segunda-feira, 17 de março de 2014

GOTAS DE GENEROSIDADE XX

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É um fato surpreendente a generosidade dos pobres. Certo ex-indigente contou-me que é mais fácil receber solidariedade de gente pobre do que dos ricos. Quando ele pedia um prato de comida, os pobres sempre se mostravam mais prontos a repartir do pouco que tinham.
“Parece que os ricos têm medo de ficarem pobres”, ressaltou com ironia.
Um dos meus sobrinhos esteve no Nordeste numa época de Natal, quando sua barraca  foi assaltada nocamping. Sem lenços, nem documentos, sem dinheiro, teve que recorrer à ajuda de outras pessoas para poder sobreviver, até receber o suporte da família. Mas, quem lhe deu ajuda? Disse-me que nenhum rico se propôs a isso. Só os pobres.
Como vimos, em outra Migalha, os ricos realmente são muito pobres – só têm grana e muita ganância para ter ainda mais, enganando-se com a opulência. O pavor da miséria deixa o sujeito miserável, mesquinho, sovina, sonegando um trocado a quem precisa.
A vida na graça precisa nos libertar desse beco apertado por receio de vir à falência. O terror da penúria esmaga a alma no sufoco da possível escassez. Todos nós carecemos ser resgatados desse ego tímido, carente e careta que vive assombrado com o amanhã.
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Ninguém deve ser pródigo, esbanjando o que conseguiu com seu trabalho, sem quê nem pra quê, nesse consumismo atroz, todavia, não necessita viver como avaro com os bolsos costurados e lacrau no fundo, com medo de perder o que granjeou. Nada disso é saudável. Nem o pródigo, nem a pro-ditadura da avareza.
Segundo aquele ex-mendigo que conversei, os pobres parecem mais generosos do que os que só têm dinheiro. Para estes, temos a mensagem de alerta dada por Eugene Peterson em sua versão bíblica, A Mensagem:
Eles esbanjam doações aos pobres — uma generosidade que não tem fim. Uma vida honrada! Uma vida bela! Salmo 112:9.
Uma vida bonita é vivência que se importa com aqueles sem importância, que batem à porta, sem nada para cambiar neste mundo das trocas de favores. É ser generoso em gênero, número e grau com o carente que carece de cuidados. Mas não estou falando de fome zero onde o governo permuta as bolsas, sem alça, pelos votos alçados das massas sob os efeitos das manobradas políticas.
Jesus curou, certa vez, um homem de mão mirrada, mas muitos de nós precisamos ser curados da doença da mão amarrada, que nunca enfia no bolso para contribuir em favor da obra que precisa de cuidados especiais.
Mendiginhos, como dizia William Walsh,
“um ato generoso é sua própria recompensa.”
Não esperem a retribuição da generosidade. Os generosos se contentam, mesmo sem a menor compensação. Sejam alegres em participar da solução dos problemas dos menos favorecidos.
No amor do Amado,
do velho mendigo do vale estreito,Glenio.

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