quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O APRENDIZ DE LAVA-PÉS. VII

A escola do encurtamento da pessoa notável é dificílima. Agachar é algo agastadiço para quem se acha majestoso. Todos nós fomos picados pelo vírus que promove a moléstia do espichado, que se estica demais perante os outros anões. Somos uma raça viciada pelos desejos de ampliação e vivemos à procura de pódios e jiraus que nos façam sobressair.
Conseguir desapear o ego do pedestal é coisa complicada. Fazer arriar o auge da fama no plano do pó ou da lama é cabeludo demais para quem se descobre careca de tanto se inquietar com a cobiça dos degraus. Os altares nos alavancam ao alcance dos cumes.
Pedro era uma pedra bem alta. Ele se expunha como se fosse um monte acima dos cimos mais elevados entre os outros discípulos ciumentos. Veja sua indagação, quando Jesus aproximou-se de Simão Pedro, e este lhe disse: Senhor, tu me lavas os pés a mim? João 13:6.
A questão tem um quê de altivez. – eu, no teu lugar, não lavaria os pés de ninguém. Nem mesmo de uma pessoa tão elevada quanto a minha. Quem é o chefe não pode rebaixar-se a este nível insignificante dos serviçais. Aquele que manda no negócio deve se assentar na cadeira do Presidente e nunca se curvar para fazer os serviços de um servente.
No reino de Deus a escala de valor é totalmente diferente da grandeza no esquema humanista. Os reis, neste mundo, têm muitos servos. O Rei celestial veio ao planeta terra para servir a muitos. A ênfase do governo de Cristo é a disponibilidade para o serviço.
O pecado lançou Adão numa plataforma da excelência, isto é, num patamar acima dos céus, tornando-o soberbo; enquanto a salvação conduz o ser humano ao húmus untado com a saliva divina, para humildemente servir à maior cifra dos ensoberbecidos.
O Deus que serve aos arrogantes é o único que pode exigir a prerrogativa de poder salvar os atrevidos que não deixam lavar os seus pés. Só o Homem humilde, por essência, é capaz de tocar na altivez do presunçoso por excelência. Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. Marcos 10:45.
O Deus que se humilha para servir a Pedro, o inquebrantável de dura cerviz e rosto de pedra, acaba abatendo o seu orgulho em chamas, levando-o a lavar os pés dos que permanecem se achando superiores, a fim de matriculá-los na classe do rebaixamento.
A aula da nossa mortificação com Cristo é diária e não tem formatura nem diploma. Quero apenas apontar aqui, duas lições básicas: Deus leva em mais consideração aquele que não se leva a sério em seus direitos, nem se preocupa em ser vip. Quem é humilde nunca saberá que é, pois no dia em que souber algo de sua humildade, aperfeiçoará o seu orgulho.
Agostinho de Hipona deixou essa emenda: “Deus não se torna maior se você o reverencia, mas você se torna maior se o serve humildemente”. Mas cuidado com o show da humildade, pois ele não tem platéia. Se você e eu o estivermos servindo, certamente estaremos lavando os pés de alguns soberbos, tão arrogantes quanto nós. Não discutamos: se somos discípulos de Cristo, que todos nós nos acocoremos e, mãos a obra no novo ano.
Bem-aventurado seja 2011 na vida dos acocorados vivendo para a glória de Abba.
Abba, amado, tu nos criaste totalmente diferentes do que somos agora. O orgulho tomou conta de nós, da cabeça aos pés, e não sabemos como descer deste pedestal. O curso de aprendiz de lava-pés é muito complexo, pois temos exercícios novos e difíceis a cada minuto. Dá-nos a revelação do Homem crucificado que não se importava com as cusparadas na cara, nem fazia conta da coroa de espinhos na cabeça. Ainda que tudo tenha sido muito doloroso, ele não abriu a sua boca para reclamar, nem reivindicou a glória de ser Sua Majestade nos céus.
Quero aprender a lavar os pés dos meus semelhantes com a mesma postura daquele que sendo o Maior se fez o menor, e, como o Servo-Senhor teve aqui, ao se agachar, a condição ímpar de realizar um serviço tão humilhante, sem, contudo, ser humilhado. Concede-me a graça de nunca chamar a atenção dos outros pelos serviços prestados. Obrigado porque tu não és obrigado a cuidar de nós, mesmo assim, tu nunca desistirás de cada um nós, isto é, dos que crêem. Aleluia.
No Nome do teu Filho, o desejado das nações alcançadas pela graça, Jesus. Amém.
Do aprendiz de lava-pés. Glênio Paranaguá.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O SIGNIFICADO DOS DOIS NATAIS

Há dois nascimentos divinais na história humana.
Jesus nasceu aqui na terra, para que eu e você morrêssemos juntamente com ele. Cristo morreu na cruz, para que nós renascêssemos, em novidade de vida, por meio de sua ressurreição.
Ele nasceu na família de Adão, a fim de levar os homens a renascerem, pela graça, na família de Deus. Ele se tornou participante da nossa natureza humana, para que nós fossemos co-participantes da sua natureza divina.
O Criador ficou dependente da criatura, para retornar a criatura como dependente do Criador. Ele se esvaziou de sua gloriosa posição divina, para nos esvaziar da nossa glamorosa pretensão humana.
Na categoria humilde de Deus-Homem, na cruz, a humanidade o rejeitou. Na categoria de Homem-Deus, na ressurreição, a humanidade foi aceita incondicionalmente por seu amor furioso.
O natal de Deus na manjedoura precede o Natal do homem na sepultura. O Deus esvaziado é a sustentação do homem, pleno da graça divina. Bem-aventurados sejam todos os que crêem na suficiência de Cristo Jesus, que nasceu em Belém para nos fazer cidadãos da Nova Jerusalém.
O nascimento sobrenatural de Deus na estrebaria nos estriba até a realidade do nascimento espiritual, como filhos de Abba, ligados ao trono divino. Glória a Deus nas alturas e paz aos homens que ele ama de paixão.
Ditosos Natais aos afortunados filhos de Abba.
2011 com o Pão integral da graça. O Pão nosso, de cada dia, bem quentinho.
Do mendigo-padrão e aprendiz de lava-pés. Glenio Paranaguá

O APRENDIZ DE LAVA-PÉS. VI

Deus encontra-se com o ser humano em posições díspares e antípodas. Eles são distintos, isto é, dessemelhantes, mas também, Deus está numa ponta, na cabeça, como o Criador, enquanto o homem, no lado oposto, acha-se nos pés, como a criatura.
Antípoda, no português, é pé versus pé. Aponta para a posição dos antagônicos. Mas, neste caso há um paradoxo, quando examinamos o Criador do universo, o Deus Altíssimo, se abaixando até ao patamar da criatura e se rebaixando, como ninguém, até ao vale da sombra da morte, a fim de lavar os pés de criaturas altivas, que pensam que são deuses.
Os homens das portas sem maçaneta e sem ferrolhos. Os tipos da existência trancada como se fossem as Mônadas de Leibniz ou o Huis Clos de Sartre, protestam nos bastidores. A turma da roda dentada ou, do homem máquina, inventou o Natal em dezembro para combinar com o pinguço Dionísio, disfarçado de Noel, mesclando a velhusca Babilônia com a Babel moderna.
O nascimento de Deus entre os homens é um disparate lógico sem tamanho. O Criador encaixado numa cocheira e dependente da criatura é, no mínimo, uma loucura cósmica sem procedentes.
Não há nada mais equivocado do que ver o Deus Criador enrolado em cueiros e mamando numa cria adolescente da sua criação. O Onipotente dependente do ser humano, que ele mesmo criou aqui na terra, é uma amostra terrível de humilhação, contrária ao estilo terrificante que a orgulhosa criatura desenvolveu, não aceitando, nem ainda ser como um super-homem ou mesmo um semi-deus no panteão dos invocados.
Assistir ao espetáculo do Deus Todo-poderoso enterrado nos braços do húmus humanizado que se divinizou a si mesmo, é inconcebível para esse terrorismo humano que aspira ao trono do Criador. É pasmoso aceitar o Criador a serviço da criatura, servindo, agachado, aos seres soberbos que não se agacham nem para se servirem.
É por tudo isso que os aspirantes a deuses querem demover a comemoração da vinda de Cristo do calendário. Eles inventaram uma mentira universal no solstício do inverno no hemisfério norte, durante o mês de dezembro, e hoje, o Natal já é saudado simplesmente com: “boas festas”. Só que é festança das boas, essa festa da aceitação incondicional dos mendigos.
Mas, o nascimento de Jesus fala, antes de tudo e acima de todos, do Altíssimo esvaziado, encarnado, humilde, humilhado, dependente do Pai e dependendo de outros seres humanos arrogantes. Natal é a linguagem maior de Deus em estrutura humana, com endereço na terra, acocorado e com bacia nas mãos lavando os pés dos pedantes que querem viver em pedestais como se fossem divos autossuficientes.
Natal é a desconstrução da velha torre de Babel, com a sua proposta presunçosa de chegar ao céu pelos esforços suarentos de uma raça soberba. É a demolição dos edifícios antigos, mas pomposos, da envelhecida arquitetura humanista, que supõe merecer o reino de Deus pelo valor pessoal. É o esvaziamento do absoluto, sem perder nada de sua essência, vivendo como homem a grandeza do amor de Deus.
Querido Abba, como é grande o teu amor e como é minúscula a minha compreensão do que é realmente significante no teu reino. Eu e uma multidão de gente obesa, de ego rechonchudo, vivemos em desespero, absorvidos com o nosso lugar no pódio. Mas o teu Filho que podia se agarrar aos seus direitos de Deus tornou-se homem, sem nenhum direito, sem prestígio algum e acabou reduzido a um cadáver para poder vencer a morte e todos os traços do pecado que nos atormentam com a mania de grandeza.
Dá-nos a graça, na comemoração deste Natal, de sermos reduzidos pelo padrão da cruz ao único modelo que vale a pena se viver. Substitui o nosso ego gordo de orgulho, pela vida destituída de glamour; a vida humilde de Cristo Jesus. Concede-nos o apetite para comermos o Pão nosso de cada dia, nesta festa do contentamento eterno.
No nome do único Senhor que viveu na terra como servo, Jesus. Amém.
Do aprendiz de lava-pés, Glênio Paranaguá.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O APRENDIZ DE LAVA-PÉS. V

