domingo, 28 de novembro de 2010

O CAMINHO DA ADORAÇÃO: A ADORAÇÃO NA HUMILHAÇÃO

Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o SENHOR, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos.Deuteronômio 8:2
Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Mateus 5.3
O caminho da Adoração nos conduz por lugares não muito agradáveis à natureza humana que, pelo medo da dor, não queremos percorrer. A natureza humana rejeita qualquer tipo de ação que tenha por objetivo tirar sua autoconfiança, algo de valor que pensa ter em si mesmo.
O povo de Israel foi por Deus tirado do Egito, onde por mais de 400 anos viveu como escravo, sob opressão. Deus então faz uma aliança com Israel e promete ter o povo como propriedade exclusiva Sua, de ser o seu Deus abençoador, amoroso e misericordioso. Yahweh libertou o povo do Egito, mas o povo ainda não havia sido liberto de si mesmo. Havia soberba no coração que precisava ser exposta para que entendessem a profundidade e a amplitude da separação que tinham de Deus assim como a profundidade e a amplitude do amor de Deus por eles. No deserto Deus provou e humilhou a Israel para saber/mostrar o que estava em seu coração.
Segundo a Enciclopédia Wikipédia, “humilhação é literalmente o ato de ser tornado humilde, ou diminuído de posição ou prestígio”. A humilhação não é geralmente uma experiência agradável, visto que diminui o ego. A humilhação não precisa envolver outra pessoa; ela pode ser um reconhecimento da própria posição de alguém, e pode ser um modo de lançar fora o falso orgulho.
O século XVIII foi chamado de século de luzes. O Iluminismo, que já estava surgindo desde o fim da Idade Média, foi baseado nas ideias de filósofos da época tais como: Francis Bacon, René Descartes, Isaac Newton (cientista), Thomas Hobbes, John Locke e Benedito Espinosa. As questões mais debatidas nessa época foram o racionalismo, empirismo, a lei natural e ainda, o liberalismo, direitos naturais e democracia. Afirmava-se que a razão é capaz de produzir evolução e progresso sendo o homem um ser perfectível. “O homem é o centro do Universo”.
René Descartes disse: “só se pode dizer daquilo que for provado”. No Discurso do Método, Descartes cunhou a frase Cogito ergo sum – penso, logo existo – a afirmação da fé no poder da razão humana. Filósofos e economistas procuraram novas maneiras de dar felicidade ao homem. O princípio organizador da sociedade deveria ser a busca da felicidade; ao governo caberia garantir direitos naturais: a liberdade individual e a livre posse de bens. Para encontrar Deus, bastaria levar uma vida piedosa e virtuosa. Nesse período há um grande interesse pelas artes, pois elas revelam o que o homem tem de “melhor” em si. O doutor David Martyn Lloyd-Jones, teólogo protestante do século XX disse: “Por toda a parte manifesta-se essa trágica confiança no poder do conhecimento e da esmerada educação como tais, como se fossem meios de salvação do ser humano, meios capazes de transformá-lo e torná-lo um indivíduo decente”.
Mesmo em deplorável situação o orgulho faz com que o homem não se dobre e clame por misericórdia. O intolerável egocentrismo alavanca o pensamento positivo para a altivez, de tal modo que prefere executar o Harakiri do código de honra do Samurai, de que ser liberto pela misericórdia. O Iluminismo, chamado de Era da Razão, colocou o homem numa posição de exaltação, contrária à que o Deus encarnado, Jesus Cristo, assumiu. O homem por natureza não quer ser humilde e quando quer mostrar por si só algo diferente, oculta o real desejo de ser exaltado.
Vemos na Palavra de Deus que não é possível ser humilde sem humilhação. Jesus Cristo disse em Mateus 5.3 Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Temos nesta verdade alguma coisa que o mundo não somente não admira como também despreza. Pelo contrário, a autodependência, autoconfiança e auto-expressão controlam os aspectos da vida fora da pessoa de Cristo. Friedrich Wilhelm Nietzsche, um filósofo do século XIX, filho de família Luterana, coloca a humilhação como um jogo político religioso repressor. Ele não entendeu que a religião não humilha, mas exalta o ego. A religião escraviza e subjuga o homem na sua própria ambição, por isso quando a Igreja falhou em libertar o homem, esse buscou sua libertação na Razão. Então Nietzsche disse “Deus morreu”. Sim, se o seu deus morreu o homem precisa se virar sozinho! Se Deus não é o centro de todas as coisas, o homem será o centro de todas as coisas, adorado e exaltado. Esse é o pensamento filosófico Iluminista antropocêntrico. Protágoras de Abdera - (Abdera, 480 a.C. - Sicília, 410 a.C.) foi um filósofo da Grécia Antiga, responsável por cunhar a frase: "O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são."
