais consciente de que meu tempo vai minguando no planeta, embora, o portão que me leva à eternidade já se abriu na tumba vazia. Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. 2 Cor 4:16.
Celebre no amor do Amado.
O velho mendigo do Vale Estreito,
Glenio Fonseca Paranagua.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A PORTA DA IGREJA TRANCADA PARA CRISTO



Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Ap 3:14-15.
Esta igreja é o fim da picada em todo sentido. É a última do período eclesiástico e o absurdo dos absurdos em relação ao povo de Deus. Laodicéia pretende promover, a todo custo, a justiça do povo e propõe ser a vox populi, só não é a vox Dei ou a voz do Altíssimo. Deus acha-se fora de suas cogitações, uma vez que ela se basta a si mesma.
Tudo faz crer que este período começou no final do século XIX e culminará no fim da grande tribulação. É uma era em que o humanismo tem-se passado por Cristianismo. Mas, como dizia o D. Martyn Lloyd-Jones, essa é o tempo em que "o diabo pode dirigi-lo de forma extraordinária... Há poderes que podem simular quase todas as coisas na vida cristã.” Todavia, Deus não conta a casca, enquanto dermos ao diabo o grão.
É uma igreja tépida e típica da indiferença a Cristo. Analisando o tempo do fim, o apóstolo Paulo afirmou: tem forma de piedade, negando-lhe o poder, 2Timóteo 3:5. A sua mornidão a torna num purgante que não purga, mas provoca regurgito repugnante.
Quem fala estas coisas é o Amém; Aquele que é a origem de tudo o que existe e que tem a verdade e a fidelidade como essência do seu caráter. Seu diagnóstico, porém, é triste e a conclusão, nojenta: essa igreja morna provoca vômitos no Senhor da Igreja.
É lamentável o texto dedicado ao ministério em Laodicéia: Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Apocalipse 3:16-17.
A temperatura morna é nauseante, provocando enjôo nas entranhas do Cordeiro, como fruto da pseudo-independência ou da pretensa auto-suficiência daqueles que se dizem cristãos, sem que Cristo seja o tudo em suas vidas. Essa gente diz que não precisa de nada, é rica e abastada, embora o Todo-Poderoso nem faça parte da congregação. Ele encontra-se do lado de fora, como veremos.
Laodicéia se basta em sua própria justiça, mas é ignorante, infeliz, vivendo na miséria espiritual como indigente cego e nu. É a igreja rica dos talentos naturais ou da capacidade adâmica, mas paupérrima dos dons de Deus.
As aptidões humanas deixam as pessoas enfatuadas. Poucas coisas neste mundo são mais perigosas para a vida no espírito do que a competência da alma, bem como os seus poderes latentes. Muita gente confunde os poderes da mente com os dons do Espírito, gerando uma babel no ensino doutrinário. Que tragédia!
A presunção talentosa é obstáculo à dependência na fraqueza. Aquele que se basta a si mesmo não é bastante frágil a abastecer-se da abastança da graça.
As palavras do Cabeça do Corpo são enfáticas: Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. Apocalipse 3:18.
À igreja pobre, nua e cega, o Noivo aconselha uma operação comercial sui generis. Não acredito que seja um negócio de troca de favores, mesmo porque, o valor da redenção é caríssimo e já foi pago, além do que, o câmbio, no reino da graça plena, é sem dinheiro e sem preço, como nos diz Isaías 55:1-2.
A Trindade não negocia com a humanidade; Ela doa tudo. Lúcifer, sim, é o autor astuto do comércio:Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio, profanaste os teus santuários; Ezequiel 28:18a. O comércio é o ardil do anjo caído para aprisionar as pessoas com o peso da meritocracia.
Essa compra aqui, porém, por exigência hermenêutica, tem que ser pelo câmbio da graça, e, neste caso, é uma questão de negação da soberba e nunca de negociação do mérito pela bênção. Nada pode ser mais custoso ao arrogante do que receber, sem qualquer merecimento, a suficiência da obra de Cristo. Para esse pretensioso, o preço é alto demais para convencê-lo à mendicância.
A turma de Laudicéia nutre-se do laudatório promovido pelos seus méritos. Essa gente celebra o louvor das conquistas aos goles no pódio. Receber de graça o laudêmio da redenção é deveras humilhante. É custoso aceitar que nós já fomos aceitos incondicionalmente, no Amado, sem qualquer contrapartida nossa.