Os pés são os órgãos do corpo mais próximos ao solo. Ficam em contato com a nossa origem, ao rés do chão, isto é, no húmus. O ser humano é o húmus avivado pelo beijo de Deus na criação. O sopro divino foi quem deu a vida ao barro, ficando este de pé, mas solicitando a sua visibilidade sobre pés sujos. Seria por causa da sua raiz barrenta?
Alguma coisa estranha aconteceu nesse processo. Tudo aponta para o desejo de a criatura querer ser o Criador, como a causa dessa lama imunda pelo caminho. O pó alevantado através do hálito de Javé, agora quer ter a sua cabeça governando o cosmos.
A testa altiva e os pés empoeirados são as marcas de uma raça arrogante, embora com um destino cruel pela frente. O pecado nos deixou com uma aspiração ao trono celestial, mas aspirando sempre o pó da terra, enquanto viajamos rumo ao túmulo na areia. Almejamos ser Deus, todavia, não passamos de mortais a caminho da nossa origem.
O pó ao pó voltará. Isto é um fato incontestável. No entanto, a poeira agitada pelo fôlego divino supõe que seja o próprio divino em pessoa. O grão de areia não aceita nem mesmo ser um ídolo, um super-homem ou um semideus. Quer ser o próprio Deus.
A raça de Adão é uma turma de vasos de barro rachados, lascados e despedaçáveis, vivendo com arrogância, como se fosse um pelotão de divos gerenciando seus egos insatisfeitos.
Neste terreno argiloso nasce uma criança, de um lado com a índole do lodo, do outro, com a natureza divina. Jesus é o caulim perfeito esculpido na humanidade caída, enquanto Cristo é o Deus esvaziado, porém, a totalidade da Onipotência.
O Deus-Homem veio com a finalidade principal de destronar o barraco de sua obsessão de ser o Castelo real. É muito triste ver o sofrimento de um casebre mal-ajambrado, tentando viver como se fosse um Palácio maravilhoso. É lamentável notar a lama sonhando ser o brilhante solitário na coroa do Rei.
Foi aí, neste contexto totalmente aloprado, que o Soberano Deus, o Criador do universo, tomou a decisão de ficar de cócoras com uma bacia e a toalha, a fim de lavar os pés enlodados de uma gentinha enlouquecida pelo porte de ser graúda.
A lição tinha como objetivo expurgar os anseios de divinização dos vasos de barro, que não aceitavam a sua condição de argila entalhada ou o húmus de pé. Ora, se o humano é o húmus andando a pé, mas querendo sempre ser divino, então, o humilde é o divino vivendo como húmus, no humano, enquanto lava os pés dos seres humanos, com a psicose de serem divinos. Esta é a loucura existencial do evangelho e, ao mesmo tempo, a salvação da humanidade viciada por fama.
A coisa pega quando ouço a voz soprando suprema: Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. João 13:14. Tudo bem. O Senhor pode lavar os pés dos indigentes e continua sempre o Soberano, mas eu, como fico depois desta humilhação? O que vão pensar de mim?
– Você não se intitulou: Sua Alteza, o mendigo? Quem pode ser maior aqui na terra do que um filho de Abba? Quem pode ser mais insignificante do que um mendigo? Se você for um filho legítimo de Abba, você não se importará em ser um Zé Ninguém.
Abba, querido! Eis aqui a minha grande crise. Recebi Jesus e agora sou teu filho. Sei que faço parte da nobreza celestial, mas ainda vivo cá, nesta terra argilosa. Sou um vaso de barro muito metido. A questão é: mesmo sendo mendigo, é muito difícil lavar os pés de outros mendigos. Eu até lavaria os pés da rainha da Inglaterra, ela é apresentada como nobre por aqui, mas lavar os pés da ralé, desta gentalha suja, é demais para mim. Tem misericórdia da minha indigência enfatuada. Dá-me a revelação do Cordeiro, concedendo-me a graça de me acocorar contente, nesta missão de lava-pés.
No Nome dAquele que é sobre todo o nome. Jesus. Amém.
Do aprendiz de lava-pés, Glênio Paranaguá.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O APRENDIZ DE LAVA-PÉS. IV


O orgulho é poeira da minha estrada diária. Todos os dias os meus pés ficam sujos como o pó vermelho da minha arrogância roxa. Sou um altivo inveterado e não tendo a coluna de um invertebrado para me dobrar diante de uma bacia com água a fim de lavar os pés encardidos, fecho os olhos à minha lama, pois o que não aguento mesmo é a areia alheia.
Meu orgulho não me permite encurvar em presença de meus semelhantes. Sou capaz de conviver com a minha empáfia sem nenhum constrangimento, mas não tolero a soberba do meu próximo. A coisa que mais me incomoda é gente orgulhosa.
Que paradoxo! Tenho os pés encarvoados e não suporto os sebentos. Só pode ser mesmo coisa do orgulho vendo em outrem a sua imagem refletida na água turva. Não há quase nada que o orgulho se ressinta mais do que a vaidade de um ser parecido com ele. “O orgulhoso odeia o orgulho nos outros”. Cara de pau! Sê bento tu que és orgulhoso...
Agostinho de Hipona, chamado de o doutor da graça, disse que “o orgulho é o desejo perverso das alturas”. É como se fosse um nanico inchado supondo ser um colosso gigantesco, desafiando como acrobata na ponta de uma vara, a lei da gravidade no topo do Evereste. O pico do mundo é um mundo que pica as entranhas do altivo. Queremos a visibilidade pública no cume da cumeeira.
O Soberano, ao contrário do soberbo, desce dos píncaros da glória e vai até a cava mais funda da história humana para encontrar-se, de cócoras, com uma raça caída e enlameada que se acha superior, a fim de lavar os pés imundos desta gente ensimesmada.
Do sótão celestial ao porão da terra, o Deus encarnado fez uma viagem de humilhação com o propósito de desconstruir o mais terrível inimigo da felicidade humana. O egoísmo soberbo nos impede da celebração, quando os ventos sobram ao contrário.
Thomas Adams foi preciso ao dizer que, “o orgulho lançou o orgulhoso Hamã para fora da corte, o orgulhoso Nabucodonosor para fora da sociedade dos homens, o orgulhoso Saul para fora do seu reino, o orgulhoso Adão para fora do Paraíso e o orgulhoso Lúcifer para fora do Céu”. Posso até concluir igualmente: cuidado com o orgulho, pois só ele é capaz de nos tirar da participação na Casa de Abba como filhos legítimos.
Pedro quase foi lançando fora da escola do lava-pés por causa do seu rompante. Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo. João 13:8. Há algo errado em quem não se deixa lavar os pés de sua sujeira diária.

Mas, a questão vai um pouquinho mais longe ainda. O discípulo lavado, agora é transformado em mero lavador de pés. Ao rés do chão, próximo à sua origem no pó da terra, agacha-se um filho do Altíssimo, à semelhança do Soberano humilde, e, apanhando a sua bacia e toalha, se dá conta de sua missão mais elevada no discipulado do Agnus dei, ao lavar os pés poluídos de uma gentinha arrogante.
Querido Abba, esta lição é deveras difícil para mim. Não consigo me reconhecer suficientemente capaz de me ajoelhar perante o teu trono gracioso, para te pedir de coração: faze-me, de verdade, um lavador de pés. Mas não há alternativa. Foi o orgulho que colocou para fora dos recintos mais importantes, toda aquela gente graúda, que se achava maior que as outras pessoas. Por favor, mesmo sendo dificílimo, revela-me o caminho da cruz com Cristo para que eu seja desconstruído nEle, e assim Cristo em mim me substitua nesta tarefa tão humilhante de lava-pés.
No Nome que é sobre todos os nomes, Jesus. Amém.
Do aprendiz de lava-pés, Glênio Paranaguá