Entretanto, contrariando a arrogância iluminista, a Palavra de Deus afirma: Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Filipenses 2.5-8. Os judeus esperavam um Salvador exaltado e não humilhado. A religião sem nenhum Salvador insultado e humilhado não suportará insultos e humilhação. A religião está destinada a tentar realizar a impossível tarefa de defender uma honra sem a humilhação da morte de Cruz. Mas, ser cristão significa que os seguidores de Cristo devem ser desejosos de ter a “participação dos seus sofrimentos, conformando-se a Ele na sua morte” (Filipenses 3:10)
Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado. Mateus 23.12. Porém a humilhação de Cristo tem sido sutilmente rejeitada pela igreja contemporânea. A “humildade de espírito” não é popular nem mesmo dentro da igreja. No entanto, o Caminho da Adoração começa quando somos solapados pelo fracasso do desempenho de nossa vida. Deus sabe o que está no meu e no teu coração e precisa nos expor para nos rendermos a sua Justiça. Somente podemos ser cheios do Espírito de gratidão e louvor ao Senhor, se somos esvaziados da arrogância, do senso de direito da justiça própria. Queremos nossos direitos, nossas vontades realizadas, o nosso EU no trono. Enquanto o EU estiver no trono, é o EU que será adorado e não o Senhor Jesus Cristo.
O que significa ser “humilde de espírito”? Ser “humilde de espírito” não significa ser retraído ou covarde. Também não significa reprimir sua verdadeira personalidade, fazendo coisas para parecer humilde. A falsa humildade se revela no desejo de exaltação pessoal, mascarada pela modéstia. Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos. Romanos 12:16. Humilhação é ser categorizado abaixo de outros que são honrados ou recompensados. Que tipo de sentimento cresce em nosso coração quando isto acontece conosco? Que tipo de sentimento temos quando isso acontece com os outros? Se tivermos a perspectiva da Cruz, veremos que ser humilhado e tratado por Deus produz posterior honra e também glórias a Deus, mas se veladamente alimentamos o desejo de exaltação, estamos no centro e Deus não está sendo glorificado.
Não há humildade sem humilhação. A humildade autêntica parte do coração tratado pela Cruz; parte da convicção íntima e profunda da própria insignificância diante de Deus. Enquanto Jesus se humilhou, esquecendo sua dignidade de Filho de Deus, o homem, para ser humilde, deve considerar o que é: criatura subsistente não por virtude própria, mas somente pela graça de Deus. Criatura que, por causa do pecado, se tornou um miserável moral. Só a graça proveniente da humilhação de Cristo pode tornar-nos humildes de espírito.
O deserto é algo inevitável quando Deus trata com a motivação do nosso coração. Enquanto resistirmos ao trato de Deus, mais doloroso será o tratamento. Quanto mais obstinado for o nosso coração, maior será a aflição. João Batista entendeu que embora sendo o enviado por Deus para anunciar a vinda do Senhor Jesus Cristo, não deveria se gabar disso. O qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias. João 1:27. O verdadeiro adorador é conduzido pelo Pai amoroso no mesmo caminho percorrido por Jesus. O caminho da adoração é o caminho do esvaziamento (Fp 2.7), da humilhação (Fp 2.8), de quebrantamento e da exaltação divina (Fp 2.9).
Não somos capazes de produzir humildade. Humilhai-vos (ou seja, tenha uma correta visão de si mesmo a partir de Cristo), portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte. 1 Pedro 5:6. Somente um coração quebrantado que clama ao Senhor reconhecendo sua indignidade, pode ser feito humilde.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Mateus 11:29. Se o meu Jesus deixou-se humilhar se fazendo homem e assumindo o meu pecado; logo Ele que tinha todas as prerrogativas para não aceitar tal humilhação, por que eu, que creio ser um cristão, tento defender a todo custo minha reputação?
Compartilho os versos de Lloyd-Jones:“Nada trago em minha mão. Só na tua cruz me agarro. Vazio, desamparado, nu e vil. Entretanto, Ele é o Todo-suficiente – Sim, tudo quanto me falta em Ti encontro. Oh, Cordeiro de Deus venho a Ti”. Somente quando chegamos ao fim de nós mesmos, podemos nos prostrar e adorar ao Cordeiro, o único digno de toda adoração. Eric Gomes do Carmo - http://www.palavradacruz.com.br/