É muito difícil ver o ouro refinado representando a Divindade que se doa no sacrifício do Calvário e ver as vestes brancas, somente como a justiça do Cordeiro cobrindo a nudez do pecado, enquanto, o colírio nos olhos vem falar da revelação do Espírito Santo dando a visão clara do que é a vida espiritual autêntica. Essa é a estimativa mais cara e complicada para um humanista se desestimar.
Entretanto, o Senhor tem os seus em Laudicéia e os exorta porque os ama: Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. Apocalipse 3:19. O termo zeloso vem de um verbo que significa ficar quente. O metal se aquece quando é posto na fornalha. O arrependimento tem tudo a ver com o distanciamento da fonte de calor. Então, o braseiro se aproxima do morno.
Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. Apocalipse 3:20. Aqui vemos Cristo vindo e batendo à porta trancada da igreja, afim de trazer calor aos que ouvirem a sua voz. Vemos a Fonte do calor buscando a turma morna, a fim de compartilhar do seu afeto eterno que aquece a vida tocada por Cristo.
É algo semelhante ao encontro com Seus discípulos tristes e desanimados no caminho de Emaús, quando tiveram os seus corações esbraseados ao ouvirem o Senhor Jesus ressurrecto lhes expor a Palavra. A presença de Jesus no convívio, torna fervorosa a vida pessoal e ardoroso o banquete comunitário.
Em Laudicéia, Jesus Cristo permanece do lado de fora. É uma igreja cristã nominal. Talvez tenha no texto, esse contexto: Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade. Mateus 7:22-23.
A igreja de méritos próprios rechaça a justiça da graça. É a grei sindicalista que grita por direitos e galardões. Vive muito bem pelos seus talentos pessoais, ao dizer que não precisar de coisa alguma, mantendo a porta fechada Àquele que ela se diz comprometida. Mas, não há o mínimo sinal do Senhor em seu convívio.
Mesmo assim, o Senhor de toda a graça não desiste dos eleitos, escolhidos antes da fundação do mundo. É o Conselho eterno agindo nos bastidores.
“No último dia, Cristo será responsável por todos os que lhe foram dados; portanto, não precisamos duvidar de que ele certamente empregará todos os poderes da sua Divindade para dar segurança e salvar a todos aqueles de quem deverá prestar contas," já dizia Thomas Brooks.
Toda a obra de Cristo é de eternidade a eternidade. Ele elege os Seus e chama os Seus eleitos para a salvação, sustentando em Sua vitória, o vencedor.
Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. Apocalipse 3:21. Mas é preciso observar o que disse Ronald Dunn: “uma vida cristã vitoriosa não é uma qualidade superior de cristianismo reservada para a elite dos eleitos. É a vida cristã normal para todos os cristãos eleitos, garantida pela vitória de Cristo Jesus.”
Alguém já disse: “seremos controlados ou por Satanás, ou pelo eu, ou por Deus. O controle de Satanás é escravidão; o controle do eu é futilidade; o controle de Deus é a vitória de Cristo.” Não somos vencedores porque vencemos, somos mais que vencedores por meio dAquele que nos amou. Romanos 8:37.
A todas as igrejas o Senhor conclui com o mesmo refrão sintonizado à fé. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Apocalipse 3:22.
O apóstolo Paulo descreveu, em Romanos 10:17, que a fé é o ouvir da Palavra de Cristo. Em 2 Tessalonicenses 3:2, ele diz que a fé não é de todos. Ele também afirma em Efésios 2:8 que a fé é um dom de Deus. Logo, só aqueles que pela graça receberam a fé, que tem em Jesus o Autor e o Executivo, podem ouvir tudo o que o Espírito diz às igrejas.
Laodicéia é a última igreja da história, na revelação do Apocalipse. Para ela não há a palavra de preservação quanto à parousia, isto é, ao retorno do Senhor. Entretanto, cabe aos escolhidos o mesmo pensamento de Agostinho: “Quem ama a vinda do Senhor não é aquele que afirma que ela ainda está distante nem aquele que diz que está perto. É aquele que, esteja distante ou próxima, aguarda-a com fé sincera, esperança firme e amor fervoroso.” Maranata! Ora, vem Senhor Jesus!
Evan Hopkins ilustrou: - o ferro é escuro, frio e duro. Na forja fica brilhante, quente e maleável. Se retirar da fornalha volta a ser, lentamente, o que era antes. Tudo o que somos depende de estarmos em Cristo. Se estivermos fora de Cristo ou Cristo fora da igreja, nada seremos senão ferro enferrujado: escuro, frio e duro. Agora, morno é o quente que foi resfriado pela era glacial do fim dos tempos.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Amém.
Glênio Fonseca Paranagua

