quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

FÉ OSTENTAÇÃO

Temos procurado analisar aqui o espírito da cruz, como o estilo cristão de vida. O que caracteriza a fé que uma pessoa tem em Cristo é a maneira efetiva como ela vive sob os efeitos da crucificação do ego com Cristo. Não mais eu, mas Cristo vive em mim.

Todos, na igreja, querem ser beneficiados com o poder da vida ressurrecta de Cristo, embora, poucos queiram receber os estigmas da cruz, em seu modo de ser. Mas, a vida que nasce da tumba, não se expressa, sem que a cruz extermine o velho Adão. É aqui que reside toda a eficácia do Evangelho: – não ser um exibido do seu cristianismo.

A fé alardeada é ostentação da crença. Ninguém pode viver sadiamente a vida cristã sob as luzes dos holofotes e os aplausos da plateia. Nada de espetáculo ou show. Tudo é discreto, nos bastidores, fora dos olhares curiosos e sem notoriedade.

Mesmo as atividades públicas, como a pregação, precisam contar com um sutil sequestro do pregador, realizado pelo Espírito Santo. Ainda que os pregadores estejam à frente da congregação, eles necessitam estar escondidos com Cristo em Deus. Todos os que foram chamados por Deus para o Seu ministério têm que sair de cena, para que só o Senhor seja totalmente visto através desses Seus instrumentos.

Cristianismo é Cristo vivendo no cristão. Não se trata de: "em seus passos que faria Jesus", mas da internalização da vida de Cristo naquele que já tenha sido crucificada com Cristo. Mas, tudo isto, é feito por Deus, de modo subjetivo, no íntimo dos Seus filhos.


Uma dessas realidades espirituais, fora do palco, é a vida de oração. Jesus foi explícito quando disse: quando você for orar, entra no seu quarto, fecha a porta e ora ao seu Pai que está em secreto e seu Pai, que vê em secreto vai lhe escutar e recompensar.  Fica claro que a oração é, antes de tudo, intimidade com Deus, sem testemunhas.

Aqueles que têm vida de comunhão com a Trindade, não têm a necessidade de expor o seu relacionamento íntimo para receber aprovação de terceiros. Nessa cabine de oração particular não cabe espiões ou vigias, nem mesmo se deve contar, para os outros, aquilo que foi comunicado como os segredos do coração penitente.

Os verdadeiros intercessores nunca publicam os seus hábitos de oração, muito menos, fazem striptease da sua intimidade para chamar a atenção. O espírito da cruz tem como princípio manter os crentes em Cristo cobertos pela vida de Cristo, enquanto levam o morrer de Jesus em seu estilo de viver. Não há exibição na vida de oração.

Mendiguinhos, se quisermos aprender a orar, tendo o espírito da cruz como um legitimador da nossa fé, nada pode ser mais importante do que o ostracismo. É só sair do foco das lentes da câmera e entremos na câmara do refúgio secreto com o Altíssimo. Não será possível uma vida de oração propagandeada.