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

AJUDA FAZ DIFERENÇA

“Vieram, então, uns homens trazendo em um leito um paralítico; e procuravam introduzi-lo e pô-lo diante de Jesus.” (Lucas 5:18 ARA)
A primeira coisa que chama a atenção neste episódio é justamente o fato de que este paralítico era paralítico. Se de nascimento ou não, neste momento não importa. O fato é que estava num leito e tudo indica que não tinha condições de levantar-se. Habitualmente os escritores bíblicos destacam quando é uma criança ou um menino, portanto é razoável imaginar, ainda que não seja explícito, que era adulto. Mas, o que não é suposição é que este paralítico tinha amigos.
Viver sozinho não é bom para o ser humano. Se este paralítico não tivesse amigos teria morrido no leito sem experimentar a cura que Jesus tinha para ele. Se eram seus familiares ou não, eram pessoas que se importavam com ele a ponto de carregá-lo. Era pelo fato de ter quem se importasse com ele que foi levado a Jesus, e ao ler o texto percebemos claramente, com muito esforço. O verbo “procuravam” que aparece no texto indica um ato contínuo e traz o conceito de esforço. Ou seja, seus amigos se esforçavam continuamente para estar diante de Jesus.
Ser ajudado não é humilhante, é abençoador. Ajudar é muito mais bênção, pois como Jesus mesmo disse “melhor coisa é dar do que receber” e isso se aplica à ajuda. Mas ser ajudado pode fazer toda diferença, muitas vezes entre salvação e perdição, vida e morte.
Não há dúvida que ao vivermos em comunidade dentro das igrejas, temos muito leito para carregar. São enfermos do corpo, da alma, das emoções, dos relacionamentos, das finanças e assim por diante. Tembém pode ser que precisemos ser carregados em alguma situação. O importante é estarmos prontos e dispostos a nos importar com as pessoas ao ponto de carregá-las.
Eu ouso dizer que não precisa esperar ficar paralítico para aprender a lição. Ser ajudado é consequência de ter quem se importe. Para chegar a isso, nós teremos de nos importar com os outros primeiros. Semeadura…

“Senhor, ensina-me a me importar com as pessoas a ponto de carrega-las. Ajuda-me para que eu não precise ser carregado, mas se precisar, ter a humildade de receber ajuda.” Mário Fernandez  http://www.ichtus.com.br/dev/2010/11/25/ajuda-faz-diferenca/