UMA PESSOA CHEIA DE SI, NUNCA ESTA GRATA E JAMAIS SATISFEITA


CRISTO NO SALMO 91 - 16


sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O VANDALISMO DA CANETA DE OURO


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Quero começar minha fala dizendo antes de tudo que sou contra a violência, avisando aos jovens que não caiam nesta esparrela do conflito, pois tudo o que o sistema quer é uma desculpa para agir com brutalidade e pessoas para levarem as culpas das tragédias que, de forma comum, sucedem estas ações. Porém, sinto falta do mesmo empenho da imprensa, que a meu ver não cansa de enfatizar o vandalismo e os vândalos em detrimento de tanta gente de bem que lotam as ruas de nosso país de forma legitima e pacifica.
Sinto falta do mesmo empenho na denúncia no que se refere àquilo que chamo de O vandalismo da caneta de ouro no qual, pessoas bem educadas ao menos em tese dizem “excelentíssimo” pra cá e “excelentíssimo” pra lá, cometem, sem aparente noção dos desdobramentos negativos de suas canetadas bem-educadas, como a morte de inúmeros anônimos que morrem por falta de assistência, enquanto ambulâncias superfaturadas estão paradas degradando-se em pátios ensolarados. Quero lhes informar também, excelentíssimos, que o que está acontece em nosso país é fruto de vosso vandalismo, senhores governantes, e de vossa ganância. Trazer à consciência dos senhores que isto tudo que foi alardeado é fruto do vandalismo da caneta de ouro.
Esta caneta de que falo tem o poder de transformar algo imoral em algo legal, de fazer a injustiça virar lei como, por exemplo, os salários e auxílios da classe política que fazem da vida pública uma profissão, ao passo que nos faz sentir saudades de quando os marajás eram poucos. E isto enquanto hospitais são quebrados, a educação é sucateada, a população se torna refém da violência urbana. Porém contra o vandalismo da caneta de ouro, o choque não dá um tiro de bala de borracha e a imprensa jamais tem a coragem de chamá-los de vândalos em seus noticiários sensacionalistas e enviesados.
Quando os justos florescem, o povo se alegra; quando os ímpios governam, o povo geme. Provérbios 29:2.
O rei que exerce a justiça dá estabilidade ao país, mas o que gosta de subornos o leva à ruína. Provérbios 29:4.
Os zombadores agitam a cidade, mas os sábios a apaziguam. Provérbios 29:8.
Na graça bruta e no amor d’Aquele que nos buscou,
Alexandre de Oliveira Chaves