Do velho mendigo do vale estreito,

Glênio Fonseca Paranaguá



sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

CRESCENDO EM MEIO ÀS TEMPESTADES


Abateu-se sobre o lago um forte vendaval, de modo que o barco estava sendo inundado, e eles corriam grande perigo. Os discípulos foram acordá-lo, clamando: “Mestre, Mestre, vamos morrer!” Ele se levantou e repreendeu o vento e a violência das águas; tudo se acalmou e ficou tranqüilo. “Onde está a sua fé?’’, perguntou ele aos seus discípulos. Lucas 8.22
Carlos é um cristão com um certo prestígio. Ele é o que podemos chamar de uma pessoa boa, moral e que procura fazer tudo certo. Paga as suas contas em dia, cuida da provisão da família e serve comprometidamente em sua comunidade de fé. Porém, em uma das suas maiores crises em seu contexto familiar, ele passou a questionar até mesmo suas mais profundas convicções cristãs. Foi em meio as pressões externas e internas que descobriu o quanto ainda havia em seu coração de religião e em seu modo de viver que não agradavam a Deus. Percebeu que não estava vivendo uma vida plena, de liberdade, alegria e amor em seu viver diário. Assim, foi ao passar pela tempestade que ele foi conduzido por Deus a ter uma nova percepção de si mesmo, de Deus e de sua fé.
“Certo dia Jesus disse aos seus discípulos: Vamos para o outro lado do lago”. Eles entraram no barco e partiram.” Lucas 8.22. O texto mostra que o próprio Senhor Jesus é quem conduz os seus discípulos a enfrentarem a enfrentarem as tempestades da vida para que eles possam ser redirecionados a adoração a Deus e a total confiança Nele mesmo. Como no caso de Carlos, há muitas pessoas que se denominam novos nascidos, mas que ainda vivem a partir de uma fé auto-centrada ao invés de uma fé centrada em Jesus Cristo. Muitos deles, já passaram pela experiência do novo nascimento, mas devido a imaturidade na fé continuam vivendo a partir do “modus operandi” baseado na dinâmica religião e não do Evangelho da graça.
É muito perigoso quando se pensa o Evangelho apenas como a porta pela qual entramos no cristianismo, algo que deixamos para traz enquanto crescemos espiritualmente. É preciso lembrar que a experiência crista é uma jornada de fé, na qual existem etapas e pontos de transição entre uma fase e outra. O objetivo de Deus é nos conduzir de fé em fé por meio do Evangelho, com o propósito final de nos fazer cada vez mais parecidos com Cristo Jesus.
O grande problema é uma falta de experiência do Evangelho na vida prática dos chamados cristãos. Tim Keller, afirma que diante do Evangelho da Graça não existe apenas dois posicionamentos como muitos imaginam, os religiosos, que submetem ao governo de Cristo, e os não-religiosos que se rebelam. Mas, na verdade existem três posicionamentos. Keller se fundamenta nos escritos de Martim Lutero e Jonathan Edwards para mostrar os três tipos de resposta ao evangelho: 1) Uma rejeição não religiosa a fé, 2) Uma resposta religiosa moralista e 3) Uma resposta baseada na fé e motivada pelo Evangelho da graça.
Quando estudamos os escritos de Paulo, a carta aos Romanos e a carta aos Gálatas, vemos que estas igrejas enfrentavam um conflito de espiritualidade. Dentro das igrejas haviam dois grupos: o grupo de judeus e o grupo de gentios convertidos ao Evangelho. O primeiro grupo buscava impor ao segundo uma espiritualidade que fosse mantida a base do esforço e do desempenho moral. “Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho”. Gálatas 1.6 e aos Romanos 1.16-17: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como esta escrito: o justo vivera pela fé.”. Em ambas as cartas, o apostolo Paulo aponta para Abraão, o pai da fé, como modelo de uma espiritualidade saudável e de entrega aos propósitos de Deus.
Um grande problema que pode ocorrer com todos aqueles que estão nesta jornada de fé se chama idolatria. Não se surpreenda, mas o oposto do Evangelho é a idolatria. Idolatria é adorar alguém ou alguma coisa mais do que a Deus, ou colocar estas pessoas ou coisas no lugar de Deus. Facilmente construímos os nossos bezerros de ouro. Quando adoramos alguém ou alguma coisa nos dedicamos o melhor do nosso tempo, da nossa energia, do nosso dinheiro, das nossas emoções e dos nossos pensamentos. Fazemos daquilo a nossa mais alta prioridade. Isso acontece porque somos adoradores por natureza, porém o pecado perverteu o objeto central da nossa adoração.
No caso de Carlos, os ídolos do seu coração eram segurança, conforto e aceitação. A base de sua fé ainda não estava baseada na sua união com Cristo e nem no Evangelho da graça, e sim, em seus próprios recursos naturais. Contudo, a crise que lhe sobreveio, foi um dos instrumentos divinos de re-orientação da sua fé e de suas convicções em relação a pessoa do Senhor Jesus Cristo como sua fonte total e completa.
DeVern Fromke em seu livro “Histórias que abrem A Janela Mais Ampla de Deus” escreveu que levou quarenta anos para entender o que tinha escrito na última página de sua Bíblia: “ Eu nunca soube que Ele era tudo que necessitava até que Ele se tornou tudo que eu possuía”. Ele admitiu que somente as realidades amargas da vida poderiam tê-lo forçado a conhecer Jesus mais e mais como sua Fonte. Para ele esse entendimento vem a ser um gradual alargar da nossa percepção (p.8). Como diz o salmista “…Todas as minhas fontes estão em Ti”. Salmo 87:7