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O APRENDIZ DE LAVA-PÉS. III

O Onipotente de cócoras asseando os pés imundos dos discípulos insolentes é uma cena sem precedente na história deste mundo drogado por egolatria.
O pior é que a sua postura é o modelo do seu discipulado. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. João 13:14 . Até aqui, tudo bem, posso admitir o Criador agachado servindo a sua criatura. Ele se basta a si mesmo. O xis da questão é ver a cria sobrepujada, querendo ser o Autor da criação, se ajoelhando perante outro ente doente de ego, para lhe banhar os pés.
Se o assunto ficasse só com o Soberano era mais fácil para nós os soberbos, admitirmos este gesto de humilhação. Deus tem aseidade, isto é, ele não carece de nada, nem coisa alguma lhe diminui. Mesmo o Deus encolhido no corpo de uma criatura não sofre uma mudança de essência, tampouco deixa de ter a plenitude da Divindade. Ele se basta a si mesmo.
A complicação fica sempre conosco, pigmeus morais, ambicionando o trono eterno do Deus Altíssimo. O pecado nos tornou alpinistas juramentados. Somos uma raça anã, vivendo um pesadelo de gigantismo. Sofremos de esporulofobia, ou o medo dos micra que definem a célula imperceptível de uma vidinha medíocre. A invisibilidade social nos atrapalha demais.
O ostracismo nos incomoda nas entranhas. Uma biografia sem palco e sem holofote é insuportável para as brisas que sonham serem ventanias e os ventos que se veem como vendavais. Deus me livre da insignificância! Esta a enfermidade da alma mais difícil de ser curada.
A aula do lava-pés é uma desconstrução do velho paradigma. Cristo Jesus é uma pessoa encarnando duas naturezas simultaneamente. Cristo é a divina encolhida, enquanto Jesus é a humana sarada. O Deus-Homem não teme a humilhação, nem busca a exaltação. O alcance da Sua pessoa histórica é o modelo de nosso ensaio como filhos de Abba.
A bacia, a tolha e o contentamento de ficar agachado, lavando os pés emporcalhados dos semelhantes, arrogantes como eu e você, é o teste de qualidade que me vai dizer como saio na foto junto àqueles que são chamados filhos de Deus.
Não há alternativa. Os discípulos do Cordeiro são alunos do lava-pés. Esta matéria, porém não tem graduação e, se nós não nos humilharmos, seremos humilhados. Sendo assim, é melhor nos curvarmos antes que sejamos encurvado pelos sofrimentos que nos conduzirão ao patamar da humilhação.
Abba, querido, ficar de cócoras com a bacia e a toalha lavando pés sujos de sujeitos soberbos como eu e como a torcida inteira do ego, é muito para a minha empáfia. Posso até lavar os pés dos outros por interesse, pois eu quero um lugar de honra na tua Casa. Mas, tenho dificuldade extrema de fazer por dever. É cansativo demais. Por medo, nem pensar. No amor não existe medo. Ora, se o Senhor é amor, só quero fazer as coisas por amor, sob o teu investimento. Derrama o teu amor em meu pobre coração e me faça de fato um contente lavador de pés, para tua honra e glória somente.
No nome doce do teu Filho amado, Jesus. Amém
Do aprendiz de lava-pés, Glênio Paranaguá

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O APRENDIZ DE LAVA-PÉS. I

A última lição prática que Cristo Jesus deu aos seus apóstolos inchados, antes da cruz, foi a do lava-pés. Durante o seu ministério terreno, de três anos e meio, houve três crises de megalomania entre os seus discípulos. A questão recorrente discorria sempre sobre o saber quem era o maior, o mais notável, o pajé da aldeia ou o cacique da tribo. Sempre a mesma coisa. Que assunto indigesto.
A obesidade emocional é muito mais séria do que a gordura física. Há um perigo muito maior para a saúde como um todo, ao se perceber o intumescimento psicológico, isto é, o ensoberbecer-se sobre os outros, do que, em relação à adiposidade orgânica. É preferível um rei-momo rechonchudo, roliço e barrigudo do que o reinado de uma mente soberba, grossa de ambições e avantajada em seus desejos de grandeza.
Como o mendigo se aposentou de sua calçada para não fazer nada mais além de descansar, se matriculou na escola do aprendiz de lava-pés e, vai continuar historiando. (Só o presidente pode continuar voado).
O ser mendigo é descansar na esmola da graça plena, enquanto o ser lavador de pés é aprender a ralar com júbilo na missão da dependência filial, financiada pela misericórdia que se renova a cada alvorecer. No mundo da roda dentada, o ser humano em pé, empertigado, vale pelos seus méritos e por sua vanglória. Vive em busca de pódio.
Por outro lado, no mundo do pão partido e do vinho derramado, a pessoa só vale ajoelhada e de cócoras, orando ao Pai e lavando os pés dos indigentes, movida por amor incondicional, sem a necessidade de relatórios ou a exposição de suas causas pessoais.
Na escola, As Migalhas Que Caem Da Mesa, se aprende que: a grandeza está nos pés e não na cabeça. Os pés lavados são mais importantes do que os cabelos penteados sobre o topete da cabeça ensoberbecida. A humildade válida, no Reino de Deus, só valida o valor do capacho limpa-pés, nunca do capricho lustra-móveis, reivindicado apenas pelas mentes altivas ou enaltecidas que exigem reconhecimento.
O modelo da grandeza apresentado pelo Maioral dos maiorais é uma bacia com água limpa, uma toalha cingida pela cintura e a disposição de se encolher até aos pés dos pedantes, para limpar a poeira dos pés sujos. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. João 13:5.
O Senhor do Universo, o Criador do Mundo, o Verbo Onipotente em carne vivente, assumindo a postura do escravo mais baixo ou o inferior da Casa, o servente mais desprezível de todos, acocora-se aos pés da criatura, para estender a sua linha graduada, a escala de maior grandeza na administração da economia divina. Ser o maior no Reino da graça é torna-se um aluno do lava-pés, louvando de coração, pelo status semelhante ao posto do Deus agachado.
A pessoa mais elevada no Reino de Deus, segundo o Rei dos reis, o Senhor dos senhores. Segundo o Servo dos servos que não servem, nem mesmo para servir no serviço mais baixo da Casa, é aquela que se importa com aquilo que, diante dos homens orgulhosos e importantes, não tem a menor importância, ou seja, o lavar os pés da gentinha, que ele tanto ama.
Mestre e Senhor da humildade eterna, pedimos-te: ensina-nos, como aprendizes do lava-pés, a nos desvestirmos da túnica de nossa dignidade terrena. Precisamos ser desconstruídos em nossa importância pessoal, que tanto nos exalta. Rogamos também, que, enquanto estivermos sendo vestidos, no recinto da graça, com o avental da tua própria modéstia e revestidos do poder do Paracleto invisível, que possamos servir aos indigentes, neste mundo presunçoso, sem a preocupação com os holofotes acesos e as câmeras ligadas, com toda a diligência e elegância da tua nobreza celestial.
No teu nome santo. Amém.
Do aprendiz de lava-pés, Glênio Paranaguá.