domingo, 28 de novembro de 2010

O CAMINHO DA ADORAÇÃO: A ADORAÇÃO NA HUMILHAÇÃO

Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o SENHOR, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos.Deuteronômio 8:2
Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Mateus 5.3
O caminho da Adoração nos conduz por lugares não muito agradáveis à natureza humana que, pelo medo da dor, não queremos percorrer. A natureza humana rejeita qualquer tipo de ação que tenha por objetivo tirar sua autoconfiança, algo de valor que pensa ter em si mesmo.
O povo de Israel foi por Deus tirado do Egito, onde por mais de 400 anos viveu como escravo, sob opressão. Deus então faz uma aliança com Israel e promete ter o povo como propriedade exclusiva Sua, de ser o seu Deus abençoador, amoroso e misericordioso. Yahweh libertou o povo do Egito, mas o povo ainda não havia sido liberto de si mesmo. Havia soberba no coração que precisava ser exposta para que entendessem a profundidade e a amplitude da separação que tinham de Deus assim como a profundidade e a amplitude do amor de Deus por eles. No deserto Deus provou e humilhou a Israel para saber/mostrar o que estava em seu coração.
Segundo a Enciclopédia Wikipédia, “humilhação é literalmente o ato de ser tornado humilde, ou diminuído de posição ou prestígio”. A humilhação não é geralmente uma experiência agradável, visto que diminui o ego. A humilhação não precisa envolver outra pessoa; ela pode ser um reconhecimento da própria posição de alguém, e pode ser um modo de lançar fora o falso orgulho.
O século XVIII foi chamado de século de luzes. O Iluminismo, que já estava surgindo desde o fim da Idade Média, foi baseado nas ideias de filósofos da época tais como: Francis Bacon, René Descartes, Isaac Newton (cientista), Thomas Hobbes, John Locke e Benedito Espinosa. As questões mais debatidas nessa época foram o racionalismo, empirismo, a lei natural e ainda, o liberalismo, direitos naturais e democracia. Afirmava-se que a razão é capaz de produzir evolução e progresso sendo o homem um ser perfectível. “O homem é o centro do Universo”.
René Descartes disse: “só se pode dizer daquilo que for provado”. No Discurso do Método, Descartes cunhou a frase Cogito ergo sum – penso, logo existo – a afirmação da fé no poder da razão humana. Filósofos e economistas procuraram novas maneiras de dar felicidade ao homem. O princípio organizador da sociedade deveria ser a busca da felicidade; ao governo caberia garantir direitos naturais: a liberdade individual e a livre posse de bens. Para encontrar Deus, bastaria levar uma vida piedosa e virtuosa. Nesse período há um grande interesse pelas artes, pois elas revelam o que o homem tem de “melhor” em si. O doutor David Martyn Lloyd-Jones, teólogo protestante do século XX disse: “Por toda a parte manifesta-se essa trágica confiança no poder do conhecimento e da esmerada educação como tais, como se fossem meios de salvação do ser humano, meios capazes de transformá-lo e torná-lo um indivíduo decente”.
Mesmo em deplorável situação o orgulho faz com que o homem não se dobre e clame por misericórdia. O intolerável egocentrismo alavanca o pensamento positivo para a altivez, de tal modo que prefere executar o Harakiri do código de honra do Samurai, de que ser liberto pela misericórdia. O Iluminismo, chamado de Era da Razão, colocou o homem numa posição de exaltação, contrária à que o Deus encarnado, Jesus Cristo, assumiu. O homem por natureza não quer ser humilde e quando quer mostrar por si só algo diferente, oculta o real desejo de ser exaltado.
Vemos na Palavra de Deus que não é possível ser humilde sem humilhação. Jesus Cristo disse em Mateus 5.3 Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Temos nesta verdade alguma coisa que o mundo não somente não admira como também despreza. Pelo contrário, a autodependência, autoconfiança e auto-expressão controlam os aspectos da vida fora da pessoa de Cristo. Friedrich Wilhelm Nietzsche, um filósofo do século XIX, filho de família Luterana, coloca a humilhação como um jogo político religioso repressor. Ele não entendeu que a religião não humilha, mas exalta o ego. A religião escraviza e subjuga o homem na sua própria ambição, por isso quando a Igreja falhou em libertar o homem, esse buscou sua libertação na Razão. Então Nietzsche disse “Deus morreu”. Sim, se o seu deus morreu o homem precisa se virar sozinho! Se Deus não é o centro de todas as coisas, o homem será o centro de todas as coisas, adorado e exaltado. Esse é o pensamento filosófico Iluminista antropocêntrico. Protágoras de Abdera - (Abdera, 480 a.C. - Sicília, 410 a.C.) foi um filósofo da Grécia Antiga, responsável por cunhar a frase: "O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são."
Entretanto, contrariando a arrogância iluminista, a Palavra de Deus afirma: Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Filipenses 2.5-8. Os judeus esperavam um Salvador exaltado e não humilhado. A religião sem nenhum Salvador insultado e humilhado não suportará insultos e humilhação. A religião está destinada a tentar realizar a impossível tarefa de defender uma honra sem a humilhação da morte de Cruz. Mas, ser cristão significa que os seguidores de Cristo devem ser desejosos de ter a “participação dos seus sofrimentos, conformando-se a Ele na sua morte” (Filipenses 3:10)
Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado. Mateus 23.12. Porém a humilhação de Cristo tem sido sutilmente rejeitada pela igreja contemporânea. A “humildade de espírito” não é popular nem mesmo dentro da igreja. No entanto, o Caminho da Adoração começa quando somos solapados pelo fracasso do desempenho de nossa vida. Deus sabe o que está no meu e no teu coração e precisa nos expor para nos rendermos a sua Justiça. Somente podemos ser cheios do Espírito de gratidão e louvor ao Senhor, se somos esvaziados da arrogância, do senso de direito da justiça própria. Queremos nossos direitos, nossas vontades realizadas, o nosso EU no trono. Enquanto o EU estiver no trono, é o EU que será adorado e não o Senhor Jesus Cristo.
O que significa ser “humilde de espírito”? Ser “humilde de espírito” não significa ser retraído ou covarde. Também não significa reprimir sua verdadeira personalidade, fazendo coisas para parecer humilde. A falsa humildade se revela no desejo de exaltação pessoal, mascarada pela modéstia. Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos. Romanos 12:16. Humilhação é ser categorizado abaixo de outros que são honrados ou recompensados. Que tipo de sentimento cresce em nosso coração quando isto acontece conosco? Que tipo de sentimento temos quando isso acontece com os outros? Se tivermos a perspectiva da Cruz, veremos que ser humilhado e tratado por Deus produz posterior honra e também glórias a Deus, mas se veladamente alimentamos o desejo de exaltação, estamos no centro e Deus não está sendo glorificado.
Não há humildade sem humilhação. A humildade autêntica parte do coração tratado pela Cruz; parte da convicção íntima e profunda da própria insignificância diante de Deus. Enquanto Jesus se humilhou, esquecendo sua dignidade de Filho de Deus, o homem, para ser humilde, deve considerar o que é: criatura subsistente não por virtude própria, mas somente pela graça de Deus. Criatura que, por causa do pecado, se tornou um miserável moral. Só a graça proveniente da humilhação de Cristo pode tornar-nos humildes de espírito.
O deserto é algo inevitável quando Deus trata com a motivação do nosso coração. Enquanto resistirmos ao trato de Deus, mais doloroso será o tratamento. Quanto mais obstinado for o nosso coração, maior será a aflição. João Batista entendeu que embora sendo o enviado por Deus para anunciar a vinda do Senhor Jesus Cristo, não deveria se gabar disso. O qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias. João 1:27. O verdadeiro adorador é conduzido pelo Pai amoroso no mesmo caminho percorrido por Jesus. O caminho da adoração é o caminho do esvaziamento (Fp 2.7), da humilhação (Fp 2.8), de quebrantamento e da exaltação divina (Fp 2.9).
Não somos capazes de produzir humildade. Humilhai-vos (ou seja, tenha uma correta visão de si mesmo a partir de Cristo), portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte. 1 Pedro 5:6. Somente um coração quebrantado que clama ao Senhor reconhecendo sua indignidade, pode ser feito humilde.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Mateus 11:29. Se o meu Jesus deixou-se humilhar se fazendo homem e assumindo o meu pecado; logo Ele que tinha todas as prerrogativas para não aceitar tal humilhação, por que eu, que creio ser um cristão, tento defender a todo custo minha reputação?
Compartilho os versos de Lloyd-Jones:“Nada trago em minha mão. Só na tua cruz me agarro. Vazio, desamparado, nu e vil. Entretanto, Ele é o Todo-suficiente – Sim, tudo quanto me falta em Ti encontro. Oh, Cordeiro de Deus venho a Ti”. Somente quando chegamos ao fim de nós mesmos, podemos nos prostrar e adorar ao Cordeiro, o único digno de toda adoração. Eric Gomes do Carmo - http://www.palavradacruz.com.br/

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

AJUDA FAZ DIFERENÇA

“Vieram, então, uns homens trazendo em um leito um paralítico; e procuravam introduzi-lo e pô-lo diante de Jesus.” (Lucas 5:18 ARA)
A primeira coisa que chama a atenção neste episódio é justamente o fato de que este paralítico era paralítico. Se de nascimento ou não, neste momento não importa. O fato é que estava num leito e tudo indica que não tinha condições de levantar-se. Habitualmente os escritores bíblicos destacam quando é uma criança ou um menino, portanto é razoável imaginar, ainda que não seja explícito, que era adulto. Mas, o que não é suposição é que este paralítico tinha amigos.
Viver sozinho não é bom para o ser humano. Se este paralítico não tivesse amigos teria morrido no leito sem experimentar a cura que Jesus tinha para ele. Se eram seus familiares ou não, eram pessoas que se importavam com ele a ponto de carregá-lo. Era pelo fato de ter quem se importasse com ele que foi levado a Jesus, e ao ler o texto percebemos claramente, com muito esforço. O verbo “procuravam” que aparece no texto indica um ato contínuo e traz o conceito de esforço. Ou seja, seus amigos se esforçavam continuamente para estar diante de Jesus.
Ser ajudado não é humilhante, é abençoador. Ajudar é muito mais bênção, pois como Jesus mesmo disse “melhor coisa é dar do que receber” e isso se aplica à ajuda. Mas ser ajudado pode fazer toda diferença, muitas vezes entre salvação e perdição, vida e morte.
Não há dúvida que ao vivermos em comunidade dentro das igrejas, temos muito leito para carregar. São enfermos do corpo, da alma, das emoções, dos relacionamentos, das finanças e assim por diante. Tembém pode ser que precisemos ser carregados em alguma situação. O importante é estarmos prontos e dispostos a nos importar com as pessoas ao ponto de carregá-las.
Eu ouso dizer que não precisa esperar ficar paralítico para aprender a lição. Ser ajudado é consequência de ter quem se importe. Para chegar a isso, nós teremos de nos importar com os outros primeiros. Semeadura…

“Senhor, ensina-me a me importar com as pessoas a ponto de carrega-las. Ajuda-me para que eu não precise ser carregado, mas se precisar, ter a humildade de receber ajuda.” Mário Fernandez  http://www.ichtus.com.br/dev/2010/11/25/ajuda-faz-diferenca/

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O APRENDIZ DE LAVA-PÉS. III

O Onipotente de cócoras asseando os pés imundos dos discípulos insolentes é uma cena sem precedente na história deste mundo drogado por egolatria.
O pior é que a sua postura é o modelo do seu discipulado. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. João 13:14 . Até aqui, tudo bem, posso admitir o Criador agachado servindo a sua criatura. Ele se basta a si mesmo. O xis da questão é ver a cria sobrepujada, querendo ser o Autor da criação, se ajoelhando perante outro ente doente de ego, para lhe banhar os pés.
Se o assunto ficasse só com o Soberano era mais fácil para nós os soberbos, admitirmos este gesto de humilhação. Deus tem aseidade, isto é, ele não carece de nada, nem coisa alguma lhe diminui. Mesmo o Deus encolhido no corpo de uma criatura não sofre uma mudança de essência, tampouco deixa de ter a plenitude da Divindade. Ele se basta a si mesmo.
A complicação fica sempre conosco, pigmeus morais, ambicionando o trono eterno do Deus Altíssimo. O pecado nos tornou alpinistas juramentados. Somos uma raça anã, vivendo um pesadelo de gigantismo. Sofremos de esporulofobia, ou o medo dos micra que definem a célula imperceptível de uma vidinha medíocre. A invisibilidade social nos atrapalha demais.
O ostracismo nos incomoda nas entranhas. Uma biografia sem palco e sem holofote é insuportável para as brisas que sonham serem ventanias e os ventos que se veem como vendavais. Deus me livre da insignificância! Esta a enfermidade da alma mais difícil de ser curada.
A aula do lava-pés é uma desconstrução do velho paradigma. Cristo Jesus é uma pessoa encarnando duas naturezas simultaneamente. Cristo é a divina encolhida, enquanto Jesus é a humana sarada. O Deus-Homem não teme a humilhação, nem busca a exaltação. O alcance da Sua pessoa histórica é o modelo de nosso ensaio como filhos de Abba.
A bacia, a tolha e o contentamento de ficar agachado, lavando os pés emporcalhados dos semelhantes, arrogantes como eu e você, é o teste de qualidade que me vai dizer como saio na foto junto àqueles que são chamados filhos de Deus.
Não há alternativa. Os discípulos do Cordeiro são alunos do lava-pés. Esta matéria, porém não tem graduação e, se nós não nos humilharmos, seremos humilhados. Sendo assim, é melhor nos curvarmos antes que sejamos encurvado pelos sofrimentos que nos conduzirão ao patamar da humilhação.
Abba, querido, ficar de cócoras com a bacia e a toalha lavando pés sujos de sujeitos soberbos como eu e como a torcida inteira do ego, é muito para a minha empáfia. Posso até lavar os pés dos outros por interesse, pois eu quero um lugar de honra na tua Casa. Mas, tenho dificuldade extrema de fazer por dever. É cansativo demais. Por medo, nem pensar. No amor não existe medo. Ora, se o Senhor é amor, só quero fazer as coisas por amor, sob o teu investimento. Derrama o teu amor em meu pobre coração e me faça de fato um contente lavador de pés, para tua honra e glória somente.
No nome doce do teu Filho amado, Jesus. Amém
Do aprendiz de lava-pés, Glênio Paranaguá

