sexta-feira, 26 de abril de 2013

DESCONSTRUINDO A RELIGIÃO - 08


TRABALHO E CONTENTAMENTO

"Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes." (1 Timóteo 6:8)

Vivemos dias em que a relação das pessoas com o dinheiro está muito complicada. No meu coração creio que isso é fruto de uma relação desequilibrada com o trabalho e seu resultado.
Alguns grupos falam tanto de prosperidade que a impressão que passam é que tudo que importa é ter, ter e ter. Não somos contra os bens materiais nem as riquezas, mas amá-las e depender delas para ter sentido na vida é avareza, que é idolatria como aprendemos em Colossenses 3:5. Ser rico é um assunto, estar de bem com Deus pelo que já recebeu é outro. Ter mais e mais nem é sinônimo, necessariamente, de prosperidade. Enriquecer não pode ser a prioridade para nenhum servo de Deus, mesmo que, de fato, tenha muito mais dinheiro do que possa gastar.
Outros negligenciam o seu sustento a ponto de passarem necessidades e dependerem da misercórdia alheia. Considero muito impróprio alguém "servir a Deus" de uma forma que tudo lhe falta e não consegue nem ao menos se alimentar com o fruto de seu trabalho. Isso é inadequado, no mínimo. O trabalhador é digno de seu sustento, portanto é uma questão de ajuste. Se não quiser ter bens materiais, ok; Jesus também não tinha. Mas sustento e com que se cobrir é básico e isso Jesus tinha.
Uma relação saudável e equilibrada com o trabalho e, por conseguinte, com o dinheiro, é aquela em que produz sustento e cobertura, como disse Paulo nesse versículo. Se tiver mais do que isso, não será errado nem pecado, mas o contentamento já estará estabelecido. Isso não significa almejar mais ou ir além, de forma nenhuma. Mas mesmo que não consiga, o contentamento com a provisão de Deus estará lá.
Alguns confundem contentamento com comodismo. Quem está contente está num nível de gratidão tal como se tivesse recebido tudo que tinha para receber, mesmo que venha mais. Quem está acomodado pode até ser ingrato, apenas não está satisfeito. Sejamos gratos. Estejamos contentes, não acomodados. Lutemos por ir além para abençoar os que não puderem, mas sem perder o contentamento com o que já temos pois veio de Deus.
"Senhor, eu preciso muito me relacionar direito com meu trabalho, mas minha carne aponta noutra direção. Me ensina a trabalhar o que for necessário mas de forma equilibrada. Preciso de Ti."
Mário Fernandez www.ichtus.com.br

