quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A HERESIA ENTRE OS SANTOS

A.W.Tozer - A heresia consiste não tanto em rejeitar, mas em selecionar. O herético simplesmente seleciona as partes das Escrituras que pretende enfatizar e deixa de lado o resto. A etimologia da palavra heresia mostra isso, e também a prática do herético prova o fato.
Certo escritor do século XIV alertou os seus leitores no prefácio de um livro: “Cuidado para não adotar alguma coisa de que você gosta, deixando outra de lado, pois é isso que o herético faz. Mas considere tanto uma coisa como a outra.” O velho escriba sabia muito bem como somos propensos a adotar as partes da verdade que nos agradam e a desconsiderar as outras partes. E isso é heresia.
Quase todo tipo de seita que conhecemos pratica essa arte de selecionar e desconsiderar. As seitas que afirmam não existir inferno, por exemplo, normalmente enfatizam tudo na Bíblia que parece apoiar a posição delas e subestimam ou explicam a seu modo todas as passagens que tratam do castigo eterno.
Mas faremos bem se dermos uma boa olhada naquilo que nós mesmos fazemos. A tendência para a heresia não está restrita às seitas. Por natureza, todos nós somos heréticos. Nós que nos consideramos doutrinariamente ortodoxos talvez na prática sejamos heréticos de alguma forma. Podemos inconscientemente escolher e dar especial atenção aos textos bíblicos que nos confortam e encorajam e passar por cima dos textos que nos repreendem e alertam. É tão fácil cair nessa armadilha que talvez estejamos nela mesmo sem saber.
Considere por exemplo, uma Bíblia sublinhada. Pode ser uma experiência esclarecedora espiar uma delas às vezes e ver como o dono grifou quase apenas as passagens que o consolam ou que apoiam os seus pontos de vista doutrinários.
Em geral, gostamos dos versículos que nos tranquilizam e nos esquivamos daqueles que nos perturbam.
Sem dúvida, Deus nos acompanha até onde pode nessa forma deficiente e unilateral de tratar as Sagradas Escrituras, mas ele não pode agradar-se dessa nossa maneira de agir. Nosso Pai Celestial se agrada de ver-nos desenvolver e crescer espiritualmente. Ele não deseja que vivamos com uma dieta unicamente de coisas doces.
Ele nos dá Isaías 41 para nosso encorajamento, mas também nos dá Mateus 23 e o livro de Judas, e espera que leiamos isso tudo. O capítulo oito de Romanos é uma das passagens mais encorajadoras de toda a Bíblia, e a sua aceitação por parte de todos é bem merecida; mas nós precisamos também da Segunda Epístola de Pedro, e não deveríamos deixar de lê-la. Quando lemos as epístolas de Paulo, não devemos parar nas seções doutrinárias, mas precisamos avançar, lendo as saudáveis exortações que vêm depois e meditando nelas. Não devemos parar em Romanos 11; o resto da epístola também é importante e, se queremos tratar nossa alma corretamente, temos de dar-lhe a mesma atenção que demos aos primeiros dez capítulos.
Em suma, a saúde da nossa alma requer que consideremos a Bíblia toda como ela é e permitamos que ela faça a sua obra em nós.
Não podemos ser seletivos com algo tão importante como a Palavra de Deus e nosso próprio futuro eterno.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

PARA UM LUGAR RIQUÍSSIMO


LUZ #46 - O NATAL DA APROXIMAÇÃO


CRISTO EM MIM.COM VOCÊ - 91 - DEUS MUDA PESSOAS?


O PODER DO EVANGELHO NA PRÁTICA


CAFÉ E FÉ - 62 - SEMEADOR - SOLO PEDREGOSO


CRISTO NO SALMO 118 - 5


DESCONSTRUINDO A RELIGIÃO - 69 (2014)


CRISTO NO SALMO 118 - 4


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

A SOBERANIA NO LIVRO DE DANIEL 4


A SOBERANIA NO LIVRO DE DANIEL 3


DESCULPE, DEUS NÃO FAZ ESCAMBO!