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

INVEJA

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Por estes dias, enquanto conversava com um amigo muito querido no carro, Pr. Ariovaldo Ramos, uma frase dele me chamou a atenção. Disse ele em tom de desabafo:
-Eu estou cansado da maldade evangélica.
Comecei a pensar nesta fala do Ari e realmente comecei a discernir o quanto isto é cansativo.
No mundo estamos entregues a uma guerra o tempo todo, as pessoas se veem como um competidor em potencial. Sentimo-nos ameaçados por aqueles que mesmo nos tratando cordialmente desejam nosso lugar na empresa, nossa vaga na faculdade, nosso lugar no concurso publico, etc. O mundo vive um estado de competitividade absurdo: algo que até tem causado doenças emocionais terríveis em muitas pessoas em virtude desta pressão. Porém na esfera secular, governada pelo espírito do anticristo, sabemos que é assim que funciona.
O mundo é um imenso e árido Saara, como projeção da aridez da alma humana sem Deus. Esta aridez não é necessariamente a falta de recursos e água do ponto de vista externo, antes, aponta para o interior humano que depois da queda tornou-se em um estado de sequidão tal que, mesmo na possibilidade de sorver o mundo todo, jamais conseguiria aplacar a sua sede ou encontrar contentamento. Isto é o que disse o teólogo e filosofo católico nascido no final do século XIX, o britânico G. K. Chesterton, em seu livro O Homem Eterno:
Se nada neste mundo consegue trazer contentamento ao homem, a única conclusão lógica que chego é que o homem não é deste mundo.
A aridez do homem sem Deus, onde nada é capaz de satisfazê-lo, é que transforma um mundo lindo, rico e exuberante como o nosso em um Saara. Quando tentamos encontrar a razão, a força que é capaz de transformar o céu num inferno, por incrível que pareça, somos transportados para regiões celestes das pedras afogueadas, nada mais, nada menos que o Monte Santo de Deus. Pois é lá que encontramos uma criatura tão exuberante que foi chamada de sinete da perfeição ou, como diz uma tradução católica, “o selo da semelhança de Deus”. De tanto se contemplar e se admirar pôde perceber que era incomparável a menos que olhasse para cima, para o trono de Deus e, por esta razão, acabou por desejá-lo.
Neste momento a maldade se instala como uma possibilidade. A comparação entre o que sou e aquilo que é mais elevado do que eu deixa-me apenas duas possibilidades no caso de ser Deus, que se eleva sobre mim e sobre tudo. Em primeiro lugar adorá-lo, por ser incomparável: o totalmente outro como gostava de enfatizar Karl Barth. Em segundo lugar me rebelar contra Ele na tentativa de usurpar seu trono. A isto damos o nome de inveja.
A inveja é isto. Seu poder corrosivo e destrutivo é incomparável, a força maligna capaz de transformar anjos em demônios e seres humanos em diabos. Não importa quanta glória Deus lhe conceda, se a inveja lhe pegar ela transformará toda essa glória em nada. A única coisa que importara é o impossível de ser o que não se é. Lançando suas vitimas num lamaçal de imitação barata, de mentira e de maldade, pois não a limites para o invejoso, ao passo em que caminha, sua associação com a maldade se transforma em identificação com o mau, de tal maneira que o ser vira o diabo e nem percebe. Alexandre De Oliveira Chaves.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A MALDIÇÃO DO EVANGELHO GENÉRICO

