terça-feira, 2 de abril de 2013
GOTAS DE GENEROSIDADE VIII.
Dr. Albert Schweitzer, músico, teólogo, filósofo e médico alemão; prêmio Nobel da Paz de
1952, disse, certa feita, a um grupo de estudantes: "Eu não sei qual será o seu destino,
mas uma coisa eu sei: os únicos entre vocês que serão realmente felizes são aqueles que
procuraram e encontraram como servir." Porém, digo eu: sem ser por troca de favores.
Schweitzer, no início do século XX, foi o melhor intérprete de Bach como organista, e, por
seu talento virtuoso enchia as salas de concerto com meses de antecedência, além de ser
considerado, muito cedo, um teólogo de primeira grandeza. Porém, ele deixou toda essa
fama e sucesso acadêmico para se dedicar à medicina numa cidade pobre, na África.
Acostumado com órgãos de tubo movidos a fole, dando-lhe as condições de tocar a nota
na proporção exata, Albert soube que fora tocado pelo Hálito Supremo em sua alma
sensível. Então, tomou a decisão meio tardia de estudar medicina, a fim de se dedicar à
gente pobre e vítima da lepra, que não podia pagar um médico para ter esse cuidado.
O Vento que inspirou o nobre jovem, de família abastada, com uma carreira de sucesso e
com grandes oportunidades na Europa, foi marcado pelo fôlego suave da generosidade.
Não foi um tufão emocional que lhe açoitou numa aventura alucinada, mas a certeza de
que a bondade é mais poderosa do que o poder atômico que move as ogivas nucleares.
Uma gota de generosidade é quase nada, mas pode ser uma oceano de esperança para
quem vive no casulo da miséria. Durante décadas Schweitzer viajava de Lambarene, no
Gabão, onde mantinha o seu hospital, à Europa, a fim de realizar em grandes auditórios
os seus concertos musicais e, desta forma, angariar recursos para tratar os doentes.
Muitos europeus que nunca foram a África e que não tinham nenhum chamado especial
para servir aos carentes, lá estiveram participando com a obra do Doutor, quer assistindo
aos seus concertos, quer contribuindo mensalmente ou orando em favor daquele projeto.
Todos nós podemos ser parte da solução das carências humanas. Uns bem mais do que
outros, mas todos têm alguma participação. Enquanto uns são movidos por um chamado
especial para descer ao fundo poço, outros seguram a corda para que aqueles desçam.
Por menor que seja a colaboração, por mais insignificante que for o gesto de amor, todos
são convocados a servir com alegria na medida da sua condição.
No reino da Graça ninguém é isento de sua parcela. Todo mendigo agraciado por Abba
está habilitado à sua contribuição, segunda a proporção dos dons a ele conferidos. Mas é
bom lembrar-se do que disse Agostinho: "Deus coroa a suas dádivas, nunca os teus
méritos". Lembre-se ainda:Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo
do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.Tiago 1:17.
Seja generoso, mas também, discreto. No amor do Amado, do velho mendigo.
Glênio Fonseca Paranaguá
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