O APRENDIZ DE LAVA-PÉS. II

A crise é antiga. O gênero adâmico não aprecia viver ao rés do chão. Ele foi feito do pó da terra. Vive sujo, mas detesta aspirar a poeira dos pés alheios, enquanto aspira ao trono da glória, como se fosse um deusinho soberano. O ar de importância faz parte do DNA da raça caída, que adora construir jiraus e palanques para se apresentar saliente.
A síndrome do púlpito, o desejo da plataforma, o gosto pelos palcos e a ânsia por serem vistos, a qualquer custo, como artistas Vips ou gente importante são procedimentos do complexo de inferioridade que se alastrou nos anões que sonham sendo gigantes.
Os discípulos de Jesus, Deus encolhido num homem, conviviam com o conflito permanente de altar. Eles queriam ser ou saber quem era o maior. Por três vezes a crise se instalou no colégio apostólico, gerando disputa, olho gordo e dor de cotovelo entre eles.
Na primeira tensão, Jesus pegou uma criancinha e colocou no meio deles, dizendo: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Mateus 18:3. O modelo de grandeza aqui foi um bebê, todavia, eles estavam embebedados pelos conceitos dos governos terrenos. Para o mundo inchado, grande é quem senta em tronos e tem muitos servos a seu serviço.
A segunda articulação visava à posição de nobreza dos filhos de Zebedeu, ambos, “Zé ninguém”. Pretendiam assumir dois ministérios como Plenipotenciários. Jesus mostrou, neste caso, que grande, no reino de Deus não é quem tem muitos servos, mas quem serve a muitos, com um espírito de humildade. Eles, porém, jaziam sem entender nada.
Vem a terceira convulsão de altivez e Jesus toma uma bacia com água e uma toalha, a fim de demonstrar, na prática, o que é a grandeza no âmbito da Trindade.
Se quisermos ser reconhecidos como discípulos de Jesus, teremos que aprender esta lição elementar. Água, bacia e toalha. Retire a túnica da pomba e aprenda a ficar de cócoras, com a popa quase no chão, olhando, não para a cabeça das pessoas, mas para os seus pés sujos. Aqui reside o padrão da realeza diante do trono celestial.
O Deus que lavou os pés dos perturbados pelo poder, que ansiavam ser graúdos neste mundo, é o Criador do Universo, o Senhor da história, por isso mesmo, não há opção para os seus discípulos. A grandeza nos céus é às avessas ou de cabeça para baixo.
Como aprendizes, nós fomos escolhidos para a missão de lavar os pés empoeirados de todos, inclusive daqueles que têm os seus pés rachados, imundos, mal cheirosos, defeituosos, sangrentos, embora, sempre amados, muito amados, os mais amados por Aquele que teve os seus pés transpassados por um amor jamais superado.
Se você e eu somos discípulos do Deus acocorado aos pés dos perversos pecadores, então dispamos dessa roupagem de Sua Majestade terrena e, revistamo-nos dos trajes simples de Sua Alteza, o Mendigo, cheio de graça, humildade e mansidão.
Ó Senhor da submissão, tu disseste: eu nada fiz aqui terra que não tivesse visto meu Pai fazer. (Sem dúvida, lá no céu). Então, a idéia de lavar os pés dos teus discípulos arrogantes, naquele dia, foi do teu Pai, arraigado de amor eterno. Agora, em teu nome, como aprendizes do lava-pés, suplicamos que o teu Aba nos dê da tua modéstia, a ponto de lavarmos os pés dos irmãos, dos amigos e também dos nossos inimigos, com a mesma postura e o mesmo desprendimento que o Senhor demonstrou. Se não for por teu milagre, ninguém conseguirá esta façanha como um filho de Aba.
No teu nome, que é sobre todo nome. Amém.
Do aprendiz de lava-pés, Glênio Paranaguá