A CRUZ É A ÚNICA LOUCURA AUTO CONSCIENTE


LUZ #37 - A SUAVIDADE DO AMOR


CRISTO EM MIM.COM VOCÊ - 82 - O PERIGO DO ACADEMICISMO


CAFÉ E FÉ 53 - 4 TIPOS DE AMOR - AMOR STORGÉ


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

CRISTO EM MIM.COM VOCÊ 80 - O PERIGO DO ASCETISMO


CAFÉ E FÉ - 51 - O PAI E OS DOIS FILHOS - O FILHO MAIS NOVO


DESCONSTRUINDO A RELIGIÃO - 58 (2014)


DEUS EXISTE SIM!


LUZ #35 - CONVENCIDOS PELO AMOR


A SOBERANIA NO LIVRO DE DANIEL - 2


A NATUREZA TERRENA E A TENTAÇÃO DE JESUS


O ESPÍRITO DA CRUZ 1 - SEM QUALQUER GLAMOUR

Não vivo preocupado com a pregação correta, ainda que isso seja essencial. O que me chama a atenção, antes de tudo, é o espírito da cruz esculpido no caráter do mensageiro que se diz crucificado. O pregador da cruz deve trazer os sinais da cruz.
Se o meu ego não estiver crucificado com Cristo, de algum modo, irei botar as mangas de fora, quer no palco, quer nos bastidores. Quando o eu não estiver de fato crucificado, buscarei, de alguma maneira a esgueirar-me por entre a multidão, a fim de ser reconhecido. Um eu bem disfarçado, como se estivesse mortinho, é bem mais perigoso do que qualquer ego arrogante do mercado. Do ponto de vista do perfeito discernimento espiritual, é preferível um ego vivinho da Silva, sem máscara, do que um, fingindo-se de morto, mas vivaldino, querendo levar vantagens na pista.
A simples doutrina da Co-morte com Cristo tem produzido um bando tagarela de papagaios de gaiola que declaram-se crucificados, porém vivem como se fossem carcarás que “pegam, matam e comem”. O discurso dessa gente é corretíssimo e legal, mas o curso da vida é torto e cheia de artimanhas. É preciso cautela.
A vida espiritual autêntica não busca a visibilidade pública, uma vez que vive diante do trono para publicar as virtudes dAquele que a chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Quem foi realmente crucificado com Cristo não se preocupa com a sua imagem perante a platéia, mas com a glória do Cordeiro imolado. Mathew Henry dizia que “a primeira lição da escola de Cristo é a abnegação”.
O espírito da cruz não se exibe, pois tem como missão anunciar Cristo crucificado,
sem qualquer necessidade de ser visto, pessoalmente. É um espírito sem glamour.
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Alguém já disse que negar coisas a si mesmo é bem diferente de negar-se a si mesmo diante de coisas que lhe fazem digno e das pessoas que podem dar-lhe boa dose de prestígio. Assim, nada é mais aviltante para o ego do que o seu anonimato.
O espírito da cruz tira o crucificado do palco e o põe no sepulcro. Como dizia  G. B. Cheever “À medida que o homem morre para o eu, ele cresce em vida diante de Deus.” Quando o ego some, Cristo assume a vida dos filhos da ressurreição.
Uma irmã sussurrou-me: não confio naquele pregador. – Por que? – Tudo o que ele fala é certo, mas o seu estilo é político, além do que, esnobe. Ele tem a doutrina correta, mas uma ambição desmedida, no sotaque. Ainda que ele fale sobre a obra da cruz, a sua fala denuncia, no fundo, o seu desejo de pódio. O seu espírito é mais de trono do que de cruz. O comentário é pertinente e precisa de atenção especial.
Concordo com A. W. Tozer que “há uma doce teologia do coração que só se aprende na escola da renúncia.
Do velho mendigo do vale estreito,
Glenio