Remédios Genéricos são Confiáveis igual Original - 1 - 30jul13

Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que Cristo morreu em vão.
Gálatas 2:21
Quando olhamos para o texto de Paulo na sua carta aos Gálatas, podemos identificar duas realidades completamente distintas, coexistindo numa situação onde uma persegue e a outra é perseguida. “Mas, como então o que nasceu segundo a carne perseguia o que nasceu segundo o Espírito, assim é também agora.” Gálatas 4:29. Esta perseguição se dá justamente pelo fato daqueles que são contados como filhos da escrava não admitirem a liberdade dos filhos de Deus em Cristo Jesus. E também, não conseguem usufruir da liberdade dos filhos de Deus, justamente por não admitirem que são escravos.
Escravos da glória humana, da opinião alheia, do ego, do pecado, do sucesso pessoal, e por não se entenderem assim, escravos, não conseguem se arrepender e clamar a Deus misericórdia para que possam ser libertos. Não admitem que precisam morrer e nascer de novo, pois como Nicodemos são pessoas que possuem pedigree, e um conceito elevadíssimo de si mesmo, são apegadas ao seu padrão moral e extremamente meritosas.
Podem até admitir que são pecadores, pois isso faz parte do clichê religioso, mas não pecadores como os demais. “… Ó Deus graças te dou porque não sou como os demais homens…” Lucas 18:11. São pecadores, mas como fazem muitas obras externas de justiça humana, criam um mecanismo de compensação, baseado na justiça própria, que para Deus não passa de trapo de imundícia, como esta escrito:
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“Mas todos nós somos como o imundo, e todos os nossos atos de justiça, como trapo de imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossa iniquidades como vento nos arrebatam.” 
Para as pessoas que tiveram a revelação dada pelo Espírito, de que são como a descrição feita pelo profeta Isaías, não existe outro lugar no universo que elas desejam estar, a não ser na graça de Deus manifestada em Cristo, não existe outro caminho a não ser Cristo e não existe outro motivo pelo qual eles possam ser aceitos por Deus senão o sangue do Cordeiro Santo que foi vertido na cruz que os purifica de todo o pecado.
Os que se vêem de outra maneira, nunca chegam ao arrependimento para serem libertos por Cristo, a ponto de clamarem Sua graça e misericórdia, aliás, a graça é muito mal compreendida por eles, visto que suas qualidades os impede de aceitá-la de maneira plena. A graça é para estes, um opcional, como um carro que você escolhe com ar ou sem ar condicionado, ou seja, é algo que você pode usar para lhe dar algum conforto, mas na falta deste opcional dá para viver muito bem sem. Além do que, a graça não teria grande valor se não fossem suas qualidades e habilidades pessoais, sem as quais o reino de Deus estaria em grandes apuros.
Com relação à misericórdia, são como aquele homem descrito em Mateus capítulo 18, gosta dela para si, mas são resistentes em usá-la para o próximo. “E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a divida. Saindo, porém aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-me o que me deves.” Mateus 18: 27 e 28. Praticam a leitura das escrituras, fazem orações, jejuns, assim como o fariseu no templo descrito em Lucas 18 , mas não conseguem admitir a verdade a respeito de si mesmos, e nem crer na suficiência de Cristo, são aqueles “que aprendem sempre, mas nunca podem chegar ao conhecimento da verdade”. 2 Timóteo 3:7 Portanto não podem ser libertos.
Sabemos que nada é tão difícil para a mente humana compreender, quanto o conceito de graça. Vivemos numa sociedade sem graça, onde a coisa mais digna e valorosa que existe é o mérito. As pessoas podem até concordarem em receber algo que não lhes custou nada, como meio de obter vantagem ou ser suprido em uma necessidade. Porém isto jamais terá o mesmo valor de algo que ela tenha conquistado por meio de seus esforços e méritos.
É este o motivo pelo qual a graça é tão atacada, ela ofende o mérito, e nos coloca numa situação de falência total e dependência de Deus. E isto, para o ser humano caído, com seu ego estratosférico, com seu desejo de ser maior do que os demais, ser melhor do que todos e de ser tido como extremamente distinto e capaz, é indesejável, pois implica em admitir sua total falência e fraqueza diante de si e diante de Deus. 