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O APRENDIZ DE LAVA-PÉS. I

A última lição prática que Cristo Jesus deu aos seus apóstolos inchados, antes da cruz, foi a do lava-pés. Durante o seu ministério terreno, de três anos e meio, houve três crises de megalomania entre os seus discípulos. A questão recorrente discorria sempre sobre o saber quem era o maior, o mais notável, o pajé da aldeia ou o cacique da tribo. Sempre a mesma coisa. Que assunto indigesto.
A obesidade emocional é muito mais séria do que a gordura física. Há um perigo muito maior para a saúde como um todo, ao se perceber o intumescimento psicológico, isto é, o ensoberbecer-se sobre os outros, do que, em relação à adiposidade orgânica. É preferível um rei-momo rechonchudo, roliço e barrigudo do que o reinado de uma mente soberba, grossa de ambições e avantajada em seus desejos de grandeza.
Como o mendigo se aposentou de sua calçada para não fazer nada mais além de descansar, se matriculou na escola do aprendiz de lava-pés e, vai continuar historiando. (Só o presidente pode continuar voado).
O ser mendigo é descansar na esmola da graça plena, enquanto o ser lavador de pés é aprender a ralar com júbilo na missão da dependência filial, financiada pela misericórdia que se renova a cada alvorecer. No mundo da roda dentada, o ser humano em pé, empertigado, vale pelos seus méritos e por sua vanglória. Vive em busca de pódio.
Por outro lado, no mundo do pão partido e do vinho derramado, a pessoa só vale ajoelhada e de cócoras, orando ao Pai e lavando os pés dos indigentes, movida por amor incondicional, sem a necessidade de relatórios ou a exposição de suas causas pessoais.
Na escola, As Migalhas Que Caem Da Mesa, se aprende que: a grandeza está nos pés e não na cabeça. Os pés lavados são mais importantes do que os cabelos penteados sobre o topete da cabeça ensoberbecida. A humildade válida, no Reino de Deus, só valida o valor do capacho limpa-pés, nunca do capricho lustra-móveis, reivindicado apenas pelas mentes altivas ou enaltecidas que exigem reconhecimento.
O modelo da grandeza apresentado pelo Maioral dos maiorais é uma bacia com água limpa, uma toalha cingida pela cintura e a disposição de se encolher até aos pés dos pedantes, para limpar a poeira dos pés sujos. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. João 13:5.
O Senhor do Universo, o Criador do Mundo, o Verbo Onipotente em carne vivente, assumindo a postura do escravo mais baixo ou o inferior da Casa, o servente mais desprezível de todos, acocora-se aos pés da criatura, para estender a sua linha graduada, a escala de maior grandeza na administração da economia divina. Ser o maior no Reino da graça é torna-se um aluno do lava-pés, louvando de coração, pelo status semelhante ao posto do Deus agachado.
A pessoa mais elevada no Reino de Deus, segundo o Rei dos reis, o Senhor dos senhores. Segundo o Servo dos servos que não servem, nem mesmo para servir no serviço mais baixo da Casa, é aquela que se importa com aquilo que, diante dos homens orgulhosos e importantes, não tem a menor importância, ou seja, o lavar os pés da gentinha, que ele tanto ama.
Mestre e Senhor da humildade eterna, pedimos-te: ensina-nos, como aprendizes do lava-pés, a nos desvestirmos da túnica de nossa dignidade terrena. Precisamos ser desconstruídos em nossa importância pessoal, que tanto nos exalta. Rogamos também, que, enquanto estivermos sendo vestidos, no recinto da graça, com o avental da tua própria modéstia e revestidos do poder do Paracleto invisível, que possamos servir aos indigentes, neste mundo presunçoso, sem a preocupação com os holofotes acesos e as câmeras ligadas, com toda a diligência e elegância da tua nobreza celestial.
No teu nome santo. Amém.
Do aprendiz de lava-pés, Glênio Paranaguá.

O APRENDIZ DE LAVA-PÉS. II

A crise é antiga. O gênero adâmico não aprecia viver ao rés do chão. Ele foi feito do pó da terra. Vive sujo, mas detesta aspirar a poeira dos pés alheios, enquanto aspira ao trono da glória, como se fosse um deusinho soberano. O ar de importância faz parte do DNA da raça caída, que adora construir jiraus e palanques para se apresentar saliente.
A síndrome do púlpito, o desejo da plataforma, o gosto pelos palcos e a ânsia por serem vistos, a qualquer custo, como artistas Vips ou gente importante são procedimentos do complexo de inferioridade que se alastrou nos anões que sonham sendo gigantes.
Os discípulos de Jesus, Deus encolhido num homem, conviviam com o conflito permanente de altar. Eles queriam ser ou saber quem era o maior. Por três vezes a crise se instalou no colégio apostólico, gerando disputa, olho gordo e dor de cotovelo entre eles.
Na primeira tensão, Jesus pegou uma criancinha e colocou no meio deles, dizendo: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Mateus 18:3. O modelo de grandeza aqui foi um bebê, todavia, eles estavam embebedados pelos conceitos dos governos terrenos. Para o mundo inchado, grande é quem senta em tronos e tem muitos servos a seu serviço.
A segunda articulação visava à posição de nobreza dos filhos de Zebedeu, ambos, “Zé ninguém”. Pretendiam assumir dois ministérios como Plenipotenciários. Jesus mostrou, neste caso, que grande, no reino de Deus não é quem tem muitos servos, mas quem serve a muitos, com um espírito de humildade. Eles, porém, jaziam sem entender nada.
Vem a terceira convulsão de altivez e Jesus toma uma bacia com água e uma toalha, a fim de demonstrar, na prática, o que é a grandeza no âmbito da Trindade.
Se quisermos ser reconhecidos como discípulos de Jesus, teremos que aprender esta lição elementar. Água, bacia e toalha. Retire a túnica da pomba e aprenda a ficar de cócoras, com a popa quase no chão, olhando, não para a cabeça das pessoas, mas para os seus pés sujos. Aqui reside o padrão da realeza diante do trono celestial.
O Deus que lavou os pés dos perturbados pelo poder, que ansiavam ser graúdos neste mundo, é o Criador do Universo, o Senhor da história, por isso mesmo, não há opção para os seus discípulos. A grandeza nos céus é às avessas ou de cabeça para baixo.
Como aprendizes, nós fomos escolhidos para a missão de lavar os pés empoeirados de todos, inclusive daqueles que têm os seus pés rachados, imundos, mal cheirosos, defeituosos, sangrentos, embora, sempre amados, muito amados, os mais amados por Aquele que teve os seus pés transpassados por um amor jamais superado.
Se você e eu somos discípulos do Deus acocorado aos pés dos perversos pecadores, então dispamos dessa roupagem de Sua Majestade terrena e, revistamo-nos dos trajes simples de Sua Alteza, o Mendigo, cheio de graça, humildade e mansidão.
Ó Senhor da submissão, tu disseste: eu nada fiz aqui terra que não tivesse visto meu Pai fazer. (Sem dúvida, lá no céu). Então, a idéia de lavar os pés dos teus discípulos arrogantes, naquele dia, foi do teu Pai, arraigado de amor eterno. Agora, em teu nome, como aprendizes do lava-pés, suplicamos que o teu Aba nos dê da tua modéstia, a ponto de lavarmos os pés dos irmãos, dos amigos e também dos nossos inimigos, com a mesma postura e o mesmo desprendimento que o Senhor demonstrou. Se não for por teu milagre, ninguém conseguirá esta façanha como um filho de Aba.
No teu nome, que é sobre todo nome. Amém.
Do aprendiz de lava-pés, Glênio Paranaguá

terça-feira, 2 de novembro de 2010

SUA ALTEZA, O MENDIGO. L

Sua Alteza chegou ao fim da picada. Depois de cinquenta esboços em busca da ética, até o u perdeu o trema. No Brasil, já ninguém mais treme diante da miséria moral. Tudo não passa de tramas, trambiques, trapaças e trombadas dos trombadinhas do poder.

A fome zero providenciou uma esmola de tacos e ticos em bolsas furadas, que não satisfaz o apetite do faminto, mas lhe dá a sensação de um miserável apadrinhado, enquanto as cuecas e meias saem abarrotadas para os bancos que bancam a bancarrota das bancadas na política de um país imoral. O velho mendigo tem vergonha de ser brasileiro.

Eu tenho fome de significado eterno. Tenho muita fome do Pão do céu. O Pão nosso de Cada dia. O pão da padaria só me sacia por algum tempo. Eu como só para continuar a carreira, mas a minha fome é de Alguém que me ame com amor incondicional e sem tempo de validade, além do que, eu possa amá-lo com a fúria de um ser, plenamente amado.

Por isso mesmo, o mendigo velho vai se jubilar de sua calçada. Aposentadoria compulsória. Chega de mendicância toda semana. Depois do estresse e da pausa para meditar, o melhor é ir se reformando como mendigo e mudar de assunto.

O tema encontra-se sem ibope, o que, na verdade, é uma honra, mas ser pobre na terra, embora sendo nobre no céu seja a bem-aventurança de uma espécie em extinção, que talvez, ainda espere pela o raiar de um novo Dia. Mas a noite escura do humanismo iluminista vem turvando a via-sacra da fé singela dos peregrinos. Até aqueles que se dizem pastores do rebanho do Cordeiro, viraram lobos banqueteando a carniça nos palácios.

Quando menino, no interior do estado mais pobre do país verde, amarelo e azul, aprendi que: “quem tem boca vai a Roma”, mas aprendi errado. Diz outro adágio: “quem conta um conto, aumenta um ponto”. Aumenta e distorce o que ouve e o que conta. O prof. Pasquale, retificando o erro de quem pensava ser o certo, diz que o certo é: “quem tem boca vaia Roma”. Vaia não é uma questão de comunicação, mas de indignação.