O ESPÍRITO DA CRUZ 2 - NÃO BASTA ACREDITAR

No mundo da carne, a vida antecede a morte. No âmbito da vida cristã, a morte precede a vida. Se alguém nascer nesse planeta, terá que morrer um dia. A vida da carne, por causa do pecado, encontra-se destinada a morrer. Ninguém nasce para viver, embora todos vivam aqui para morrer. Além do que, sem a morte da carnalidade, não haverá vida espiritual, por isso o espírito da cruz vem antes da criação do universo.
Quando Deus esvaziou-se, assumindo a natureza humana, veio a este mundo na condição de alguém sujeito ao espírito da cruz. Ele não veio para viver a vida humana, mas, para crucificar a natureza do pecado, infestada na raça de Adão. Se, ao nascermos, neste mundo, estamos destinados à morte, por causa do pecado, ao morrermos na cruz com Cristo, estaremos designados à vida eterna por meio da ressurreição de Cristo.
A obra da salvação do ser humano encontra-se circunscrita no âmbito da morte do pecador juntamente com Cristo. Mas não basta acreditar que morremos com Cristo, é preciso crer que continuamos mortos para o pecado e que Cristo é a nossa vida.
Jesus viveu na terra sob os efeitos da cruz eterna. Ele não fazia o que queria, mas queria o que já tinha sido determinado antes da fundação do mundo no Conselho da Trindade Divina. Jesus viveu 100% pela fé na dependência do Pai e do Espírito Santo.
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A cruz não é apenas um tribunal de execução, ela é uma via de conduta. Todos que foram crucificados com Cristo precisam viver sob os efeitos permanentes da morte na cruz, para o pecado, levando sempre no seu corpo, a mortificação do Senhor Jesus, a fim de que a Sua vida se manifeste no modo de viver de cada um que nEle crê.
Na experiência de Jesus, o espírito da cruz antecedia à cruz do Calvário. Sua vida era de renúncia e de abnegação. O espírito da cruz em nossa experiência procede e vem de nossa morte juntamente com Cristo, todavia, se expressa, no dia a dia, como o nosso estilo de vida, na qualidade de filhos de Deus.
Para mim, o sinal que evidencia a autenticidade do novo nascimento, se é que há um, não é tanto a confissão de que fomos crucificados com Cristo, ainda que isto seja fundamental, mas é o espírito da cruz agindo em nosso mondo de ser.
Richard Baxter dizia: “A cruz precisa ser carregada; não temos liberdade de passar por cima dela ou de evitá-la.” Mas, não confunda carregar a cruz com levar suas cargas. Os fardos são pesos da existência humano, a cruz é o fim dos direitos humanos. Quem já tomou a sua cruz não busca o seu currículo sob a visibilidade pública.
Se o espírito da cruz não agir em nós através da obra da cruz feita por Cristo, ninguém segue a Cristo de verdade. A pregação ortodoxa da cruz não garante o espírito da cruz, mas este, sustenta aquela.
Do velho mendigo do vale estreito,
Glenio.

O ESPÍRITO DA CRUZ 3 - POBRE, SOZINHO E MORTO

“O cristianismo tem um segredo desconhecido pelos comunistas ou capitalistas… como morrer para o eu. Este segredo torna-nos invencíveis,” propõe W. E. Sangster.

Quem pode vencer um morto? O espírito da cruz anula o poder da cobrança. Não é possível matar quem já morreu. Há na história uma história de um cristão nobre de Roma que foi levado à presença do imperador da época, para que negasse a sua fé em Cristo.
O César, arrogante, o constrange:
-se você não negar a sua fé, eu mando confiscar todos os seus bens. Você ficará pobre e miserável. Não terá mais nada…
– Nada? Eu não possuo coisa alguma neste mundo. Como ficarei sem nada? Eu não entendo esse tipo de argumentação. Sou apenas um mordomo.
O imperador, irado, disse:
– Então, eu o mando para uma ilha deserta.
– Como assim? Em qualquer lugar que estiver, estarei na presença de Deus. Nunca estarei solitário. Não existe solidão para quem vive em intimidade com Deus.
Irritado, bravo e fora de si, o imperador se destempera e vai à loucura:
– Eu o mato; eu o mando à arena para ser comido pelos leões.
– Morte? O que é isso? Como se pode matar quem já morreu com Cristo?
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Esse é o segredo da invencibilidade. Quem pode roubar àquele que não é dono de coisa alguma? Quem pode desterrar e manter em um lugar isolado quem vive alegre na companhia da Trindade? E quem pode matar quem já foi crucificado com Cristo?
J. Blanchard disse: “Morrer para nosso conforto, nossas ambições e nossos planos faz parte da própria essência do cristianismo”. Isso é o espírito da cruz. Não se trata de uma doutrina, apenas, mas, de um estilo de vida: a mortificação da natureza terrena por aquele que teve o seu velho homem assassinado juntamente com Cristo.
O filho de Deus mortifica-se porque o seu velho homem já foi crucificado com Cristo; ele faz morrer a sua natureza terrena. O legalista tenta mortificar-se para poder apaziguar a sua consciência diante de Deus, a fim de ter de que se gloriar.
Dou valor esse pensamento de C. H. Spurgeon, quando falava aos seus alunos no seminário: “Preparem-se, meus jovens amigos, para se tornarem cada vez mais fracos; preparem-se para mergulhar a níveis cada vez mais baixos de auto-estima; preparem-se para a auto-aniquilação – e orem para que Deus apresse este processo”.
Não basta termos uma pregação correta sobre a obra da cruz, é preciso que nós tenhamos, bem definido, o espírito da cruz agindo em nós. Mendiguinhos, olhe o que diz Josif Ton a esse respeito: “Quando você coloca a sua vida no altar, quando se prontifica e aceita morrer, você se torna invencível. Não tem mais nada a perder.” Aqui reside o fato concreto da invencibilidade.
No amor do Amado,
do velho mendigo do vale estreito, Glenio.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