 Além do que, este estado em que se encontra, o faz querer ser como Deus, porém maior, melhor e mais distinto e capaz do que Ele. “…Como Deus sereis…” Gênesis 3:5. Quando falamos da sociedade humana caída, ou da maneira de ser do mundo, este, o mundo, não vê nada de mal nisto. Pois nas relações sociais, funciona assim, nela você tem que ser o melhor, o mais capaz, o número 1 em tudo o que faz. O problema se dá, quando este conceito vem fazer parte das ações e relações da igreja, pois o mundo, como sistema, e o reino de Deus, são duas coisas antagônicas.
Por serem duas realidades contrárias, deu-se o fato de terem crucificado a Cristo, pois Ele, ao viver a realidade do reino de Deus, de misericórdia e graça, expunha esta estrutura maligna do mundo. Sendo assim, fica incompatível aos discípulos de Cristo, viver a realidade do reino de Deus hoje, baseado na graça e na misericórdia, sem ser odiado pelo mundo, por isso as escrituras nos dizem:
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Como pode então, estas duas realidades tão distintas, coexistirem dentro de uma só estrutura? Poderíamos evocar muitas razões externas para explicar este fenômeno, como por exemplo, o fato da igreja de Cristo ser um organismo inclusivo, aberto a todos. Mas a realidade que proporciona isto acontecer é interna. O mundo não é mau em si mesmo, “Viu Deus tudo o que tinha feito, e que era muito bom…” Gênesis 1:31ª.
O problema é o pecado que entrou no homem, e por intermédio do homem entrou no mundo. Esta estrutura pecadora interna que nos leva a querer ser como Deus, e a nos ofender com sua graça, a não reconhecer que somos criaturas dependentes e carentes da graça e misericórdia divina. Que nos leva a competir entre nós, para saber quem será o maior, e somos então confrontados pelo reino de Deus que foi chego a nós na pessoa de Cristo Jesus, aquele que tem todo o poder e glória, mas que se esvazia para ser servos de todos, e nos ensina, “O maior dentre vós, será vosso servo”. Mateus 23:11. Este é o nosso problema, o nosso pecado, o desejo de querer ser grande.
Paulo logo no começo de sua carta demonstra toda a sua perplexidade,
” Admira-me que tão depressa estejais passando daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho.”
Gálatas 1:6.
Surge então, diante desta afirmação de Paulo, a maneira pela qual torna-se possível a prática da coexistência entre essas duas realidades acima citadas, ainda que em eterna oposição, ou seja, a criação de outro evangelho.Um evangelho híbrido, que mistura velha aliança e nova aliança, onde Cristo e sua obra são insuficientes, onde a cruz é um escândalo e a graça é apenas uma palavra.
Surge por meio dos halterofilistas da fé, daqueles que se julgam super crentes, os quais não são como o apóstolo Paulo que foi ensinado por Deus a se gloriar na sua fraqueza para que nele habitasse o poder de Deus (2 Coríntios 12). Para estes amantes da religião, o mais importante é a doutrina, mas para o evangelho trazido por Cristo, o mais importante é a vida e as pessoas (Marcos 2:27). Para os defensores da religião, a existência é gasta a partir do que é certo ou errado, vivem ainda pela árvore do conhecimento do bem e do mal. Mas para os que foram libertos em Cristo, para aqueles que morreram em Cristo, a única vida que importa é aquela que brota da comunhão com o Cristo ressurreto.
Este outro evangelho surge com a desculpa de que, aqueles que foram libertos em Cristo não saberão viver em liberdade, por isso se faz necessário a escravidão da lei. Desconhecem o amor incondicional de Deus, por isso tentam comprá-lo, desconfiam daquele que começou a boa obra em nós, julgando que Ele não é fiel para completá-la (Filipenses 1: 6), e que aqueles que foram alvos da graça a usarão para pecar. Os que assim fazem, desconhecem a graça, a já não resta mais sacrifício pelo pecado (Hebreus 10: 26). Mas para aqueles que morreram em Cristo e que ressuscitaram em Cristo para uma nova vida, que libertos do pecado e da lei, foram feitos escravos da justiça (Romanos 6:17 e 18) as escrituras nos ensinam: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não submetais, de novo, a julgo de escravidão. Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. De novo testifico a todo homem que se deixa circuncidar que esta obrigado a guardar toda lei. De Cristo vos desligastes,vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes.” Gálatas 5:1-4. 
Alexandre de Oliveira Chaves