A conclusão da narrativa em Lucas foi que os discípulos ficaram impressionados em ver o que Jesus pode fazer em meio às tempestades. Eles passaram a ver Jesus com novos olhos e a conhecê-lo mais profundamente em razão do Seu Poder e Glória. O medo se transforma em temor a Deus, pois perceberam que Jesus lhes garante a salvação e também segurança. “Amedrontados e admirados, eles perguntaram uns aos outros: “Quem é este que até aos ventos e as águas da ordens, e eles lhe obedecem?” Lucas 8.25. As tempestades nos fazem ficarmos admirados e a buscar a compreender cada vez mais a natureza do Cristo que nos chama para ser os seus discípulos.
As tempestades orquestradas e permitidas por Deus são ótimas para revelar o que realmente esta no coração dos Seus discípulos e de como estes necessitam de uma constante reorientação de fé quando o barco parece estar afundando. De acordo com esta narrativa bíblica, diante do medo e da incerteza, os discípulos buscaram o Mestre. “ O barco estava quase inundado, e eles corriam grande perigo. Os discípulos foram acordá-lo, clamando: Mestre, Mestre, vamos morrer”. Lucas 8.23-24.
O desespero e o medo tomaram conta dos discípulos, revelando o maior dos problemas: a incredulidade. Incredulidade em relação ao Evangelho continua sendo o grande mal do cristianismo em nossos dias. Martinho Lutero afirmava insistentemente que temos a tendência de facilmente deslizarmos para a religião, pensando e agindo de acordo com ela. Este problema impede o florescer da fé e a dependência da vida de Cristo e seu poder e senhorio.
Mas por que a religião é tão perigosa e danosa para o cristão e para o Reino de Deus? Primeiro, a religião diz que Deus não me ama até eu obedecer suas regras ao ponto de tornar merecedor do seu amor. Segundo, a religião diz que o mundo é cheio de pessoas boas e de pessoas mas, fazendo que julguemos aqueles que não pensam e agem segundo os nossos padrões . Terceiro, religião é acerca daquilo que você faz! Por causa disso, pessoas religiosas gostam de mostrar serviço, obediência e resultados. Quarto, a religião gosta de obter as coisas de Deus, como conforto, segurança e tranqüilidade. Quinto, religião não enxerga as pessoas, e assim não exerce misericórdia, compaixão e justiça. Sexto, a religião e está mais preocupada com punição do que com a restauração. Sétimo, a religião usa mecanismos de poder e controle sobre as pessoas, impedindo a sua individualidade e a manifestação do Espírito.
O Evangelho é radicalmente diferente da religião. Religião opera sobre o principio: “Eu obedeço, portanto, eu sou aceito” . O Evangelho opera sobre o principio: “Eu sou aceito por causa de Cristo, portanto, eu obedeço”. A falta de profundas convicções no Evangelho é a principal causa de fracasso espiritual, medo e orgulho.
A síntese do Evangelho se encontra I Coríntios 15.1-4. “Irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei, qual vocês receberam e no qual estão firmes. Por meio deste evangelho vocês são salvos, desde que se apeguem firmemente a palavra que lhes preguei; caso contrário, vocês tem crido em vão. Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dias, segundo as Escrituras.” I Coríntios 15.1-4. O Evangelho do começo ao fim trata da pessoa de Jesus Cristo, é tudo sobre Ele.
Mesmo a doutrina do novo nascimento não resume todo o Evangelho. O Evangelho e muito mais abrangente, e inclui a etapa do novo nascimento e o reconhecimento de Jesus como Salvador. Mas, também inclui a etapa do nosso crescimento e do reconhecimento de Jesus como Senhor. E por fim a inclui a etapa de rendição e confiança, onde respondemos pela graça em obediência a algo maior do que nos mesmos, ou seja, o propósito eterno de Deus em Cristo Jesus.
O evangelho não trata apenas com o problema do pecado individual mas também do pecado estrutural. Quando entendemos que somos salvos puramente por meio de Cristo, deixamos de buscar a nossa auto-salvação e controle das circunstâncias. Os salvos por Cristo não são os fortes e talentosos, mas aqueles que admitem que são fracos e vulneráveis. A obra realizada na cruz de Cristo, nos liberta da escravidão do poder das coisas materiais e do status valorizado pelo mundo. Este padrão cria uma comunidade de graça, que expressa Amor. “Vocês são a luz do mundo... Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que esta nos céus”. Mateus 5.14-16.
É por esta razão que o processo dinâmico e vivo do Evangelho deve permear cada etapa da jornada do cristão no Reino de Deus. O Evangelho não é algo que meramente precisamos proclamar para os não crentes, o Evangelho é a base para toda experiência cristã. Ás vezes ficamos parados ou enroscados em uma fase, então o Senhor nos conduz para dentro das tempestades para exercitar tudo o que não aprenderíamos em portos seguros ou em dias de sol.
No meio das tempestades o Senhor Jesus continua fazendo a mesma pergunta para nós: “Onde esta a sua fé?” Lucas 8:25. Ele apenas quer saber onde está depositada a sua fé. Lembre-se: Jesus está sempre presente nas tempestades. Ele se identifica conosco e nos conduz para onde Ele mesmo quer nós levar. Pois Nele se cumpre todas as promessas feitas por Deus para nós. “Na sua aflição, clamaram ao Senhor, e eles os tirou da tribulação em que se encontravam. Reduziu a tempestade a uma brisa e serenou as ondas. As ondas sossegaram, eles se alegraram, e Deus os guiou ao porto desejado.” Salmos 107:28-30. Não há tempestade que Ele não possa acalmar. Ele tem todo o poder e está no controle absoluto de tudo!   Julio Lucarevski