domingo, 14 de abril de 2013

O FERMENTO DA FALSA DOUTRINA


E Jesus lhes disse: Vede e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus. Mateus 16:6 (ler 16.1-12)
A aversão ao Cristianismo era comum, principalmente por parte da comunidade judaica do primeiro século, e especialmente do partido religioso formado pelos fariseus e dos saduceus, que era um partido político-religioso.
Há um profundo conteúdo na exortação de Jesus Cristo aos seus discípulos neste texto. Há pouco Jesus havia levado seus discípulos a verem seu poder de provisão, na multiplicação de pão e peixe para uma multidão. A seguir, aproximando-se os fariseus e os saduceus, tentando-o, pediram-lhe que lhes mostrasse um sinal vindo do céu.
Durante seu ministério com os discípulos Jesus fez algumas exortações. Vejamos: Mateus 7:15 -Acautelai-vos dos falsos profetas; que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Mateus 10:17 - E acautelai-vos dos homens; porque vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. Mateus 16:6 - E Jesus lhes disse: Vede e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus. Lucas 12:1 -... Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Lucas 21:34 - Acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com as consequências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós repentinamente, como um laço.
Qual o motivo dessa exortação de Jesus aos seus discípulos? O bispo anglicano J. C. Ryle (1816 – 1900) escreveu: “Não há ninguém que seja tão santo, que não possa cair — não de forma definitiva, não de tal forma que não haja mais esperança, mas para o seu próprio prejuízo e desconforto, para o escândalo da Igreja, e para o triunfo do mundo: ninguém há que seja tão forte que não possa por certo tempo, ser vencido. Os crentes, embora escolhidos por Deus Pai, embora justificados pelo sangue e pela justiça de Jesus Cristo, embora santificados pelo Espírito Santo — os crentes são ainda meramente homens: estão ainda no corpo, e permanecem ainda no mundo”.Por isso Jesus Cristo advertiu “acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus”. Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida. Provérbios 4:23.
Podemos destacar algumas características dos fariseus que a Bíblia deixa em evidência: eles eram formalistas (significa uma ênfase no ritual e observância, acima do seu significado), cultuadores de tradições, e justos aos próprios olhos. Eles não negavam claramente nenhuma parte das Escrituras, porém acrescentaram tantos complementos que, na prática, substituíram as Escrituras pelas tradições.
Jesus estava ensinando aos seus discípulos a discernir as coisas espirituais. Em termos da vida de um cristão, discernir significa balizar a maneira de pensar, a fé e a prática de vida a partir da Palavra de Deus, confrontando com o que está acontecendo no mundo, a nossa volta e conosco. Significa também distinguir o quanto temos sido influenciados por conceitos antibíblicos e voltarmos (arrependimento) para o centro da vontade de Deus.
A mente do homem é tão corrompida quefacilmente se perde com adições além de Cristo, que acaba por negligenciar a Cristo por aquilo que foi colocado. É fundamental percebermos que qualquer coisa que seja colocada no lugar de Cristo deforma o Evangelho. Qualquer coisa adicionada a Cristo faz do Evangelho algo sujo.
A doutrina dos saduceus apresenta outras três características: raciocínio liberto, ceticismo e racionalismo. Era um grupo composto por homens educados, ricos e de boa posição social. De acordo com uma citação do historiador judeu Flávio Josefo (37 e 103 D.C.), os saduceus negavam a ressurreição e juízo futuro, criam que a alma morria com o corpo, negavam a imortalidade, negavam a existência dos anjos e dos espíritos, criam que Deus não intervinha nas vidas dos homens, não tinham as mesmas crenças que os patriarcas, negavam a existência do Sheol (inferno) e só depositavam a crença naquilo que a razão pura pudesse provar. O Novo Testamento apresenta um resumo da crença dos saduceus: “os saduceus dizem que não há ressurreição, nem anjo nem espírito” (At 23:8).
raciocínio liberto ou pensamento livre sustenta que os fenômenos e todas as coisas devem ser aceitas a partir da ciência, da lógica e da razão, e não devem ser influenciados por nenhuma tradição, autoridade ou dogma (considerada um ponto fundamental e indiscutível de uma crença). Incluem ateus, agnósticos e racionalistas. Ceticismo significa "olhar à distância", "examinar", "observar", é a doutrina que afirma que não se pode obter nenhuma certeza a respeito da verdade, o que implica uma condição intelectual de questionamento permanente e na rejeição da existência de fenômenos metafísicos (além da natureza), religiosos e dogmas (ponto fundamental e indiscutível de uma crença). Racionalismo - defende a independência intelectual humana de todo o conhecimento de Deus; o conceito de que Deus se revela ao homem e de que intervém e atua na história humana foram excluídos.
Os saduceus da atualidade são os teólogos do pensamento liberal. Assim como os saduceus, os teólogos liberais consideram-se autoridades superiores e julgam-se capazes de fazer críticas à Palavra de Deus. Aceitam parte das Escrituras e desconsideram-na como vontade autoritativa de Deus. O Pecado ou mal é visto como imperfeição, imaturidade, e não como rebeldia para com Deus.
Na visão dos saduceus modernos estas imperfeições da natureza humana podem ser superadas pela argumentação, pela educação, auto-controle e boas obras. A salvação ou regeneração é a elevação da natureza humana.
Deus é visto como presente – imanente - no mundo, não além do mundo, ou seja, não é visto como um ser transcendente. Assim, Deus é encontrado em toda a natureza e não apenas na Bíblia, pois está presente em todas as obras e, por isso, não pode haver distinção entre o natural e o sobrenatural. Segundo esta visão a revelação de Deus está: na verdade racional, na beleza das artes, na moral e na bondade. Deus é visto como aquele que permite ao ser humano experimentar o divino na natureza e, assim, alcançar a perfeição.
Na linha da teologia liberal assuntos como criação, Adão, queda, milagres, morte e ressurreição de Jesus Cristo, entre outros, são mitos e lendas inventadas pelo povo judeu e pelos primeiros cristãos, em uma época quando ainda não havia explicação racional e lógica para o sobrenatural. Jesus teria sido um profeta, um contador de histórias, um lutador contra as desigualdades, um homem sábio e bom. Todas elas concordam, porém, que Jesus não era divino, não ressuscitou dos mortos e nunca se proclamou Filho de Deus e Messias.
Qual é a função do fermento numa massa? O fermento é uma porção mínima da farinha a que é misturado à massa para fazer crescer, inchar, aumentar de volume. O Senhor Jesus queria que soubéssemos que é exatamente assim que as falsas doutrinas agem. A inclusão da falsa doutrina é ínfima se comparado ao tamanho da massa, porém causa inchaço e deformação.
O liberalismo teológico estimula você a decidir no que acreditar pelo gosto ou preferência. “Se me sinto bem está bom”. É a consciência cauterizada pelo hedonismo, onde se tornou irrelevante a questão da verdade ou da falsidade, como se as Escrituras, a vontade e a revelação de Deus, se explicasse pelos sentimentos. É a substituição das Escrituras por opiniões próprias, sentimentos "espirituais", gostos e preferências individuais.
O falso se parece com o verdadeiro, além de parecer agradável, bom e desejável. É a omissão ou a adição de um pequeno item da prescrição do médico que estraga o remédio todo, fazendo dele um veneno. Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho. 2 João 1:9.
Mas não nos enganemos irmãos, a vida cristã não é feita de teorias e nem da condição humana, mas de graça e de verdade, de fé e prática, de crer e se submeter, de crer e viver, do começo ao fim. A vida cristã não é morna. A água morna nos dá uma sensação de tranquilidade e descanso, mas se ingerida irá nos fazer vomitar.
Você pode afirmar que Cristo é a sua vida? Você quer saber o que é a verdade? Leia a sua Bíblia com sincera oração para que o Espírito Santo o ensine e te dê fé para viver.
As coisas que devem vir primeiro não devem ser colocadas em segundo lugar, nem as que estão em segundo lugar devem ocupar o primeiro lugar em nossa vida. A Igreja não deve ser colocada acima de Cristo. Os pastores e líderes não devem ser exaltados acima do lugar designado por Cristo para eles; os meios de graça não devem ser considerados como fins em vez de meios.
É de grande importância dar atenção a esse ponto: os erros que surgem da negligência disso não são poucos e nem insignificantes. Aqui mora a fundamental importância de estudar toda a Palavra de Deus, sem nada omitir, evitando parcialidade.
Não se engane dando crédito a falsos mestres só porque ensinam algumas verdades. Esse é exatamente o tipo de pessoa que causará dano a você: o veneno é sempre mais perigoso quando é servido em pequenas doses e misturado a comida saudável.
Clame ao Espírito Santo que sonde o teu coração. Vivemos numa época apressada, agitada: se quisermos ser preservados de quedas, temos de abrir tempo para estar com frequência a sós com Deus.
Para encerrar, quero estimular a todos os crentes em Cristo a batalhar, “diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”, com a armadura de Deus (Efésios 6:11-18). Não há porque nos envergonharmos do evangelho. Não somos chamados para criar polêmicas, mas nunca devemos nos envergonhar de dar testemunho da verdade em Cristo Jesus.
O medo e a arrogância aparecem pela falta de conhecimento das Escrituras. O medo de quem é violentado emocionalmente por vigaristas da religião. E a arrogância dos que se julgam mais espirituais do que os outros. "Errais por não conhecerem as Escrituras e nem o poder de Deus". Por isso, podemos orar: que o vosso (nosso) amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes (aprovarmos) as coisas excelentes e serdes (sermos)sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus”. Filipenses 1:9-11. Eric Gomes do Carmos

