A epístola de Judas fala de um julgamento contra os religiosos, e diz que: eles são resmungões, murmuradores e incontroláveis; gostam de contar vantagens, cheios de bajulação e interesse. Judas 16.
O sindicato da religião é pleno de direitos e são esses tais a causa de toda essa cultura da queixa. Os resmungões estão sempre insatisfeitos.
Ser um cristão e não viver contente é uma contradição. A felicidade dos salvos não significa a ausência de tribulações, mas a consciência de sua aceitação incondicional pelos méritos de Cristo, sendo, portanto, um amado, eleito por Deus. Isto é graça.
Normalmente, as pessoas que se queixam mais são as que mais dão motivos para as queixas. O coaxar é próprio de quem vive na lama, enquanto gorjear vem do alto, do topo das árvores. A murmuração é a linguagem baixa dos enlameados; o louvor é uma canção elevada de um coração agradecido, por uma tão grande salvação.
Conheço um “crente” que sempre que o encontro, sua cara está amassada e o seu discurso com mau hálito. Há, em sua fala, uma pitada de crítica e um gemido bem no fundo da sua alma inconformada, expressando o ranço do seu desgosto crônico.
A murmuração, por menor que seja, remove da cabeça a coroa dos santos. Ser cristão é cantar na cadeia e louvar, mesmo quando tudo parece ser contrário à vida. Foi o sábio Thomás Watson quem disse: – nossa murmuração é música para o diabo. Quando o crente murmura, ele acaba dando um concerto distônico aos habitantes do inferno.
Se nós estamos crucificados com Cristo, uma coisa é certa: passamos por uma mudança de cultura. O que cultivávamos anteriormente, em nossa velha maneira de viver, foi substituída por uma nova mentalidade. A murmuração foi trocada pelo louvor, a queixa pela gratidão, a bajulação pelo incentivo e os interesses e vantagens por alegria de servir.
Alguém disse: “quem murmura, não louva; e quem louva, não acha tempo para murmurar”. Aqui está uma das evidências do espírito da cruz – adoração. Portanto, se sou adorador, não posso ser murmurador, pois um apaga o outro. É como a luz e as trevas, se uma entra, a outra sai. É impossível murmurar e adorar ao mesmo tempo.
O salvos foram salvos do pecado e não das provações e tribulações do mundo. Por isso, nada que não seja a glória da Trindade deve ocupar a agenda desses salvos. De tudo, o que mais me encanta em ver a biografia dos salvos, é a sua história de adoração. Se é a noite que faz as estrelas brilharem, são as provações que fazem a adoração, linda.
Mendigos, tanto quem murmura, quanto quem adora, podem ter iguais motivos. O mesmo sofrimento pode gerar gemido em um, e aleluia noutro. Tudo vai depender dos corações. Quem teve o seu coração trocado pela obra da cruz vai prorromper em louvor, enquanto o incrédulo, em murmuração. É isso.
Do velho mendigo da vale estreito,
Glenio Fonseca Paranaguá.
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