terça-feira, 2 de novembro de 2010

SUA ALTEZA, O MENDIGO. L

Sua Alteza chegou ao fim da picada. Depois de cinquenta esboços em busca da ética, até o u perdeu o trema. No Brasil, já ninguém mais treme diante da miséria moral. Tudo não passa de tramas, trambiques, trapaças e trombadas dos trombadinhas do poder.

A fome zero providenciou uma esmola de tacos e ticos em bolsas furadas, que não satisfaz o apetite do faminto, mas lhe dá a sensação de um miserável apadrinhado, enquanto as cuecas e meias saem abarrotadas para os bancos que bancam a bancarrota das bancadas na política de um país imoral. O velho mendigo tem vergonha de ser brasileiro.

Eu tenho fome de significado eterno. Tenho muita fome do Pão do céu. O Pão nosso de Cada dia. O pão da padaria só me sacia por algum tempo. Eu como só para continuar a carreira, mas a minha fome é de Alguém que me ame com amor incondicional e sem tempo de validade, além do que, eu possa amá-lo com a fúria de um ser, plenamente amado.

Por isso mesmo, o mendigo velho vai se jubilar de sua calçada. Aposentadoria compulsória. Chega de mendicância toda semana. Depois do estresse e da pausa para meditar, o melhor é ir se reformando como mendigo e mudar de assunto.

O tema encontra-se sem ibope, o que, na verdade, é uma honra, mas ser pobre na terra, embora sendo nobre no céu seja a bem-aventurança de uma espécie em extinção, que talvez, ainda espere pela o raiar de um novo Dia. Mas a noite escura do humanismo iluminista vem turvando a via-sacra da fé singela dos peregrinos. Até aqueles que se dizem pastores do rebanho do Cordeiro, viraram lobos banqueteando a carniça nos palácios.

Quando menino, no interior do estado mais pobre do país verde, amarelo e azul, aprendi que: “quem tem boca vai a Roma”, mas aprendi errado. Diz outro adágio: “quem conta um conto, aumenta um ponto”. Aumenta e distorce o que ouve e o que conta. O prof. Pasquale, retificando o erro de quem pensava ser o certo, diz que o certo é: “quem tem boca vaia Roma”. Vaia não é uma questão de comunicação, mas de indignação.

Vaiar é a expressão de repulsa que pulsa no coração revoltado por causa da injustiça que agita todos os poderes da nação. Na verdade, isto é uma danação moral jamais vista na romaria rumo ao novo Império Romano, com os seus dez artelhos se mexendo por baixo. O profeta tem razão: Como os artelhos dos pés eram, em parte, de ferro e, em parte, de barro, assim, por uma parte, o reino será forte e, por outra, será frágil. Daniel 2:42. Forte na imoralidade, fraco na moral.

O mundo jaz no Maligno, diz o apóstolo João ninguém, para quem se acha alguém neste mundo imundo. Sem dúvida a democracia é coisa do Demo. Demorou, mas o projeto da Nova Ordem Mundial vai se configurando paulatinamente, enquanto o pau latino vai caindo na mente de quem se meta a resistir mentira do sistema. O caos é a ordem do dia e o ilegal, a normalidade. Bem feito para quem dá crédito ao iluminismo!