terça-feira, 2 de abril de 2013

CRISTO EM MIM.COM VOCÊ - Nº 04


GOTAS DE GENEROSIDADE VIII.


Dr. Albert Schweitzer, músico, teólogo, filósofo e médico alemão; prêmio Nobel da Paz de
1952, disse, certa feita, a um grupo de estudantes: "Eu não sei qual será o seu destino,
mas uma coisa eu sei: os únicos entre vocês que serão realmente felizes são aqueles que
procuraram e encontraram como servir." Porém, digo eu: sem ser por troca de favores.
Schweitzer, no início do século XX, foi o melhor intérprete de Bach como organista, e, por
seu talento virtuoso enchia as salas de concerto com meses de antecedência, além de ser
considerado, muito cedo, um teólogo de primeira grandeza. Porém, ele deixou toda essa
fama e sucesso acadêmico para se dedicar à medicina numa cidade pobre, na África.
Acostumado com órgãos de tubo movidos a fole, dando-lhe as condições de tocar a nota
na proporção exata, Albert soube que fora tocado pelo Hálito Supremo em sua alma
sensível. Então, tomou a decisão meio tardia de estudar medicina, a fim de se dedicar à
gente pobre e vítima da lepra, que não podia pagar um médico para ter esse cuidado.
O Vento que inspirou o nobre jovem, de família abastada, com uma carreira de sucesso e
com grandes oportunidades na Europa, foi marcado pelo fôlego suave da generosidade.
Não foi um tufão emocional que lhe açoitou numa aventura alucinada, mas a certeza de
que a bondade é mais poderosa do que o poder atômico que move as ogivas nucleares.
Uma gota de generosidade é quase nada, mas pode ser uma oceano de esperança para
quem vive no casulo da miséria. Durante décadas Schweitzer viajava de Lambarene, no
Gabão, onde mantinha o seu hospital, à Europa, a fim de realizar em grandes auditórios
os seus concertos musicais e, desta forma, angariar recursos para tratar os doentes.
Muitos europeus que nunca foram a África e que não tinham nenhum chamado especial
para servir aos carentes, lá estiveram participando com a obra do Doutor, quer assistindo
aos seus concertos, quer contribuindo mensalmente ou orando em favor daquele projeto.
Todos nós podemos ser parte da solução das carências humanas. Uns bem mais do que
outros, mas todos têm alguma participação. Enquanto uns são movidos por um chamado
especial para descer ao fundo poço, outros seguram a corda para que aqueles desçam.
Por menor que seja a colaboração, por mais insignificante que for o gesto de amor, todos
são convocados a servir com alegria na medida da sua condição.
No reino da Graça ninguém é isento de sua parcela. Todo mendigo agraciado por Abba
está habilitado à sua contribuição, segunda a proporção dos dons a ele conferidos. Mas é
bom lembrar-se do que disse Agostinho: "Deus coroa a suas dádivas, nunca os teus
méritos". Lembre-se ainda:Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo
do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.Tiago 1:17.
Seja generoso, mas também, discreto. No amor do Amado, do velho mendigo.
Glênio Fonseca Paranaguá