sexta-feira, 28 de setembro de 2012

HUMILDADE

"E a mim me foi revelado este mistério, não porque haja em mim mais sabedoria do que em todos os viventes, mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei, e para que entendesses as cogitações da tua mente." (Daniel 2:30 ARA)
Uma pessoa humilde não é aquela que não tem recursos, como alguns fazem parecer, associando humildade com pobreza (tipo "fulano é de familia humilde"). Também não é uma pessoa que pensa de si mesmo menos do que deve ou do que merece, ainda que isso seja uma boa prática. Também não é aquele que nunca se vangloria de seus feitos, ainda que isso também seja bom. Também não é modéstia, que é a falta ou ausência de ambição (embora os humildes possam ser ou não ambiciosos). Nem é a mesma coisa que submissão ou sujeição, ainda que o humilde se sujeite.
Humildade vem de "humus" e significa literalmente "terra fértil". Entenda-se isso de duas formas: primeiro, o humilde frutifica por que é fértil; segundo, a humildade é inerente ao "ser" e não ao esforço pessoal. Eu conceituo (não é uma definição, é um conceito) assim: "humildade é saber o seu próprio lugar e papel, nem mais nem menos".
No versículo acima, Daniel demonstra grande humildade ao dizer que a sabedoria que o fazia conhecer o sonho não era fruto de sua própria sabedoria. O ser humano pode ter conhecimento e inteligência, mas não pode ter revelação. O conhecimento pode vir de um coração horrível, soberbo ou pelo esforço pessoal. Revelação só vem de Deus e só é dado aos humildes. A quem não se humilha o que resta é a semente da letra que mata, pelo conhecimento que não transforma. Ao humilde é dada a semente da revelação, como foi dado a Daniel.
Talvez você nunca conheça os sonhos do rei, mas se for humilde como Daniel será candidato a receber de Deus algo distinto, algo diferente, algo especial. Não custa nada também dar uma olhada em Tiago 4:10...
"Pai, não permita que eu me perca enredado na minha própria soberba e altivez. Eu não mereço nada e o Senhor já me deu tanto. Me ajuda Pai a encontrar o meu lugar no Teu Reino e agir de acordo com esta posição. Posição de servo." Mário Fernandez

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

SOLITUDE E SOLIDARIEDADE


Cheguei da Bolivia na madrugada de 11/09 para 12, cansado. Fui numa viagem para um congresso de pastores. Por sinal, uma bênção. Mas esta data me reportou para outra agenda. Eu estava nos EUA no 11 fatídico de 2001. Lá eu sofri muito com a tragédia sem precedentes na história daquele Pais. Agora eu sofri, primeiro, com a altitude em La Paz. Que horror. Entendo hoje porque os times brasileiros quase sempre perdem nesta altitude. Depois, sofri com um rota-vírus que quase me desidratou por completo. Pensei que ia morrer antes do tempo. Espero correr ainda uma meia Maratona. E, finalmente, sofri pela opressão do anticristo e a estratégia maligna contra a igreja do Senhor. Nunca senti tanto peso espiritual quanto neste momento. Sofri com o ar pesado das trevas.
Sei que esse é um tempo especial de intercessão. É um momento de solitude, mas ainda de solidariedade. Eu preciso estar só com Deus para estar acompanhado com os santos do Senhor que lutam e padecem. O mundo está sendo atacado violentamente pelos poderes tenebrosos. Ninguém precisa ser vidente para enxergar isso no escuro. Só os cegos, os cegos espirituais e os estúpidos não querem ver esta realidade sombria. Há fogo intenso cortando o ar e congelamento nas relações humanas. Frieza nas veias.
Todavia, que se diga logo: a luta espiritual jamais usou armas carnais. Não há lobistas,  propaganda ou estratégias especiais.  Os Exércitos de Javé lutam invisivelmente com um arsenal imperceptível. O intercessor não tem cargo, nem hierarquia; tem carga. Ninguém sabe quem é ou onde está. Mas, ele está metido em algum automóvel, banheiro ou sala. Vive lançando mísseis espirituais andando pelas calçadas, lavando louça na cozinha, trabalhando no duro e, ainda assim orando. É uma guerra peculiar. Não se vê o alvo e ninguém sabe quem é o militante e quais são as armas. Sabe-se apenas que Javé age.
Se você quer ser um combatente neste Exército, quero somente lembrá-lo de uma coisa a mais além do campo oculto do inimigo, do combatente anônimo e das armas intangíveis. Fique um tempo isolado com o seu Senhor invisível. Falei, sozinho com Ele. Viva alguns momentos de solitude e treine a confiança no amor que não aparece à primeira vista no palco. A fé requer um tempo de silêncio para aprender ouvir a voz inaudível na agitação.
Ninguém me diga: não sei o que fazer no Reino de Deus. Você não precisa fazer nada. Fique apenas um pouco com o Deus que faz tudo e você e eu seremos instrumentos de sua graça em favor daqueles que Ele ama. A solitude com Abba nos torna solidários com os outros. Não sei como lutar, mas sei o que Ele disse: Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a peleja não é vossa, mas de Deus. 2Crônicas 20:15. Vamos em frente mendiginhos porque quem deu a ordem tem todo o poder. No amor sem medida de Abba. O velho mendigo de sempre, Glênio Fonseca Paranaguá