Tchau, mendiguinhos bucólicos. Até depois do rapto, não das Sabinas, nem dos sabidos, mas dos sábios que crêem. Se não for incômodo, leiam o profeta Daniel, pois ele descreve, com detalhes, os capítulos do plano.

Um ósculo para todos. Ósculo me parece mais comovente do que beijos.

Do mendigo velho, agora inativo. Glenio Paranaguá

P.S Para os menos avisados, o rapto é o arrebatamento dos santos. Para mim, antes da tribulação. (Só para provocar quem pensa diferente). Azar o seu.

PELAS OBRAS OU PARA AS OBRAS?

"Mas se é pela graça, já não é pelas obras, de outra maneira, a graça já não é graça. Romanos 11:6".

Esta declaração inevitavelmente traz consigo uma conclusão lógica: se é pelas obras, a graça deixa de atuar. De outra maneira, as obras já não são obras. O ponto principal é: ou será por “graça” ou será por “obras”. Não podem ser as duas coisas ao mesmo tempo. São duas eternas antíteses, e, se for por uma, não poderá ser por outra.
A graça é uma atitude Divina para com os homens. No que se refere à salvação, a iniciativa é sempre de Deus. A essência da doutrina da graça é o agir de Deus em favor da humanidade caída.
A manifestação dessa graça é justamente observada na obra redentora e salvadora de Cristo Jesus nosso Senhor para conosco, pecadores falidos e perdidos por natureza, pois segundo a Bíblia, o homem, na sua essência, está morto em delitos e pecados. Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Efésios 2:1-3. Esta é a real condição de toda pessoa que nasce neste mundo e não há nada que se possa fazer para mudar essa situação.
O que então pode despertar um ser como este? A resposta vem no versículo seguinte: Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus. Efésios 2:4-6. A salvação foi iniciada por Deus. Foi Ele quem fez algo. Foi o Pai quem enviou seu Filho Amado para morrer e ressuscitar e nos fazer morrer e ressuscitar juntamente com Ele.
O que seriade nós sem a graça de Deus? O apóstolo Paulo sabia que ele era o que era, por causa da infinita graça de Deus. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo. 1 Coríntios: 15:10. Neste relato do apóstolo, observa-se que a graça de Deus não é algo estático, ela gera efeitos, gera resposta em nossos corações. Paulo enfatiza que trabalhou muito mais do que todos, mas deixa claro que foi a ação da graça de Deus agindo nele.
Atualmente, o povo de Deus vive uma graça inconsequente. Observamos pessoas anulando e fazendo da graça de Deus algo vão e vazio. Porque uma coisa é certa, todas as vezes que usamos a graça de Deus para um proveito próprio, nós a anulamos. O cristão sempre será alguém devedor da graça e da misericórdia de Deus. Todas as vezes que ele olhar para trás, terá que dizer inevitavelmente, “sou o que sou pela graça de Deus”.
Outrora nós também éramos insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a benignidade de Deus, nosso Salvador, e seu amor para com todos não por obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou mediante a lavagem da regeneração e da renovação pelo Espírito Santo, que ele derramou ricamente sobre nós, por meio de Jesus Cristo nosso salvador. Tito 3:3-6.
Jamais poderemos nos jactar do que somos, pois seremos devedores eternos da graça de Deus. Até mesmo quando somos chamados a operar a nossa salvação com temor e tremor, este chamado é inteiramente pela graça maravilhosa de Deus. Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Filipenses 2:12-13. Precisamos entender que jamais poderemos, pelos nossos próprios esforços, adquirir a salvação. Paulo, nesta passagem, não está exortando os membros da igreja de Filipos a produzirem sua própria salvação, mas sim os exortando a porem em ação a salvação que já possuíam. Ele não está escrevendo para pessoas que se tornariam cristãs, mas para pessoas que já eram cristãs. Estava dizendo que agora eles podem aperfeiçoar, efetuar, levar a um resultado completo, ou finalizar algo que já fora neles iniciado. Somos exortados a não receber a graça de Deus em vão, a não anularmos a graça de Deus. E nós, cooperando com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão. 2ª. Coríntios 6:1.