Vaiar é a expressão de repulsa que pulsa no coração revoltado por causa da injustiça que agita todos os poderes da nação. Na verdade, isto é uma danação moral jamais vista na romaria rumo ao novo Império Romano, com os seus dez artelhos se mexendo por baixo. O profeta tem razão: Como os artelhos dos pés eram, em parte, de ferro e, em parte, de barro, assim, por uma parte, o reino será forte e, por outra, será frágil. Daniel 2:42. Forte na imoralidade, fraco na moral.

O mundo jaz no Maligno, diz o apóstolo João ninguém, para quem se acha alguém neste mundo imundo. Sem dúvida a democracia é coisa do Demo. Demorou, mas o projeto da Nova Ordem Mundial vai se configurando paulatinamente, enquanto o pau latino vai caindo na mente de quem se meta a resistir mentira do sistema. O caos é a ordem do dia e o ilegal, a normalidade. Bem feito para quem dá crédito ao iluminismo!

Tchau, mendiguinhos bucólicos. Até depois do rapto, não das Sabinas, nem dos sabidos, mas dos sábios que crêem. Se não for incômodo, leiam o profeta Daniel, pois ele descreve, com detalhes, os capítulos do plano.

Um ósculo para todos. Ósculo me parece mais comovente do que beijos.

Do mendigo velho, agora inativo. Glenio Paranaguá

P.S Para os menos avisados, o rapto é o arrebatamento dos santos. Para mim, antes da tribulação. (Só para provocar quem pensa diferente). Azar o seu.

PELAS OBRAS OU PARA AS OBRAS?

"Mas se é pela graça, já não é pelas obras, de outra maneira, a graça já não é graça. Romanos 11:6".

Esta declaração inevitavelmente traz consigo uma conclusão lógica: se é pelas obras, a graça deixa de atuar. De outra maneira, as obras já não são obras. O ponto principal é: ou será por “graça” ou será por “obras”. Não podem ser as duas coisas ao mesmo tempo. São duas eternas antíteses, e, se for por uma, não poderá ser por outra.
A graça é uma atitude Divina para com os homens. No que se refere à salvação, a iniciativa é sempre de Deus. A essência da doutrina da graça é o agir de Deus em favor da humanidade caída.
A manifestação dessa graça é justamente observada na obra redentora e salvadora de Cristo Jesus nosso Senhor para conosco, pecadores falidos e perdidos por natureza, pois segundo a Bíblia, o homem, na sua essência, está morto em delitos e pecados. Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Efésios 2:1-3. Esta é a real condição de toda pessoa que nasce neste mundo e não há nada que se possa fazer para mudar essa situação.
O que então pode despertar um ser como este? A resposta vem no versículo seguinte: Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus. Efésios 2:4-6. A salvação foi iniciada por Deus. Foi Ele quem fez algo. Foi o Pai quem enviou seu Filho Amado para morrer e ressuscitar e nos fazer morrer e ressuscitar juntamente com Ele.
O que seriade nós sem a graça de Deus? O apóstolo Paulo sabia que ele era o que era, por causa da infinita graça de Deus. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo. 1 Coríntios: 15:10. Neste relato do apóstolo, observa-se que a graça de Deus não é algo estático, ela gera efeitos, gera resposta em nossos corações. Paulo enfatiza que trabalhou muito mais do que todos, mas deixa claro que foi a ação da graça de Deus agindo nele.
Atualmente, o povo de Deus vive uma graça inconsequente. Observamos pessoas anulando e fazendo da graça de Deus algo vão e vazio. Porque uma coisa é certa, todas as vezes que usamos a graça de Deus para um proveito próprio, nós a anulamos. O cristão sempre será alguém devedor da graça e da misericórdia de Deus. Todas as vezes que ele olhar para trás, terá que dizer inevitavelmente, “sou o que sou pela graça de Deus”.
Outrora nós também éramos insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a benignidade de Deus, nosso Salvador, e seu amor para com todos não por obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou mediante a lavagem da regeneração e da renovação pelo Espírito Santo, que ele derramou ricamente sobre nós, por meio de Jesus Cristo nosso salvador. Tito 3:3-6.
Jamais poderemos nos jactar do que somos, pois seremos devedores eternos da graça de Deus. Até mesmo quando somos chamados a operar a nossa salvação com temor e tremor, este chamado é inteiramente pela graça maravilhosa de Deus. Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Filipenses 2:12-13. Precisamos entender que jamais poderemos, pelos nossos próprios esforços, adquirir a salvação. Paulo, nesta passagem, não está exortando os membros da igreja de Filipos a produzirem sua própria salvação, mas sim os exortando a porem em ação a salvação que já possuíam. Ele não está escrevendo para pessoas que se tornariam cristãs, mas para pessoas que já eram cristãs. Estava dizendo que agora eles podem aperfeiçoar, efetuar, levar a um resultado completo, ou finalizar algo que já fora neles iniciado. Somos exortados a não receber a graça de Deus em vão, a não anularmos a graça de Deus. E nós, cooperando com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão. 2ª. Coríntios 6:1.
Em parte alguma o Novo Testamento apresenta a vida cristã e a salvação como algo que adquirimos como fruto do nosso esforço ou desempenho pessoal. Pelo contrário, somos informados de que: Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus. Filipenses 1:6. Não existe nada que Deus exija em sua Santa Palavra que Ele mesmo, por sua graça, venha nos capacitar a cumprir para que nós O glorifiquemos. Por isto, não existe preço algum a ser pago. Paulo deixa bem claro que quem opera tanto o querer como o efetuar é Deus. Dizendo isto, ele quer tirar os holofotes de si e mirá-los para Aquele que é o único digno de receber toda glória e honra. É Deus quem opera em vós, não eu. Não é Paulo, mas Deus. Muitas vezes, Deus faz a obra e as pessoas dão o crédito aos homens. O pior é quando os homens buscam auferir para si o crédito que só pode ser dado ao Cordeiro. Os homens são apenas canais por onde flui a água viva que dessedenta. Os homens podem ser e, de fato, são úteis na proclamação do Evangelho, porém meros instrumentos nas mãos de Deus.
O que vemos hoje é uma dependência doentia de homens, os quais, muitas vezes, ficam como cães a lamber seus donos por interesses próprios e para a satisfação de seus egos, porque não foram crucificados com Cristo. Paulo sabia muito bem desse perigo e desse favoritismo do inferno ao escrever: Afinal de contas, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e isto conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou, mas Deus deu o crescimento. Pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. 1 Coríntios 3:5-7. Hoje em dia, há uma dependência exagerada e um foco desmedido em homens ao invés de Cristo. Os homens caem ou se vão e seus dependentes tendem a entrar em colapso ou em depressão, justamente porque seus olhos estão fitos não Naquele que pode todas as coisas, mas naqueles cujo o fôlego está nas narinas. A Palavra de Deus nos exorta a olharmos fixamente para Jesus. Olhando firmemente para Jesus, autor e consumador da nossa fé, o qual pelo gozo que lhe estava proposto suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. Hebreus 12:2.
Nossa salvação é pelas obras ou para as obras? Deixemos a própria Palavra de Deus responder a esta pergunta. Pois é pela graça que sois salvos, por meio de fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus, não das obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. Efésios 2:8-10. Não somos salvos pelas obras, mas para as boas obras, que o próprio Deus, em sua sabedoria eterna, deixou preparadas para nós. Por isto, todo nosso crescimento precisa estar focado nesta graça maravilhosa de Deus e não somente no conhecimento de Deus. Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade. Amém. 2 Pedro 3:18.
Gostamos muito da palavra maturidade, crente maduro. O que vem a ser um crente maduro? Quando o apóstolo Paulo fala sobre seu crescimento, usa uma ordem muito esquisita. Primeiro, diz que é “o menor dos apóstolos”, que não era nem digno de ser chamado de apóstolo. Passado aproximadamente cinco anos, refere a si mesmo como “o menor de todos os santos”.Perto do fim de sua vida, considera-se “o principal dos pecadores”. Existe sem sombra de dúvidas um crescimento, mas um crescimento para baixo. Nosso Senhor explicou muito bem isso ao dizer: Mas ele me disse: a minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Portanto, de vontade me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. 2 Coríntios 12:9.
Maturidade é dependência da graça de Deus. Quanto mais aprendemos a depender da graça de Deus, mais maduros nos tornamos. Somos chamados por Deus para comunhão e não para perfeição. A perfeição é o resultado da comunhão e não vice-versa. Quando Abrão tinha noventa e nove anos de idade, apareceu-lhe o Senhor e lhe disse: Eu sou o Deus Todo Poderoso, anda na minha presença, e sê perfeito. Gênesis 17:1. A perfeição vem pela comunhão, pela entrega, pelo confiar diário Nele de todo nosso coração, sem nos estribarmos no nosso próprio entendimento, mas reconhecendo-O em todos os nossos caminhos, para que somente Ele endireite nossas veredas, e toda glória possa ser dada a Ele. Porque dele e por ele e para ele são todas as coisas. Glória, pois a ele eternamente. Amém! Romanos 11:36. Maurício Torres http://www.palavradacruz.com.br/