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

DESCONSTRUINDO A RELIGIÃO -- 21


PROGRAMA CRISTO EM MIM.COM VOCÊ - 27


ORANDO COMO CONVÉM - PRIORIDADE

"todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada"." (Lucas 10:42)

Hoje sou um homem casado, pai de dois filhos adolescentes, no meio do caminho entre os 40 e os 50, envolvido com negócios de informática, envolvido com ministérios na igreja local... Nem sempre foi assim, já fui um jovem desfocado e sem rumo, como tantos ou talvez todos. O que mudou minha vida foi aprender o significado de prioridade.
Algumas pessoas, às vezes, por simpatizarem comigo, me perguntam como levo minha vida. Invariavelmente, ao responder eu incluo uma declaração de que o Reino de Deus tem prioridade, através de meu relacionamento íntimo com o Senhor do Reino. Para glória de Deus e pela misericórdia Dele, isso é verdade. Meu querido, sem dar prioridade, não adianta.
Orar duas horas por dia cambaleando de sono no ônibus, ou ler a Bíblia diariamente por obrigação, ou simplesmente dar suas ofertas para ser visto, ou apenas cumprir agenda indo à reuniões, ou evangelizar para participar de algum "campeonato" de quem ganha mais... Isso não é dar prioridade.
Devemos aprender que dar prioridade é colocar em primeiro lugar, portanto Deus merece o melhor do nosso vigor. Devemos orar no horário mais produtivo do dia. Devemos ler a Bíblia no horário de maior atenção e retenção do que lemos. Devemos jejuar no horário de mais fome. Certa vez, muitos anos atras, fui a um cardiologista por que o colesterol estava meio alto. Ele peguntou se eu me exercitava e eu fiz a besteira de dizer que não tinha tempo. Ele imediatamente me declarou "ok, se infartar vai ter tempo".
Meu querido, não espere sua alma ou seu espírito infartar para dar prioridade ao Reino de Deus. Orar como convém é orar com o melhor de si, no melhor horário. Se na madrugada o sono te vence, trabalhe de madrugada e ore de dia. Se a leitura cansa e dá sono, leia ao invés de almoçar. Priorize o Deus do Reino e descubra rapidamente o que me custou muitos anos: prioridade não as são palavras mas a atitude de colocar em primeiro lugar.
"Senhor, ajuda-me a colocar o relacionamento contigo em primeiro lugar, especialmente a oração. Me fortalece para que eu encontre formas de dar o melhor de mim quando estiver orando."
Mário Fernandez