Em parte alguma o Novo Testamento apresenta a vida cristã e a salvação como algo que adquirimos como fruto do nosso esforço ou desempenho pessoal. Pelo contrário, somos informados de que: Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus. Filipenses 1:6. Não existe nada que Deus exija em sua Santa Palavra que Ele mesmo, por sua graça, venha nos capacitar a cumprir para que nós O glorifiquemos. Por isto, não existe preço algum a ser pago. Paulo deixa bem claro que quem opera tanto o querer como o efetuar é Deus. Dizendo isto, ele quer tirar os holofotes de si e mirá-los para Aquele que é o único digno de receber toda glória e honra. É Deus quem opera em vós, não eu. Não é Paulo, mas Deus. Muitas vezes, Deus faz a obra e as pessoas dão o crédito aos homens. O pior é quando os homens buscam auferir para si o crédito que só pode ser dado ao Cordeiro. Os homens são apenas canais por onde flui a água viva que dessedenta. Os homens podem ser e, de fato, são úteis na proclamação do Evangelho, porém meros instrumentos nas mãos de Deus.
O que vemos hoje é uma dependência doentia de homens, os quais, muitas vezes, ficam como cães a lamber seus donos por interesses próprios e para a satisfação de seus egos, porque não foram crucificados com Cristo. Paulo sabia muito bem desse perigo e desse favoritismo do inferno ao escrever: Afinal de contas, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e isto conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou, mas Deus deu o crescimento. Pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. 1 Coríntios 3:5-7. Hoje em dia, há uma dependência exagerada e um foco desmedido em homens ao invés de Cristo. Os homens caem ou se vão e seus dependentes tendem a entrar em colapso ou em depressão, justamente porque seus olhos estão fitos não Naquele que pode todas as coisas, mas naqueles cujo o fôlego está nas narinas. A Palavra de Deus nos exorta a olharmos fixamente para Jesus. Olhando firmemente para Jesus, autor e consumador da nossa fé, o qual pelo gozo que lhe estava proposto suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. Hebreus 12:2.
Nossa salvação é pelas obras ou para as obras? Deixemos a própria Palavra de Deus responder a esta pergunta. Pois é pela graça que sois salvos, por meio de fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus, não das obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. Efésios 2:8-10. Não somos salvos pelas obras, mas para as boas obras, que o próprio Deus, em sua sabedoria eterna, deixou preparadas para nós. Por isto, todo nosso crescimento precisa estar focado nesta graça maravilhosa de Deus e não somente no conhecimento de Deus. Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade. Amém. 2 Pedro 3:18.
Gostamos muito da palavra maturidade, crente maduro. O que vem a ser um crente maduro? Quando o apóstolo Paulo fala sobre seu crescimento, usa uma ordem muito esquisita. Primeiro, diz que é “o menor dos apóstolos”, que não era nem digno de ser chamado de apóstolo. Passado aproximadamente cinco anos, refere a si mesmo como “o menor de todos os santos”.Perto do fim de sua vida, considera-se “o principal dos pecadores”. Existe sem sombra de dúvidas um crescimento, mas um crescimento para baixo. Nosso Senhor explicou muito bem isso ao dizer: Mas ele me disse: a minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Portanto, de vontade me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. 2 Coríntios 12:9.
Maturidade é dependência da graça de Deus. Quanto mais aprendemos a depender da graça de Deus, mais maduros nos tornamos. Somos chamados por Deus para comunhão e não para perfeição. A perfeição é o resultado da comunhão e não vice-versa. Quando Abrão tinha noventa e nove anos de idade, apareceu-lhe o Senhor e lhe disse: Eu sou o Deus Todo Poderoso, anda na minha presença, e sê perfeito. Gênesis 17:1. A perfeição vem pela comunhão, pela entrega, pelo confiar diário Nele de todo nosso coração, sem nos estribarmos no nosso próprio entendimento, mas reconhecendo-O em todos os nossos caminhos, para que somente Ele endireite nossas veredas, e toda glória possa ser dada a Ele. Porque dele e por ele e para ele são todas as coisas. Glória, pois a ele eternamente. Amém! Romanos 11:36. Maurício Torres http://www.palavradacruz.com.br/