terça-feira, 4 de setembro de 2012

SOLIDÃO, SOLITUDE E SOLIPSISMO

Não é boa a solidão; o isolamento dos outros é horrível. A Trindade já demonstrou isto na
criação, pois nos criou à Sua própria imagem e semelhança. Elohim, o Deus Trino, é um
ser coletivo; e Adão foi feito em estilo comunitário. Eva já estava nele. A humanidade foi
bem arquitetada sob o mesmo formato da Trindade, para viver em companheirismo. Não
houve a intenção de uma existência solitária, mas solidária, participativa, colegiada.
A solidão é uma ilha solo. Nenhuma pessoa minimamente saudável quer viver só. Somos
gregários e não podemos desenvolver a nossa personalidade no ermo. Precisamos de
acompanhantes para a nossa caminhada; entretanto, é indispensável que haja também
espaço entre os peregrinos. As cordas do violino tocam juntas, embora permaneçam
separadas. A comunhão é ótima, contudo não pode nos pressionar e nos comprimir.
É imprescindível a solitude. Aqui neste aparente solilóquio reside um vazio acompanhado.
Ficar sozinho para estar com Aquele que nos preenche cada brecha. Se não tivermos
tempo para o silêncio na presença da Trindade Santa, falaremos apenas bobagens e
teremos um discurso cansativo, exaurindo outros, enquanto caímos na categoria de tolos.
A solitude é um cinzel da cruz de Cristo em nosso ser. Ela esculpe a quietude no meio da
algazarra; entalha a solidariedade com a agenda abarrotada de compromissos; mostra
que o solipsismo, isto é, a solidão consigo mesmo; a vulgaridade de um ego obeso e
ensimesmado que si basta é paupérrima. Este palavrão é a doutrina pós moderna, em
que o ególatra dispensa as relações pessoais em face das trocas no mercado "vantajoso".
Solitude é querer ficar só para poder experimentar a mais excelente Companhia e, desde
modo, ganhar a dimensão para acompanhar os outros viajantes. Eu preciso diariamente
ficar sozinho; estar calado; tornar-me quieto; aprender a ouvir a voz silenciosa de Deus,
no íntimo, para, em seguida, poder ser um companheiro menos complicada, menos chato.
Um jornalista perguntou a Madre Teresa de Calcutá. "Quando você reza, o que diz a
Deus? Ela respondeu: eu não falo; escuto. O jornalista, então perguntou: e o que Deus diz
a você? Então, Madre Teresa considerou: Ele não fala. Ele escuta. Se você não pode
entender isso, eu não posso lhe explicar". O amor se encarnou no Verbo. Aqui a Palavra
muda mudou o tom da prosa e falou sem palavras o discurso da aceitação incondicional.
O amor tem uma linguagem que no silêncio se escuta o som inaudível, enquanto a voz
silente fala as palavras mais eloquentes da comunicação afetuosa. Saber falar e ouvir
sem sons é a arte superior da solitude que anula o vitimismo da solidão e demole o
solipsismo atroz deste mundo fechado no individualismo misantropo. Passe tempo com
seu Abba; daí você vai se deleitar com aqueles que Ele ama. Quero apenas lhe abraçar
neste amor furioso e terno, ao mesmo tempo. Beijos do velho mendigo de sempre. 
Glenio Fonseca Paranaguá