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

roof on fire
(continuação…)
Creio que o fogo da provação tem como objetivo a nossa confiança na suficiência de Cristo. Não é o sofrimento em si que entra em jogo. Todo teste espiritual tem em vista o quanto nós confiamos nAquele que não é visto na arena. A questão que está aqui sendo avaliada é o poder da autoconfiança ou a confiança no Poder do alto.
Confiar em Deus quando tudo está correndo às mil maravilhas parece fácil, mas confiar quando só temos fumaça no pedaço fica muito difícil. É complicado crer em Deus quando estamos fazendo rescaldo no meio do borralho e sujos de carvão. A teologia da prosperidade, por exemplo, tira o valor da providência Divina do centro da fornalha. Que revelação extraordinária da presença de Deus tiveram os amigos de Daniel!
Estar alegre no palácio real participando no banquete do rei parece muito natural. É fácil soltar foguetes quando o nosso time se torna o campeão da liga. A coisa engrossa quando temos que fazer festa no barraco em chamas e celebrar a derrota com bom ânimo e bem humorados. Agora entramos num espaço sobrenatural.
O velho Adão nunca compartilha desta identidade dos filhos da madrugada. Só a turma da ressurreição pode demonstrar este novo estilo de vida: alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo, para que também, quando a sua glória for revelada, vocês exultem com uma alegria ainda maior. 1 Pedro 4:13.
Confiar que Deus está cuidando de nós, somente quando tudo vai dando certo, é uma total alucinação de nossa personalidade ególatra. É teomania vazando pelos nossos poros. Por isso, o fogo deve ser ateado para nos provar em nossas entranhas, e, deste modo, nos testar, para ver se somos realmente legítimos ou falsos.
A nossa falência total nos habilita à dependência absoluta de Deus. No reino da graça é a fraqueza que nos põe no pódio. Quando eu sou totalmente impotente é que sou todo poderoso, pois, neste caso, posso depender da Onipotência Divina. Quando chegamos ao fim de nós mesmos, das nossas possibilidades, chegamos ao vale mais profundo de nossa condição humana, onde, também, podemos ser preenchidos com a plenitude da suficiência de Cristo como o nosso tudo.
A cruz tem como uma de suas tarefas nos levar ao fim de nós mesmos, nos conduzindo ao quebrantamento; enquanto o fogo que surge em nosso meio visa provar a nossa confissão de fé com a obra da cruz. Quando confessamos a nossa crucificação com Cristo e Ele como a nossa vida, então o fogo aparece escaldante para apurar a prata. A confissão exige comprovação e as torturas autenticam a experiência da fé.
O apóstolo vai um pouco mais longe, quando diz: Se vocês são insultados por causa do nome de Cristo, felizes são vocês, pois o Espírito da glória, o Espírito de Deus, repousa sobre vocês. 1 Pedro 4:14.
O índice da felicidade cristã é identificado pelo bom humor dos atribulados. Os cânticos na prisão e os aleluias no tronco evidenciam o nível de libertação que os eleitos pela graça têm alcançado. Felizes são os que dançam na pista atapetada por brasas vivas e celebram à Trindade em tempos de holocausto.
Aqui está uma palavra confirmada pelo fogo. A vida no altar é uma biografia marcada por sacrifícios de louvor. Deus só aceita esses sacrifícios quando tudo estiver tostado. O holocausto aponta sempre para a vítima toda carbonizada. O fogo no altar consome a carne e a gordura, enquanto o suave cheiro sobe como aroma agradável diante do Senhor.
Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a ti, Senhor, minha Rocha e meu Resgatador!
Salmos 19:14.
Para aqueles que foram resgatados pelo Cordeiro de Deus e retornaram da rebelião cósmica, não há opção: ou eles cantam no coral dos redimidos ou dançam na companhia de ballet dos restaurados. Assim, eles cantam e encantam com a postura de alforriados, pois sabem: mesmo que a tristeza possa persistir durante a noite, pela manhã renasce exultante a alegria. Salmo 30:5b. (PA).
Os filhos da ressurreição, chamuscados pelo fogo, exalam um perfume agradável no seu discurso sem vitimismo, nem acusações. Eles falam as palavras de esperança ungidas com o orvalho da madrugada, gerando vida e alento nos que as ouvem. Nunca vi uma pessoa provada pelo fogo que fosse incendiária. Quem sofre por causa do evangelho nunca se apresenta como um causador de sofrimento alheio.
Todos os provados e aprovados pelo fogo são bombeiros graciosos em potencial a serviço do Cordeiro, em benefício dos afligidos pelas chamas. Se você estiver sendo carbonizado é porque será usado como instrumento da graça em favor dos atormentados deste mundo de tantos incêndios.
Glória ao Pai pelo tratamento do fogo purificador. Quando somos acrisolados é porque estamos sendo preparados para um uso sagrado de maior intimidade com Aquele que se revela como o fogo consumidor. Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor. Hebreus 12:28-29.
Velho mendigo do vale, Glenio