quinta-feira, 20 de julho de 2017

Bíblia Falada

Bíblia Falada

ACERCA DA SANTIFICAÇÃO

O ser humano é uma obra Divina que despencou. É uma obra muito boa que se estragou. A queda trouxe consequências radicais para a raça e o gênero humano teve morte espiritual instantânea. Um ser criado tricotômico, corpo, alma e espírito, tornou-se dicotômico, corpo e alma. Adão e Eva, pós pecado, perderam a conexão com Deus.
Para termos vida espiritual precisamos da regeneração do espírito. Sem o novo nascimento, no espírito, não há possibilidade de termos “espiritualidade”. O sentimento não é espiritual, mas animal. Sem o novo nascimento podemos ter uma religião da alma, nunca uma vida espiritual. E é bom não confundir a religião da alma com o evangelho.
A religião é aquilo que o ser humano faz por meio de sua alma, para tentar ser aceito por Deus. O Evangelho é o que Deus faz por meio de Cristo, em nosso espírito, a fim de nos tornarmos vivos e aceitáveis a Ele, espiritualmente. A religião é fruto do suor como o de Caim; o Evangelho é pelo sangue do Cordeiro como aquele oferecido por Abel.
A salvação de Deus começa com a vivificação do espírito morto. Para vivificar o espírito, a Trindade justifica o pecador no sacrifício de Cristo e depois santifica a alma do regenerado pela vida de Cristo nele implantada, para depois glorificar o corpo mortal pela vinda de Cristo em sua glória. Fui salvo no meu espírito, pela obra de Cristo; estou sendo salvo na alma, pela vida de Cristo e, serei salvo no corpo, pela 2ª vinda de Cristo.
Depois de sermos regenerados em nosso espírito e salvos da condenação do pecado pela obra de Cristo, na cruz, precisamos, agora, sim, ser santificados pela vida de Cristo, ou sermos salvos do poder do pecado, diariamente. Para o Dr. W.StanfordReid, “Justificação e santificação são dois aspectos ou dois lados da mesma moeda da redenção divina.” Mas a justificação é a locomotiva que puxa a santificação.
Uma vez vivificado pela fé, concedida pela graça em Cristo Jesus e justificado em nosso espírito pela obra de Cristo, sendo regenerado, o crente tem agora a condição espiritual de reagir aos estímulos espirituais dados pelo Espírito Santo, a fim de poder se desenvolver no progresso da santificação de sua alma.
Como disse Andrew Anderson, “Um escultor pode abandonar seu trabalho e voltar a ele em outro dia, retomando onde parou. Mas o mesmo não acontece com o crescimento da alma. A obra da graça em nós cresce ou declina, aumenta ou diminui.”
Na obra da santificação há uma parceria funcional entre o Espírito de Deus e o crente, no sentido do progresso contínuo da salvação de sua alma. O Espírito Santo age de modo eficaz e o crente reage obedientemente. Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra. 1 Tessalonicenses 4:3-4.
A Trindade regenera o ímpio pela sua graça, monergicamente, mas santifica o crente também pela sua graça, sinergicamente, isto é, fazendo-o operante no processo.
(1) Cremos que santificação é o processo pelo qual somos feitos participantes da santidade de Deus, segundo a sua vontade; o mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. 1 Tessalonicenses. 5:23.
Para o teólogo Dr. J. I. Packer, “a santificação é a restauração progressiva da racionalidade de um homem, de forma que ele se torne realmente um homem,” e, faço este acréscimo: um ser humano à semelhança de Cristo Jesus, um homem saudável em sua racionalidade e caráter. A santificação tem a ver com sanidade e santidade da alma.
O propósito da salvação pode ser assim bem descrito: Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. Romanos 8:29.
A Trindade nos selecionou em Cristo para que nós sejamos santos: assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor... Efésios. 1:4. Fomos feitos santos em Cristo para crescermos em santidade. “O que a saúde é para o corpo, a santidade é para a alma”.
(2) que ela é uma obra progressiva; dinâmica e evolutiva. Na geração do feto não há a participação efetiva de sua vontade, mas, no crescimento da criança, sempre haverá a sua participação permanente e progressiva. Mas a vereda dos justificados é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. Provérbios 4:18.
O processo da santificação não permite que a grama cresça debaixo dos nossos pés. Não há uma acomodação nesta caminhada. Paulo via assim: Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Filipenses 3:12.
Fica claro para o apóstolo que a santificação é mesmo um transcurso evolutivo e que jamais patrocinará qualquer retrocesso. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Filipenses 3:13-14.
O apóstolo Pedro também mostra que essa obra da santificação é progressiva: por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. 2 Pedro 1:5-7.
A santificação parte de nossa morte com Cristo, do desinteresse por nós e pelo interesse íntimo de viver de Cristo, por Cristo e para Cristo.
(3) que começa na regeneração; gerando real vida espiritual capaz de poder se inclinar verdadeiramente para as realidades espirituais. Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. Romanos 8:5. Apenas os renascidos podem ser santificados.
Só um novo nascimento no espírito morto, pelo pecado, pode produzir a vida que se interessa pela santidade de Deus. Jesus foi muito claro: O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. João 3:6. A regeneração é uma fonte viva da vida de Cristo para o rio fluente da santificação.
(4) e que é levada avante nos corações dos crentes, pelo poder e operação do Espírito Santo, o Confortador e o Penhor da herança eterna e pelo uso continuo dos meios designados, especialmente a Palavra de Deus, exame próprio, abnegação própria, vigilância e oração, ou seja: a ação da soberana graça de Deus e a reação submissa da vontade da nova criatura, vivificada pelo Espírito Santo.
O próprio Deus está por trás da obediência dos Seus filhos no desenvolvimento da salvação deles. Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Filipenses 2:12-13.
A santificação é um processo espiritual que envolve todos os meios da graça a fim de torná-lo viável e exequível na vida dos crentes. E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo. Efésios 4:11-12.
Para o piedoso bispo da igreja anglicana J. C. Ryle, “nosso alvo deve ser um cristianismo que, como a seiva de uma árvore, corra por todo o tronco e folhas de nosso caráter, santificando tudo.” Sem santidade ninguém verá o Senhor. Hebreus 12:14.
A nossa vontade caída não quer e não busca Deus. Mas, quando o nosso querer é convencido e conquistado pelo Espírito Santo, então a nossa vontade, antes indisposta e resistente, torna-se propícia a fazer a Vontade de Deus. Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.
Eric Alexander dizia: “A evidência de que se conhece a Deus é a obediência a Ele.” A santificação é o resultado da obediência responsável do coração pleno de amor e de conhecimento pessoal de Deus. Quem ama obedece de coração. Santificai a Cristo!
Glenio Fonseca Paranagua