O AMOR DE DEUS NÃO É PERMISSIVO


Eu estive lendo algo de Donald Barnhouse, e ele disse: “O amor de Deus não é uma bondade natural permissiva como muitos imaginam e, por isso, o arrastam na lama; é rigidamente justiça e por esse motivo Cristo morreu.” Mas Cristo é justo e amoroso.

Por quem Cristo morreu? Por gente de barro, quebrada, enlameada e suja.  Morreu em favor de quem a Trindade elegeu na eternidade, mas caiu; por isso, teve que justificar na cruz e dar vida a essa gente morta em pecados, chamando, daí, eficazmente ao dom do arrependimento e da fé na suficiência do Cordeiro imolado na cruz.
A cruz é o trono em que a Divindade consegue conciliar o amor e a justiça, sem banalizar o primeiro, usando de tirania com a segunda. O amor e a justiça se congraçam tão bem no sacrifício do Cordeiro, que a Trindade é capaz de ser perfeitamente amorosa com o pior pecador, embora não seja indiferente ou condescendente com o pecado.
A Trindade amou o mundo antes que o mundo existisse. Ela continua amando a todos os Seus do mundo, mesmo depois que todos se tornaram imundos por causa da lama do pecado. A Trindade não perdeu o controle do mundo em razão do húmus sujo.
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O Deus Triúno não deixará de amar os Seus imundos que estão neste mundo de poeira e lodo, atolados no pecado. Mas o amor de Deus não é uma permissão para que vivamos enlameados. Ser salvo e achar que é normal viver na lama, é um absurdo. O bebê pode sujar as suas fraldas, mas não pode viver com as suas fraldas sujas.
Porque Deus nos ama como pecadores, isto não significa que devemos viver chafurdados no lodaçal. O filho de nome “pródigo” pode ir até ao chiqueiro e tentar comer lavagem, todavia, teve chance de cima de cair em si e voltar-se para a casa do Pai.
A Trindade tem todo poder de libertar, amorosamente, o imundo, levando Cristo a morrer por ele, e, ao mesmo tempo, fazer com que esse imundo morra para o mundo, na mesma cruz com Ele, para, em seguida, fazê-lo viver em santidade. Aqui o amor toma o lugar do réu na cruz, mas a justiça exige que o réu seja incluído no mesmo sacrifício.
Se Cristo morreu pelo pecador, como propõe o amor gracioso da Trindade, e o pecador foi unido a Cristo, como determina a justiça Divina, então, não são sustentáveis as propostas que, em nome do amor de Deus, possamos viver comendo a lavagem deste mundo imundo naturalmente. Não é da natureza dos filhos de Abba essa dieta de porco.
Tornar o amor da Trindade o patrocínio de murmuração e imoralidade é sujeira própria daquele que não conhece nem o amor, nem a justiça. Mendiguinhos, precisamos crer que os nossos maiores pecados são minúsculos diante do infinito poder da justiça de Cristo, porém, nossa insignificância é maiúscula perante seu amor eterno e incondicional ao libertar-nos de toda sujeira.
Do velho mendigo do vale estreito,
Glenio Fonseca Paranagua

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

IGREJA BOA PRA DIABO 3



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De nada serve trazer oferendas; tenho horror da fumaça dos sacrifícios. As luas novas, os sábados, as reuniões de culto, não posso suportar a presença do crime na festa religiosa. Isaías 1:13.
O Novo Testamento começa em sua forma escrita e em sua disposição canônica no Evangelho de Mateus. E, logo no inicio de sua leitura, fica no mínimo digno de nota o fato de que Deus não está onde o senso teológico comum e a grande maioria das pessoas diziam que ele estava. E o que é pior, a afirmação do endereço de Deus, não vinha apenas do inconsciente coletivo dos indoutos, mas como doutrina ensinada por aqueles que tinham o reconhecimento do povo, legitimidade religiosa, histórica e tradicional para fazê-lo.
Sendo assim, o lugar onde os líderes religiosos sacerdotais e os mestres da lei, diziam ser o lugar de adoração a Deus, de fato estava oco de Deus. Além do que, tal afirmação e ensino só poderiam ser feitos em desconsideração à palavra do próprio Deus por meio de seu profeta que dizia: “Eis o que diz o Senhor: O céu é meu trono, e a terra meu escabelo. Que casa poderíeis construir-me, que lugar poderíeis indicar-me para moradia? ” Isaías 66:1.
A evidência disto que estamos dizendo, passa pelo contexto dos Evangelhos e também pelo texto do capitulo 3 de Mateus, onde fica claro que a vibração das cordas vocais de Deus na história, demonstra o clamor de um Deus que está no deserto, e não no templo : “Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas”. Mateus 3:3. Com esta profecia de Isaias citada por Mateus, no que concerne a João Batista, fica evidente que o clamor de Deus tem outro endereço.
Outra característica interessante do que estamos afirmando está no fato de que, assim como a liderança religiosa do tempo de Jesus se esforça para matá-lo, na tentativa de manter o mundo de mentira intacto, no que se refere às denúncias de João Batista e do testemunho de Jesus, que manifestavam a inutilidade do templo como mediador dos relacionamentos com o divino (Derribai este templo.), podemos perceber que hoje em dia não é diferente.
Por esta razão, da mesma forma como ocorreu com João batista e Jesus Cristo, os profetas de hoje que forem fiéis à pregação do Cristo crucificado, trarão consigo o odor dos hereges sob as ventas da grande maioria das pessoas que se dizem cristãs em nossos dias. Ao passo que encaixotar Deus, e transformá-lo em um ídolo ou em um deusinho pagão parece piedade, exalando bom perfume que serve para esconder o mau cheiro do velho homem – enquanto se esconde atrás das moitas e das tangas de sua religião.
Nas mentes daqueles que não sofreram a metanóia da cruz – experiência pela qual os valores deste mundo são substituídos pelos valores do reino de Deus – chamar um demônio de Jesus é perfeitamente possível, adorar e servir a criatura ao invés do criador é o que lota o templo e traz resultado. O que importa é o que parece ser.
Somente mediante a operação do Espírito da Cruz em nós, os nossos olhos são de fato abertos para ver o invisível (O reino de Deus), tornando não só possível, mas extremamente óbvio, ao buscar ouvir a voz de Deus no deserto silencioso do espírito, ao invés de buscá-lo no luxo dos templos abarrotados e barulhentos, como sugere toda a história das religiões até os nossos dias, inclusive a cristã.
Sim, o deserto como representatividade se une à rude Cruz. Pois, o luxo dos templos e o Cristo crucificado se opõem em tudo, e isto fica evidente nos Evangelhos. Mas, o que estamos falando aqui não pode, de forma alguma, ser reduzido às geografias. Não estamos querendo reeditar a controvérsia proposta pela mulher samaritana de João 4, sobre o lugar em que se deve adorar a Deus. “Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar”. João 4:20.
Outra questão que não está em foco aqui é o desencorajamento à freqüência das pessoas aos locais de reunião da igreja.
 Isto favorece os encontros, os conselhos, os jantares mais íntimos durante a semana, além de facilitar a catalisação de recursos, dons, vocações, de um modo a tornar mais efetivo o impacto da igreja no mundo. Pensar de modo diferente é contrariar a palavra de Deus que diz: “Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia”. Hebreus 10:25.
O que estamos querendo chamar a atenção aqui tem a haver com o discernimento para o qual o Apóstolo João já havia nos alertado. “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”. 1 João 4:1. Sim, precisamos discernir sob qual espírito estamos nos reunindo, e qual o espírito que está por trás desta oposição, que resiste continuamente ao vinho novo.
Esse tal espírito, quer fazer de Deus um ídolo, quer fazer da relação com Deus uma religião e da adoração a Deus um rito; enquanto que, o Espírito do Evangelho nos apresenta Deus como uma pessoa, e nos põe numa relação com um Deus que é Pai, cuja relação faz com que a vida seja adoração. E isto, em suas expressões mais simples, sendo vivida em amor, liberdade e verdade.“Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus”. 1 Coríntios 10:31.
A identidade deste espírito que é contrario a Cristo, o anticristo, fica exposta quando observamos sua luta, não propriamente dito seu discurso.
Pois seu discurso, muitas vezes é usado para enganar ouvidos desatentos. Precisamos dedicar nossa atenção e verificarmos a favor de quem ele milita e contra quem ele faz guerra. Isto nós podemos perceber se fizermos estas perguntas para o texto de Mateus 16:22.
Podemos perceber claramente a oposição deste espírito à determinação de Jesus em ser o Cristo, por sua relação inevitável com a Cruz.“E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo”. Mateus 16:22a . Porém, o outro lado de sua atuação se manifesta em ser extremamente favorável a Jesus, pois se opõe à crucificação do homem. “Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso”. Mateus 16:22.
Como fica evidente pelos textos bíblicos acima, o espírito que cogita das coisas dos homens é o mesmo que repreende na face qualquer um que venha no Espírito do Deus crucificado. Desta forma, todo espírito que quer o bem do velho homem, que cria ambientes religiosos para o velho homem se sentir bem e buscar seus interesses egoístas, evitando a todo custo a cruz, fica assim flagrante para todos que esta é a religião do anticristo. E a todos que foram alcançados pela Graça de Deus, resta apenas uma fala. “Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!” Mateus 16:23b.
Mas, qual a razão da resistência ferrenha deste espírito a Cristo que, somada à nossa indolência, é capaz de transformar Evangelho em religião, como Paulo já havia manifestado temor? “Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos e se apartem da simplicidade e da pureza que há em Cristo”.2 Coríntios 11:3.
A razão é simples: o Evangelho transforma em ruína toda edificação da religião, seu significado se torna nada.
Toda estrutura carcerária babilônica cai por terra, deixando os demônios sem teto e sem escravos. O Evangelho transforma pessoas antes aprisionadas em sistemas religiosos que usurpam o nome de Deus, em pessoas livres para serem de fato catedrais de Deus, quando reunidas em duas, ou mais. “E ele clamou com voz forte, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e guarida de todo espírito imundo, e guarida de toda ave imunda e detestável.” Apocalipse 18:2.
O que precisamos entender é que Cristo não veio inaugurar a religião correta, Ele veio nos dar vida.“Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. João 10:10b. Ele não verteu Seu sangue para nos fazer religiosos, batistas, presbiterianos ou católicos. Ele veio para nos fazer filhos de Deus. “Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo”. Gálatas 4:5-7.
Precisamos ter a revelação de que a fé cristã, não é a evolução da religião judaica ou qualquer outra religião. Antes, a fé cristã é o fim de todas as religiões. “Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura”. Gálatas 6:15. No Evangelho nada é nada. Pertencer a uma religião e não pertencer, ser circuncidado ou não ser é exatamente a mesma coisa. O que importa de fato, é se estamos em Cristo, se nascemos de novo, se somos novas criaturas.
Que o Pai nos dê a coragem de sermos uma igreja comprometida com o Evangelho da Graça de Deus, da Cruz de Cristo, que acata com amor a verdade e que anuncia em todo tempo e em todo lugar, “as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”; 1 Pedro 2:9b. E que o Senhor nos livre de sermos uma igreja que pensa ou cogita das coisas dos homens, pois este é o modelo de igreja do qual o diabo se agrada. Alexandre de Oliveira Chaves

A CORAGEM DE SER 2