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

NA TRIBO DA TRIBULAÇÃO

Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por tribulações; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo. João 16:33.
Jesus falou de um tempo de tribulações, onde os seus discípulos seriam expulsos das sinagogas, levados aos tribunais e perseguidos, através de várias formas atrozes.
Ele afirmou que estas tribulações advinham do fato de seus discípulos não fazerem parte do sistema que governa este mundo, ou não serem do mundo. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia. João 15:19.
A igreja é a seleção dos indigentes. Jesus escolheu os piores do mundo para receberem de graça, a sua graça, a fim de tomarem parte de um novo fato espiritual. Esta coletividade é a tribo dos eleitos pela graça, que vive só por meio da graça. Seu estilo de vida fere a pose mundana do merecimento, que acaba perseguindo os aceitos incondicionais.
O mundo é a expressão do mérito pessoal. Caim matou Abel só por causa dos merecimentos que lhe eram próprios. Ele não poderia aceitar que o seu irmão pudesse ter sido aceito pela graça, enquanto ele fosse rejeitado pelos seus méritos. A graça ofende ao mérito em sua essência. Como pode o indigno ser benquisto e o digno ser malvisto?
A questão está na origem do desempenho. A graça se baseia nos feitos de Deus, enquanto os méritos, nos feitos humanos. E os feitos exigem glória. O mundo existe por causa do mérito incrustado nos valores humanos. A igreja subsiste por causa da opulência dos favores divinos. Assim, o que tem valor não tolera viver de favor. De quem é a glória?
O mérito não suporta a premiação de quem tem demérito. Favorecer o indigno é uma das maiores ofensas para o valoroso. Nada pode ser mais ultrajante no mundo, do que a aprovação do vil. Como a graça aceita o pecador desprezível pelo favor de Cristo, quem tem valor, não pode apoiar tal aceitação, e, deste modo, deflagra-se a aversão.
A igreja é uma reunião da triagem dos rebotalhos ou escorias do mundo. Paulo sabia desta eleição destoante, quando disse que Deus escolheu as pessoas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. 1 Coríntios 1:28-29. Não há coisa alguma que se compare a este método de seleção, no mundo da meritocracia.
Talvez, algo parecido aconteça somente no voto de repúdio numa democracia inculta, quando os incivilizados e revoltados, irritados com os aproveitadores do poder, acabam elegendo os piores candidatos a parlamentar, como um grito para lamentar.
Fora disto, só o evangelho é capaz de aceitar os piores pecadores. Contudo, há uma diferença marcante entre os dois, uma vez que, na democracia estupidificada, os palhaços são eleitos pelos rebeldes ignorantes, como a tiririca do seu jardim, enquanto no evangelho, estes indignos são aceitos pela misericórdia em Cristo, como filhos de Deus.
As seleções no mundo dos esportes, por exemplo, não praticam este critério de aceitação dos piores ao escalar o seu time. Os bons empresários também não concordam com este tipo de triagem na formação da sua equipe de trabalho.
O governo do mérito não admite os mendigos assentados em tronos. Por esta razão disparatada é que surge a revolta da benemerência contra os deploráveis. Esse acossamento é uma demanda da visão vesga do ego, que confunde o donatário com o donativo.
Quem almeja ser o dono da coisa não lida muito bem com a ideia de viver de donativos. Como posso ser o donatário do mundo, vivendo às expeças das petições? A prece é degradante para quem se apressa a viver como deus neste mundo. É melhor rebelar-se.
O mundo é sempre o que persegue. A igreja é, continuamente, a perseguida. Mas o mundo pode estar dentro da igreja, quando esta estiver perseguindo o indigente. Se houver ódio e perseguição na via de um peregrino, aqui na terra, nunca será por parte da igreja de Cristo. Trata-se, com certeza, do mundo infiltrado na igreja.
A igreja sendo perseguida é normal. Uma igreja perseguidora é, de fato, anormal, pois se trata de uma corporação mundana. Aquele que persegue aos outros não pode ser um discípulo de Cristo. Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. João 15:20.
Jesus nunca perseguiu a ninguém, mas foi sempre perseguido pelos melhores exemplares deste mundo. Porém, o mundo que o perseguia encontrava-se muito bem camuflado no seio da religião do seu povo. Não era a turma política de Roma, mas a politiqueira de Jerusalém quem promovia a sua perseguição.
A tribo atribulada não está sendo apenas atacada diante das tribunas e dos tribunais externos, mas, e principalmente, pela tripulação interna, entre os falsos irmãos ocupando a liderança, sob o manto insuspeito da vida espiritual.
A infiltração disfarçada do joio no meio do trigal é uma das táticas mais astutas do adversário. Aqui reside um dos mais terríveis ardis de demolição da paz eclesiástica.
Os inimigos de Cristo foram primeiramente violentos. Eles perseguiam a igreja de forma cruel, sem dó nem piedade. Mas o tiro saiu pela culatra. “Cada gota de sangue era um grão que brotava e se espalhava”. Enquanto um cristão era torturado e morto, dez passavam a existir em seu lugar. A morte de um, era o surgimento de um punhado a mais.
O método foi ineficiente. Então passaram à oposição ideológica. Também não deu certo. Os argumentos racionalistas não puderam sufocar o estilo de vida. A realidade cristã não é apenas doutrinária, mas, acima de tudo, uma experiência de vida com Cristo.
Se nem a perseguição bárbara, nem a oposição das ideias puderam arrefecer o desenvolvimento do cristianismo, então as suas hostes precisaram dar à luz uma estratégia mais brilhante, para poder conter o avanço da fé cristã. E, foi assim, que promoveram a infiltração dos falsos cristãos, para confundir a realidade espiritual da igreja.
Se a perseguição intensa e a oposição ideológica não foram eficientes o bastante, com certeza, a subversão tem se mostrado um método competente para anular o crescimento da igreja, tanto em sua qualidade moral como espiritual. O falsificado vem corrompendo com sutileza lenta e quase invisível a fé autêntica.
No tempo do apóstolo Paulo já havia uma semente desta espécie no seio da igreja. Ele traz à baila a sua cara artificial e resiste com firmeza aqueles que ele denomina de falsos irmãos que se entremeteram com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus e reduzir-nos à escravidão; aos quais nem ainda por uma hora nos submetemos, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós. Gálatas 2:4-5.
Por causa deste joio fingindo-se de trigo, muita dor é alastrada nas entranhas da igreja de Cristo, causando desconfiança e animosidade, sem uma razão plausível. Confio de vós, no Senhor, que não alimentareis nenhum outro sentimento; mas aquele que vos perturba, seja ele quem for, sofrerá a condenação. Gálatas 5:10.
O apóstolo demonstra que há um juízo divino passando por cima da cabeça daqueles que perturbam a unidade do Espírito, no vínculo da paz, entre os irmãos.
Os judaizantes são análogos aos cristãos, embora esta parecença fique apenas nas aparências externas. A conduta se assemelha, mas a motivação é bem diferente. O cristão é movido à graça, enquanto o judaizante ao mérito. Aqui jaz uma distinção opositora.
Há uma pendenga antiga entre Ismael e Isaque. Entre o filho da carne e o descendente da Promessa. Entre a potência humana e a fraqueza pessoal. Ou ainda, entre o legalista e o que vive pela graça. Mas esta guerra nunca é ao contrário, além do que, essa briga unilateral sempre se atualiza. Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim também agora. Gálatas 4:29.
A tribo da graça, sucessivamente, é atribulada pela turma das láureas. Aqueles que gostam de exibir as condecorações acabam descendo as pauladas naqueles que, sem méritos, são aceitos, incondicionalmente, como filhos de Abba. Assim, “feridas e contusões são as únicas medalhas que os santos carregam no corpo, por causa da sua fé no Cordeiro”.
A tribo da tribulação é atribulada por depender da graça plena, mas ela nunca será uma causa de atribulação na experiência de outros. O filho de Abba é atribulado no mundo, sem, contudo ser o motivo de atribular, voluntariamente, os outros seres humanos.
Nossa cartilha magna reza: Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. 2 Coríntios 4:8-10.
Ser um perseguido, mas, jamais um perseguidor, é a marca de um legítimo cristão. Viver atribulado, mas, nunca atribulando os adversários, é o que nos torna mais semelhantes ao Senhor Jesus Cristo. Por isso, como o apóstolo, um membro honorário desta tribo, nós podemos aprender a fazer festa no desgosto. Mui grande é a minha franqueza para convosco, e muito me glorio por vossa causa; sinto-me grandemente confortado e transbordante de júbilo em toda a nossa tribulação. 2 Coríntios 7:4. Glenio Fonseca Paranaguá - http://www.palavradacruz.com.br/

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Onde Está o Seu Tesouro? Kim Butts

“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6.19-21).

Se você perguntar à sua família o que eles mais valorizam, o que dirão? Descobrir a resposta lhe dará a oportunidade de dar uma boa olhada para dentro do coração dos seus filhos para ver se já foram conquistados pela cultura – ou por Cristo. Seus filhos querem possuir os mais recentes lançamentos do mercado e ter o que as outras crianças têm? Sentem simpatia por outros, têm um coração para interceder e uma vida focada em servir ao Senhor? As respostas revelam onde está o tesouro deles?
Já que está fazendo uma pesquisa sobre o “tesouro” da sua família, talvez você queira fazer uma sobre o seu também. Você pode ter a melhor das intenções de ser um exemplo de santidade para seus filhos e, mesmo assim, ter o coração preso em algo que se tenha tornado um ídolo em sua vida. Se assim for, esta pode ser uma boa oportunidade de falar em família a respeito do que é ou do que deveria ser mais importante nesta vida para os seguidores de Jesus Cristo.
Deus é o nosso pai. Ele não é o grande “espoliador” de crianças e adultos. Ele é generoso e quer nos dar boas coisas, coisas que serão mais saudáveis e benéficas para nós, coisas que podemos usar para trazer mais glória para ele e coisas que serão importantes para o seu Reino. Ele permite que tenhamos alguns bens a fim de podermos ser generosos e compartilhar com aqueles que estão em necessidade. É quando não enxergamos para além do próprio egoísmo e cobiça que não conseguimos ver o propósito por trás daquilo que Deus permite na nossa vida.
Quando isso acontece, o Pai pode resolver nos cutucar, permitindo que passemos por desapontamentos e privações. Somos um perigo para nós mesmos quando sempre conseguimos o que queremos ou pensamos que devíamos ter. O orgulho e o egoísmo se insinuam dentro do coração.
Vivendo Vidas Simples
Tem sido intrigante observar que, com o passar dos anos, estou ficando cada vez mais disposta a simplificar minha vida, como se estivesse me preparando para deixar esta Terra um dia sem levar nada comigo – o que, aliás, é o que vai acontecer. Meu coração está ficando cada vez mais focado no céu à medida que o Pai me ensina a contentar-me com menos “coisas”. Ele está me mostrando que devo me desapegar de possessões porque nenhuma delas vai durar.
Às vezes, penso que preciso de algumas coisas e descubro, mais tarde, que realmente não eram necessárias. Na verdade, apenas tomavam meu tempo; tinha sempre de mudá-las de um lugar para outro e procurar papéis importantes no meio de tantas coisas que deveriam ter sido descartadas há muito tempo. Por conta delas, nunca conseguia organizar minha casa do jeito que queria!
Se você conseguir ensinar aos seus filhos como ser organizado e como lidar com suas “tralhas” quando ainda são jovens, terá feito um enorme favor para eles! Terão muito mais liberdade para focalizar coisas que têm valor eterno ao invés de tomar tempo com coisas que serão “queimadas”. Seu tesouro não estará nas coisas que possuem, mas no Reino de Deus.
Recentemente, meu marido e eu nos mudamos para uma casa menor e descartamos ou demos embora muitas das nossas possessões. Ficamos com bem menos “tralhas”. Não sentimos falta de nada do que não temos mais e nossa vida ficou muito menos complicada. A simplificação exterior das nossas vidas foi boa para nós; entretanto, logo descobrimos que essa simplificação precisava ser uma disciplina interna antes de poder realmente ser externa.
Em outras palavras, é plenamente possível simplificar a vida, como nós fizemos, e ainda não haver mudança alguma dentro do coração que pudesse impactar significativamente o Reino de Cristo. É até perigoso reduzir seu ritmo de vida e diminuir suas possessões, pois pode gerar justiça própria e orgulho, se não tomar cuidado. A simplicidade é muito visível exteriormente. As pessoas logo notam mudanças físicas no estilo de vida. São as mudanças espirituais dentro do coração que são mais sutis, mas que devem ser o objetivo primário.
Se meu motivo para reduzir as possessões é que esse esforço seja notado pelas pessoas, então meu tesouro se transformará em soberbia. A simplificação da vida não deve ser o foco primário. É possível ter um estilo de vida mais simples e não ser transformado espiritualmente. Entretanto, se a motivação para simplificar a vida é obedecer a Cristo e buscá-lo em primeiro lugar, então todas as outras necessidades serão supridas. Jesus deu as instruções necessárias para se viver uma vida de simplicidade em paz e alegria. Talvez seja bom decorar estes versículos com sua família: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33; decore também Mt 6.19-21).
Se não buscarmos o Reino de Deus, fazendo disso o objetivo principal da nossa vida, não tem sentido simplificar. O simples descarte de posses não tornará nossa vida mais completa e abençoada. Somente quando buscarmos a simplicidade com o propósito de passar mais tempo com Jesus e enfocar nossa atenção no Reino de Deus é que experimentaremos a paz e a alegria de uma vida equilibrada. Nosso coração pode ser encontrado no lugar onde está nosso tesouro. O coração dos membros de sua família está focalizado no tesouro que não pode ser roubado nem destruído?
Aprendendo a Abrir Mão
Abrir mão nem sempre é fácil, principalmente para as crianças. Entretanto, o Senhor nos mostrou com clareza em sua Palavra que apegar-se a qualquer coisa mais do que a ele é idolatria. Há coisas, e até pessoas, que podem ter mais prioridade para nós do que o Senhor Jesus. E muitas vezes nem nos apercebemos disso. Você sabe quais são as coisas que o distraem do seu primeiro amor? Você está ciente do que são essas coisas na vida de seus filhos? Talvez seja hora de sentar-se com eles e descobrir onde está o seu tesouro.
Depois de tomar consciência dos seus ídolos, é hora de arrepender-se. Em seguida, é necessário buscar uma mudança de tal modo que sua vida fique livre da escravidão às coisas que estão fadadas à destruição e cheia do amor supremo que é eterno.
Sugiro que leiam como família esta passagem:
“Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas. Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça. Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis” (2 Pe 3.10-14).
Conversem sobre o significado disso e falem a respeito do que precisa acontecer em seu lar e no coração de cada um a fim de se alinharem com a Palavra.
Trechos da Escritura para Estudar e Aplicar
Se você e seus filhos se convencerem de que devem alinhar seus corações com o tesouro supremo que é o Reino de Deus, e se estão determinados a deixar para trás o egoísmo e a cobiça da nossa cultura que o inimigo tem prazer em impor sobre nós, aqui estão alguns trechos das Escrituras para fortalecer a sua decisão. Leiam e estudem juntos como família.