quarta-feira, 19 de julho de 2017

O ESPIRITO DA CRUZ. 72

Uma coisa é estar na igreja, outra bem diferente, é estar em Cristo

Se alguém estiver em Cristo estará na igreja, mas, pode ser que alguém só esteja na igreja e jamais estará em Cristo. Para estar na igreja basta o batismo nas águas, contudo, para estar em Cristo é preciso o batismo na morte. Sem a morte do ego com Cristo não há cristianismo.
A igreja é um organismo vivo, mas pode ser também apenas uma organização. Como organismo, a igreja é o corpo vivo de Cristo. Como organização, não passa de uma agremiação para fins lucrativos ou religiosos. Não devemos ficar confusos com isto.
A igreja orgânica tem organização, porém, não é uma mera instituição de ritos e formalidades. O que organiza esta comunidade é a vida de Cristo – agindo pelo Espírito, espiritualmente, em cada um dos seus membros. É uma casa de família onde a família se comunica com transparência e age em harmonia comunitária.
Religião e Evangelho são totalmente diferentes. A religião, no que diz respeito à reunião das pessoas, produz entidades corporativas a serviço do humanismo, enquanto o Evangelho investe na libertação das pessoas, para que vivam livres pela graça de Deus.
Jesus falou do trigo e do joio na igreja. O trigo é o filho de Deus e o joio, o filho do maligno. O Semeador plantou o trigo de dia e o impostor plantou o joio à noite. – Um é luz e o outro, trevas. Mas, Jesus disse que não era possível separar, agora, um do outro. O trigal vai ter que conviver no mesmo campo, nesta era, com a plantação do joio.
A cizânia ou joio é muito parecida com o trigo, mas eles são diferentes em três pontos importantes: na raiz, no porte e no fruto. A raiz da erva detinha fica bem arraigada ao solo; o joio está preso à terra ou ao mundo, enquanto o trigo pode ser arrancado com certa facilidade. O porte da cizânia é altivo e sempre cresce mais que o trigo, ficando com a sua espiga empinada, porque não tem grão, é xoxo. Só o trigo tem fruto de verdade.
O joio está na igreja, mas ele não gosta do trigo, nem da igreja. A sua atividade é confundir os ingênuos e gerar desordem. Porém, se alguém não gosta de igreja, nunca, jamais poderá fazer parte saudável de nenhuma igreja. A verdadeira igreja é formada pelo trigal que não entra na intriga do joio, mas vive integralmente para a glória de Pai.

Quem não gosta de igreja, não pode ser igreja. Ora, se não formos igreja, não somos filhos de Deus, mas, se formos filhos de Deus não há lugar para ressentimento ou amargura em nossos corações. A igreja de Deus não odeia a quem não gosta dela, ainda que seja perseguida ou dilapidada por seus inimigos.
Há muitos que se preocupam mais com o respeito humano do que com a plena aceitação em Cristo. Mendigos, “a igreja é a herdeira da cruz”, portanto, levemos o morrer de Jesus em nós, para que Sua vida se expresse também em nós.

Do velho mendigo, Glenio Fonseca Paranagua

A IRA DE DEUS REVELADA NA CRUZ


DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS