No mundo da carne, a vida antecede a morte. No âmbito da vida cristã, a morte precede a vida. Se alguém nascer nesse planeta, terá que morrer um dia. A vida da carne, por causa do pecado, encontra-se destinada a morrer. Ninguém nasce para viver, embora todos vivam aqui para morrer. Além do que, sem a morte da carnalidade, não haverá vida espiritual, por isso o espírito da cruz vem antes da criação do universo.
Quando Deus esvaziou-se, assumindo a natureza humana, veio a este mundo na condição de alguém sujeito ao espírito da cruz. Ele não veio para viver a vida humana, mas, para crucificar a natureza do pecado, infestada na raça de Adão. Se, ao nascermos, neste mundo, estamos destinados à morte, por causa do pecado, ao morrermos na cruz com Cristo, estaremos designados à vida eterna por meio da ressurreição de Cristo.
A obra da salvação do ser humano encontra-se circunscrita no âmbito da morte do pecador juntamente com Cristo. Mas não basta acreditar que morremos com Cristo, é preciso crer que continuamos mortos para o pecado e que Cristo é a nossa vida.
Jesus viveu na terra sob os efeitos da cruz eterna. Ele não fazia o que queria, mas queria o que já tinha sido determinado antes da fundação do mundo no Conselho da Trindade Divina. Jesus viveu 100% pela fé na dependência do Pai e do Espírito Santo.
A cruz não é apenas um tribunal de execução, ela é uma via de conduta. Todos que foram crucificados com Cristo precisam viver sob os efeitos permanentes da morte na cruz, para o pecado, levando sempre no seu corpo, a mortificação do Senhor Jesus, a fim de que a Sua vida se manifeste no modo de viver de cada um que nEle crê.
Na experiência de Jesus, o espírito da cruz antecedia à cruz do Calvário. Sua vida era de renúncia e de abnegação. O espírito da cruz em nossa experiência procede e vem de nossa morte juntamente com Cristo, todavia, se expressa, no dia a dia, como o nosso estilo de vida, na qualidade de filhos de Deus.
Para mim, o sinal que evidencia a autenticidade do novo nascimento, se é que há um, não é tanto a confissão de que fomos crucificados com Cristo, ainda que isto seja fundamental, mas é o espírito da cruz agindo em nosso mondo de ser.
Richard Baxter dizia: “A cruz precisa ser carregada; não temos liberdade de passar por cima dela ou de evitá-la.” Mas, não confunda carregar a cruz com levar suas cargas. Os fardos são pesos da existência humano, a cruz é o fim dos direitos humanos. Quem já tomou a sua cruz não busca o seu currículo sob a visibilidade pública.
Se o espírito da cruz não agir em nós através da obra da cruz feita por Cristo, ninguém segue a Cristo de verdade. A pregação ortodoxa da cruz não garante o espírito da cruz, mas este, sustenta aquela.
Do velho mendigo do vale estreito,
Glenio.
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