Se buscarmos a sabedoria como um tesouro escondido, compreenderemos o temor do Senhor e descobriremos o conhecimento de Deus (Pv 2.1-5).

Precisamos nos guardar dos ídolos (1 Jo 5.21).

Devemos fugir da idolatria (1 Co 10.14).

Precisamos arrepender-nos da nossa idolatria (At 17.29-30).

Não podemos ser salvos pelo nosso tesouro (Jó 20.20).

Devemos dar nossos tesouros pessoais para a obra de Deus (1 Cr 29.3)!

Não armazene coisas para você mesmo, antes seja rico para com Deus (Lc 12.21).

Jesus presume que seus seguidores serão generosos e até nos conclama a doar de forma anônima e em segredo (Mt 6.2-4).

Deus dá riquezas que permanecerão para sempre (Pv 8.18).

O fruto do Senhor é melhor do que ouro fino (Pv 8.19).

O que o Senhor produz é melhor do que a prata escolhida (Pv 8.19).

Podemos amealhar grande riqueza e tudo ainda ser sem sentido (Ec 2.8-11).

O Senhor será o fundamento seguro para o nosso tempo, fonte abundante de salvação, sabedoria e conhecimento; o temor do Senhor é a chave para esse tesouro (Is 33.6).

Se fizermos ídolos, somos nada, e as coisas que entesouramos são sem valor (Is 44.9).

Por causa do pecado do nosso país, o Senhor dará os nossos tesouros aos inimigos como despojo (Jr 17.3).

Pela nossa própria sabedoria e entendimento, adquirimos riqueza; contudo, nosso coração se tornou orgulhoso (Ez 28.4-5).

Quando encontramos uma pérola de grande valor ou um tesouro escondido num campo, devemos vender tudo o que temos para comprá-los (Mt 13.44-48).

Já que fomos instruídos a respeito do Reino de Deus, precisamos tirar do nosso tesouro tanto coisas novas como velhas (Mt 13.52).

Jesus deu a chave para a perfeição: vender tudo, dá-lo aos pobres e receber tesouro no céu – e então seguir a Jesus (Mt 19.21).

Tenha cuidado porque é difícil um rico entrar no Reino dos céus (Mt 19.23-24).

Quando doamos, mesmo tirando da nossa pobreza, damos muito mais do que aqueles que dão do que têm em excesso (Mc 12.41-44).

Precisamos estar alertas contra todos os tipos de cobiça; nossa vida não consiste na abundância do que possuímos (Lc 12.15).

Que sejamos encorajados no coração e unidos em amor de tal modo que tenhamos todas as riquezas do completo entendimento – a fim de conhecer o mistério de Deus, isto é, Cristo (Cl 2.2).

Que façamos o bem e sejamos ricos em boas obras; sejamos generosos e dispostos a compartilhar – pois assim ajuntaremos tesouros para nós mesmos como firme fundamento para a era vindoura e alcançaremos a vida que é verdadeiramente vida (1 Tm 6.18-19).

O tesouro do evangelho de Cristo está dentro de nós, como vasos de barro, de tal modo que todos perceberão que só pode ter vindo pelo poder de Deus e não de nós mesmos (2 Co 4.7).

Todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão escondidos em Cristo (Cl 2.3).

Se formos ricos neste mundo, não sejamos arrogantes nem depositemos nossa esperança na riqueza, que é incerta; ao contrário, coloquemos nossa esperança em Deus, que nos concede amplamente todas as coisas para nossa alegria (1 Tm 6.17).
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As Crianças do Reino no Abraço de Deus - Kim Butts

“Trazendo uma criança, colocou-a no meio deles e, tomando-a nos braços, disse-lhes: Qualquer que receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que a mim me receber, não recebe a mim, mas ao que me enviou” (Mc 9.36-37).

“Então, lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele. Então, tomando-as nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava” (Mc 10.13-16).
Jesus deixou muito claro para os discípulos como se sentia a respeito de crianças. Os textos acima são as únicas duas passagens registradas nas Escrituras que mencionam o fato de Jesus ter tomado alguém nos braços – e em ambas as ocasiões foram crianças! Marcos registrou esses carinhosos gestos do abraço de Deus a fim de revelar-nos algumas coisas muito importantes a respeito de crianças e do seu reino.
Sejam Bem-vindas, Crianças
No capítulo 9 de Marcos, vemos Jesus dando atenção especial ao treinamento dos seus discípulos. Depois de ensinar o princípio de servir (os últimos serão os primeiros), ele acentuou a lição tomando uma pequena criança nos braços e afirmando que acolher uma criança era o mesmo que acolher o próprio Jesus. Crianças pequenas geralmente são consideradas as últimas e as menores na ordem de importância. Contudo, Jesus, caracteristicamente, usou esse fato para ensinar aos discípulos mais uma lição a respeito do Reino de Deus, reforçando a importância de humildade e serviço nesse reino onde crianças têm o mesmo valor de qualquer outro cidadão aos olhos de Deus.
A fim de tornar essa verdade relevante para a cultura atual, é importante lembrar que Deus é o mesmo ontem, hoje e para sempre. Ele não alterou sua posição sobre a importância de acolher as crianças. Mesmo assim, geralmente relutamos em fazer isso porque as crianças são imprevisíveis e “bagunceiras”. O desejo de Deus é tocar, mudar, transformar, abençoar e modelar seu povo, indiferentemente de idade ou maturidade. As crianças não são influenciadas pela posição de influência, riqueza ou status das pessoas que as amam. A única coisa que sabem é que recebem cuidado e afeto quando a graça de Deus é derramada sobre elas por meio de um ato amoroso, tal como um abraço ou uma palavra abençoadora. E, ao acolhermos uma criança, de acordo com a Escritura, estamos acolhendo o próprio Jesus.
Tragam as Crianças e Não as Impeçam
É interessante notar que pouco depois de o Senhor ensinar aos discípulos a importância de acolher as crianças, eles evidenciaram mais uma vez sua falta de compreensão. Talvez na tentativa de resguardar Jesus de “amolação”, tentaram afastar as pessoas que traziam crianças para serem tocadas pelo Mestre. Quão rapidamente se esqueceram dos pacientes, porém sérios ensinos de Jesus!
O mesmo acontece conosco até hoje. Parece que não estamos muito convencidos de que as crianças ocupam uma posição de igual importância à dos adultos. Evidenciamos nosso patente preconceito na atitude que temos em relação à educação espiritual das crianças. Se tivéssemos aprendido que acolher as crianças é o mesmo que acolher a Jesus Cristo, seríamos tão prontos a dar prioridade secundária à formação espiritual delas em nossos lares e igrejas? Crianças salvas são coerdeiras com Jesus, tanto quanto o são os adultos.
É impossível ser tocado por Jesus sem ser abençoado e mudado. Tome como exemplo a situação da mulher que tivera um fluxo de sangue durante doze anos. Ela “sabia” que tudo o que tinha de fazer era tocar a barra do manto de Jesus e ela ficaria bem. Foi muito grande a sua fé – fé inocente, como de uma criança! Da mesma maneira, o toque de Jesus libera o poder de Deus para transformar nosso coração.
Os pais que levaram seus filhos para Jesus sabiam que um toque dele mudaria para sempre a vida daquelas crianças. Você já se imaginou como uma das crianças que Jesus pegou nos braços e abençoou? Não teria sido interessante seguir cada uma delas e ver como Deus modelou o coração e a vida para serem usadas no seu Reino?
Na qualidade de pais, é nossa responsabilidade levar os filhos a Jesus. Descumprir esse dever sagrado é desobedecer ao Senhor. Estamos impedindo nossos filhos todas as vezes que não dedicamos tempo para educá-los e fortalecer sua fé simples e pura. Você tem culto doméstico em sua casa ou só confusão doméstica? John Wesley recomendava que houvesse adoração e estudo na família duas vezes por dia, de manhã e à noite. O formato sugerido incluía oração, cântico de alguns Salmos, estudo da Bíblia (um dos pais lia e explicava uma passagem das Escrituras e os filhos a explicavam de volta para os pais), cantar a Doxologia, ouvir uma bênção pronunciada por um dos pais e, finalmente, abençoar os filhos em nome de Jesus. A bênção incluía impor as mãos sobre a cabeça de cada filho e era ministrada mesmo que algum deles tivesse se comportado mal naquele dia.
Como a maioria das famílias tem se afastado de qualquer semelhança a esse padrão! Se você soubesse que não aproximar seu filho a Jesus diariamente é o mesmo que impedi-lo de receber o abraço carinhoso do Salvador, será que seus hábitos espirituais em casa mudariam?
Recebam o Reino Como Criancinhas
Jesus disse claramente que o Reino de Deus pertence aos pequeninos e que “quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele” (Mc 10.14-16). As crianças têm uma abertura e uma receptividade que lhes permitem receber o Reino de Deus como uma dádiva. O Reino não pode ser conquistado e é dado gratuitamente. Elas acreditam nisso e não duvidam.
Jesus queria que seus discípulos, tanto os daquela época quanto os de agora, compreendessem que, verdadeiramente, o Reino de Deus está próximo. Por meio da cruz, Jesus traz o Reino de Deus a nós, no presente momento. Como alguém já escreveu: “Uma parte da nossa tarefa, na função de postos avançados (bases militares) do Reino de Deus na Terra, é orar ativamente para que a realidade do governo de Deus, que por enquanto é manifestada perfeitamente só no Céu, venha fazer parte da nossa vida aqui na Terra”.
Sua família tem experimentado o Reino de Deus em seu dia a dia? Você ora para que o que acontece no Céu aconteça também aqui na Terra? Deus quer tocar, modelar e transformar a nossa vida para sermos úteis no seu Reino – agora! Somos suas mãos e seus pés, e ele deseja que recebamos seu Reino com fé simples e ingênua de tal modo que sua vontade seja realizada na nossa vida, nosso lar, nossa igreja, nossa comunidade e no mundo.
Costuma-se dizer que a realidade do Reino de Deus é “presente agora, mas ainda não plenamente consumada”. Nunca entenderemos a totalidade dessa verdade enquanto não vier a plenitude; entretanto, sabemos como Jesus viveu sua vida terrena. Se buscarmos a semelhança com Cristo, podemos ser transformados dia após dia por meio de atos de simples obediência à Palavra de Deus.
Você está ensinando seus filhos a viverem como Jesus? Você ama o Senhor seu Deus com todo o coração, a alma, a mente e a força? Você ama seu próximo como a si mesmo? Seus filhos estão aprendendo a obedecer ao Pai celestial? Como uma família, vocês estão crescendo na fé? Estão servindo aos pobres e às pessoas marginalizadas na sua comunidade? A oração é uma atividade contínua durante todo o dia? Seus filhos sabem que Deus os ama incondicionalmente? Eles sabem que você também os ama dessa forma, na proporção em que busca uma vida semelhante a Cristo?
Dedique tempo a considerar cuidadosamente como as respostas a essas perguntas afetam sua família. O que é necessário mudar para que Jesus seja revelado em sua vida prática – e na vida de seus filhos?
Abençoe as Criancinhas
Desde o tempo em que meu filho era muito jovem, adotei a prática de impor as mãos sobre sua cabeça e proclamar uma bênção sobre ele. Normalmente, eu utilizava uma versão modificada da bênção do sumo sacerdote em Números 6.24-26: “O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz”. Talvez esta tenha sido exatamente a bênção utilizada por Jesus em Marcos 10.
De acordo com a instrução da Palavra de Deus e com os conselhos de John Wesley, a bênção deve sempre ser ministrada em nome de Jesus. Sou grato por que, independentemente do tipo de dia que David e eu havíamos passado, se ele havia sido repreendido ou se eu havia me zangado – nós sempre fomos capazes de oferecer e de receber expressões de perdão e amor um para o outro por meio desse precioso tempo de bênção. Acredito que Deus também quer ter esse tipo de contato íntimo conosco. Ele quer abençoar-nos e transformar-nos à imagem do seu Filho. Ele nos ama muito mais do que qualquer pai terreno poderia amar um filho ou uma filha.
A imposição de mãos é significativa, tanto no Velho Testamento quanto no Novo. Além da função de abençoar (Gn 48.13-20; Mc 10.16), esse gesto era usado para comissionar alguém para uma nova responsabilidade (Nm 27.23; At 6.6; 13.3; 1 Tm 5.22), transferir culpa do pecador para o sacrifício (Lv 1.4), transmitir dons espirituais (At 8.17; 19.6; 1 Tm 4.14; 2 Tm 1.6) e curar (At 28.8; Mc 1.41). Deus quer que saibamos como é importante o ato de impor as mãos sobre uma outra pessoa.
O que aconteceria se você começasse a impor as mãos e abençoar seus filhos todos os dias em nome de Jesus? Eu sei o que aconteceu em nossa casa. Quando David tinha cerca de quatro ou cinco anos, ele começou a colocar as mãos na minha cabeça e me abençoar de volta. Se eu me esquecesse de abençoá-lo, ele me lembrava, mesmo que isso significasse um telefonema (abençoávamos um ao outro por interurbano quando necessário). Talvez a lembrança mais significativa que eu tenho, que acabou selando a importância de abençoar os filhos, foi quando meu filho já adulto, na véspera do seu casamento, veio até o meu quarto para ser abençoado uma última vez antes de iniciar sua vida conjugal. Tenho certeza que ele abençoará seus filhos também, porque sei do impacto que isso teve na vida dele. “Bem-aventurado o homem que teme ao Senhor e se compraz nos seus mandamentos. A sua descendência será poderosa na terra; será abençoada a geração dos justos” (Sl 112.1-2).
Jesus Tem Planos Para os Seus Filhos
Jesus utilizou as crianças para ensinar princípios do Reino aos seus discípulos e até chamou seus seguidores de todas as épocas de “pequeninos”. Uma palavra tão carinhosa, usada muitas vezes nas Escrituras, oferece-nos um quadro bem claro de como Deus vê as pessoas que herdarão seu Reino. Deus deseja que confiemos nele plenamente e o obedeçamos de todo o coração. Ele anseia que nos aproximemos dele livres dos impedimentos de ambições mundanas e constrangimentos adultos.
Tire tempo para aprender sobre Jesus com seus filhos. Como é que eles o veem? O que creem a respeito dele? Como é o som da voz de Jesus para eles? Eles confiam que ele cumprirá suas promessas? Acreditam que cuidará deles, que os curará, fortalecerá e confortará? Se possuem dúvidas, quais são e de onde vêm?
Você está fazendo sua parte para treiná-los no caminho em que devem andar (Pv 22.6)? Se não, por que não? Você está muito ocupado? Está esperando que algum professor de Escola Dominical faça isso por você?
Pense seriamente sobre sua responsabilidade de cuidar de seus filhos. Jesus tomou as crianças nos braços, impôs as mãos sobre elas e as abençoou. Você faz isso com seus filhos?
Jesus quer usar seus filhos em favor do seu Reino nesta Terra de tal modo que muitas outras pessoas sejam atraídas para o seu Reino eterno. Dedique tempo para conduzir seus filhos a Jesus.
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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Poder dos Joelhos que se Dobram

Cada dia que abro minha caixa de correspondência virtual vejo que recebi vários e-mails sobre as eleições e os candidatos, sobre as implicações de se votar neste ou naquele.

Em certa parte é muito bom que as pessoas estejam mais envolvidas e buscando realmente se informar para votarem naqueles que julgam mais coerentes com suas crenças e opiniões.

Nestes últimos dias tenho ouvido, também pela internet, uma série de mensagens do Pr. Sandro Baggio (Projeto 242 – http://www.projeto242.com) sobre Neemias; louvei a Deus pela instrumentalidade deste irmão e também pelos ensinos que recebi através destas mensagens. Ele faz um pequeno esboço da vida de Neemias, da situação que ele se encontrava no cativeiro, de como estava Jerusalém e como foram reconstruídos os muros da cidade.

Eu já ouvi diversas mensagens sobre este feito glorioso de Neemias, mas o Pr Sandro focou a situação de antes da construção e para mim foi algo novo e muito interessante, que vou tomar a liberdade de compartilhar com vocês:

O povo de Deus foi levado ao cativeiro por causa de sua desobediência e por terem voltado as costas a Deus e aos seus mandamentos.
Neemias nasceu no cativeiro, ele não viveu em Jerusalém e, provavelmente, nem conhecia a cidade.
Durante aproximadamente 120 anos ninguém fez nada para mudar a situação que viviam, estavam acomodados e conformados com o cativeiro.
Neemias buscou saber como estavam as pessoas que ainda viviam em Jerusalém e como estava a cidade escolhida por Deus para refletir sua Glória. Ele se preocupou com as pessoas e com a Glória de Deus.
Neemias se colocou como intercessor, e clamou pelo perdão e pela misericórdia de Deus; colocou-se como pecador, como culpado pelos pecados cometidos pelo povo antes mesmo que ele tivesse nascido.
Neemias orou por 4 meses, para que a mão de Deus se movesse e a situação mudasse, e em 52 dias ele reconstruiu os muros de Jerusalém.
Voltando os olhos para nossa realidade, fico pensando o quanto nós, como cristãos, temos feito, quanto temos nos colocado na brecha da intercessão pelo nosso país e pelas eleições, clamando pelo perdão e pela misericórdia de Deus por causa dos pecados desta nação, pela corrupção, pela injustiça, pelo descaso, não só dos governantes, mas nos colocado como pecadores que têm cometido estes pecados, mesmo que não os tenhamos cometidos como indivíduos, mas como nação. Para que Deus nos perdoe, nos purifique e que todo esse tempo de corrupção e maus governantes tenha fim.

É muito bom lermos e nos informarmos com relação aos candidatos e também compartilharmos essas informações com nossos amigos, mas devemos também, assim que soubermos de um novo fato, antes de clicarmos e enviarmos a outros, nos ajoelharmos e clamarmos pela misericórdia de Deus e pela Sua ação. Se antes de cada “clique”, nós pararmos e orarmos, creio que isso provocará mudança e nossa história será diferente. Se apenas um homem orou por 4 meses e os muros de uma cidade foram restaurados em 52 dias, que diferença faremos se juntos, milhões de brasileiros cristãos, orarmos por uma nova nação, por um novo governo.Temos em nossos joelhos o poder de mudar nossa história.
Que Deus nos abençoe. Sandra Torres - ichtus@ichtus.com.br