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

ESPÍRITO DA CRUZ - PAPO FURADO OU FATO APURADO

Viver como zero num mundo em que a ambição é ser como dez, constitui-se no milagre sem explicação. O pecado tem como proposta tornar-nos, cada um de nós, como Deus. Logo, viver sem qualquer expectativa de importância, sem levar-nos a nós mesmos a sério, é algo fora de série, extraordinário, espantoso, miraculoso. A anarquia caótica é exatamente a universalização dos absolutos. Você tem a mínima ideia do que seria esse planeta cheios de deuses soberanamente absolutos? É, exatamente isso, que o individualismo teomaníaco pretende estabelecer na terra. É absolutamente impossível vivermos neste mundo sem uma pitada, por menor que seja, de altivez. Não conheço um bebê, que já tenha alguma mobilidade, que não se aproprie dos seus direitos de notoriedade, buscando algum grau de exaltação. É, por isso, que fica sem chance alguém se desestimar, quando a autoestima é o padrão natural. Alguém estava comentado que certa pessoa tinha uma baixa auto estima. Para mim, isso é apenas o uso estratégico de se chamar a atenção de uma forma sutil. Não vi, ainda, um ser com baixa estima. O que vejo são soberbos se rastejando para consegui as suas migalhas de aceitação, usando esse expediente baixo. É cobra, cobrando o direito.
A única maneira de retirar o ser humano da passarela é matando. Calma! Não estou falando de assassinato. A morte aqui é compartilhada com Cristo. É a morte do réu, pecador, na mesma cruz com Cristo. É substituição da vida adâmica pela vida que nasce da tumba. É não mais o eu, mas Cristo vivendo em mim. Mas, é pena de morte pra todos. Contudo, isto não pode ser apenas uma doutrina. Não se trata de um conceito teológico ou uma idealização psicológica. Muitos de nós até pregam a mensagem da cruz, mas parece que não fomos pregados na cruz. Falamos bem convictos da co-crucificação e parecemos muito sinceros quando falamos, embora vivamos como se nada disso fosse verdade. Não se vê o espírito da cruz esculpido no nosso modo de viver. Ter a mensagem correta da cruz é imperioso na pregação do evangelho, porém isso na basta. O que caracteriza a autenticidade da mensagem é o espírito na cruz agindo no modo de viver do crente. Alguém me disse, eu não creio naquele sujeito quando prega. Tudo o que ele diz está totalmente certo, mas ele não vive o que prega, convivo com ele! Cristianismo autêntico não é sofisticado, é simples. Não é papo furado, é fato apurado no modo de viver de cada um de nós. A reputação é o que os outros pensam que nós somos; o caráter é o que Deus sabe que eu sou no escuro, quando ninguém me vê. Se Deus sabe quem sou e mesmo assim Ele me busca com o seu amor eterno, por que quero parecer o que não sou? Mendigos, nada é mais absurdo do que um amado por Deus querer ser amado, por seus méritos. No amor do Amado, do velho mendigo do vale estreito, Glenio Fonseca Paranaguá

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

LUZ #55 - LIBERDADE



CRISTO EM MIM.COM VOCÊ - 100 - ABUSOS ESPIRITUAIS


CAFÉ E FÉ - 70 - RIQUEZAS


O PROBLEMA DO MAL - Orientais, Secularistas e Cristãos, por Os Guinness, Ph.D


A SOBERANIA NO LIVRO DE DANIEL - 15


SEM PAZ COM DEUS NÃO HÁ PAZ NO MUNDO


IMAGENS DA GRAÇA


LUZ #54 - LENDO CRISTO NAS ESCRITURAS


CRISTO EM MIM.COM VOCÊ - 99 - POR QUE PRECISAMOS DO ESPÍRITO SANTO ?


CAFÉ E FÉ - 69 - POR QUE SER BOM NÃO É O SUFICIENTE