sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

MENTIROSO, FINGIDOR E HIPÓCRITA

Guy Fawkes mask hangs on wall at a factory in Sao Goncalo

Enquanto um pregador expunha sua mensagem, um ouvinte, que também era pregador e que discordava da abordagem do mensageiro, irritado com os argumentos que ouvia, pegou o seu celular e saiu colocando-o ao ouvido como se estivesse recebendo um chamado. Lá fora se disfarçou e comentou com alguém: – foi o jeito que achei para sair.
O irritado era um desses professores de Deus, crítico, dono da verdade e que tem o costume de chamar de mentirosos aqueles que discordam do seu jeitão. Então, um observador da cena que o conhecia bem, comentou: – isso também não é mentira???
Parecer o que não se é, é a mentira mais comum na passarela da existência. E ninguém, por mais legítimo que seja, encontra-se isento dessa camuflagem. Diz Fernando  Pessoa: “O poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente”. É o teatro do faz de conta que conta o que os fatos não contam.
O idoso canseiroso, reumático e dolorido responde ao amigo transeunte que o cumprimenta: – tudo bem! Sem se tocar que mente, mente – tudo bem… e sai sem graça. A mentira social e de bons costumes é aceita e pregada. É horrível dizer a pura verdade para quem quer saber apenas da aparência. Mas, mentira de santo é profanidade.
Condenar mentiras grosseiras e viver numa mentira polida, não isenta alguém de um maior juízo. O comentarista bíblico e expositor do século XVII, Matthew Henry foi preciso: “Nada ofende mais a Deus do que a fraude disfarçada nas relações pessoais.”
Um ídolo de madeira bem pintado é um ídolo de madeira. Um hipócrita vestido de santo é um hipócrita em sua maior dimensão. Satanás tem como seu disfarce preferido vestir-se de anjo de luz, mas isso não o torna num iluminado, apenas num ilusionista. Por trás de sua face angélica esconde-se sua carranca pavorosa de demônio.
Alguém já disse muito bem, que: “hipócrita é o homem que faz com que sua luz brilhe de tal forma diante dos outros, que eles não possam saber o que está acontecendo por trás dela!” Isso é a arte do ilusionismo; tem holofotes demais e holocausto de menos, isto é: há mais ilusão do que realidade, mais labaredas do que consagração.
O cara que sai com seu telefone, fingindo que recebeu uma chamada e precisa se retirar para atende-la fora, é tão corrupto e mentiroso como o político que desvia verba pública para a sua conta e conta que investiu em favor da comunidade. 
Mendigos, desonestos não são apenas os que comentem grandes crimes, mas os que fingem ser o que não são. Ladrões não são só os que roubaram o Petrobras, mas todos os que levam uma agulha escondida da loja. Mentirosos… são todos… Bem…  como bem disse o velho  Aristóteles: “Tudo o que alguém ganha com a falsidade é não receber o crédito quando fala a verdade.”  Glenio Fonseca Paranaguá